13/09/2022
2022Mostra EspecialJosé Mendes
Mostra Especial José Mendes 50 anos depois
Alguns dos títulos mais populares da cinematografia gaúcha foram lançados há 50 anos. Pára, Pedro! (1969), Não aperta Aparicio (1970) e A Morte não marca tempo (1973), protagonizados por um artista que marcou época: José Mendes. Para comemorar estes cinquentenários, a Cinemateca Paulo Amorim e sua Associação dos Amigos apresentam a MOSTRA ESPECIAL JOSÉ MENDES 50 ANOS DEPOIS, que reúne os três títulos.
Quando a vanera "Pára, Pedro!" foi lançada, no lado A de um compacto da gravadora Copacabana, José Mendes não esperava tanto sucesso. O ano era 1967 e ele rapidamente se tornou uma celebridade.
Confome reportagem na revista O Cruzeiro (28 out 1967), uma das versões da gênese da canção nasceu por causa de uma Kombi quebrada na estrada. "Numa excursão pelo sul, estavam viajando o José Mendes, seu parceiro Portela Delavy (coautor da música) e o repentista gaúcho Luís Müller, quando, de repente, a Kombi quebra. Show assumido na cidade próxima, pegaram um ônibus. Depois de quase uma hora de viagem, dois peões pegaram a discutir, e um deles, para acabar com a coisa, berrou para o outro:
– Ei, pára Pedro.
E resoluto:
– Pedro, pára!"
José Mendes vinha batalhando na carreira há tempos. Inclusive, já tinha gravado um LP, Passeando de pago em pago (Continental, 1962), usando o pseudônimo de Gaúcho Seresteiro. Nascido no distrito de Machadinho (município de Lagoa Vermelha), em 1939, José Mendes foi adotado aos 5 anos, depois da separação dos pais, e passou a viver com sua nova família em Esmeralda. Sua relação com a música começou na época do exército, em 1960: ele foi destacado para o 3º Batalhão Rodoviário de Vacaria e em Júlio de Castilhos se integrou ao trio Os Seresteiros do Pampa.
Depois do estrondoso sucesso de "Pára, Pedro!", veio o terceiro LP. Não aperta Aparicio também caiu nas graças do público e a canção homônima inspirou o título de um novo filme. Embalado pela fama, José Mendes se apresentou em programas de TV do eixo Rio-São Paulo, desfilou na Escola de Samba Unidos da Vila Isabel no carnaval de 1970, seus discos estouraram em Portugal e mandou músicas para a Suíça.
Ao todo, o músico lançou sete LPs. O oitavo, póstumo, foi uma reedição do primeiro, com a substituição de duas faixas por inéditas – uma delas é da trilha sonora de A Morte não marca tempo, seu terceiro filme. Há também músicas que não estão nestes discos. A relação com o cinema foi tanta que um dos álbuns se chamou Mocinho do cinema gaúcho.
José Mendes morreu aos 34 anos, em 15 de fevereiro de 1974, vítima de um acidente de carro na BR 471. Ele estava a caminho de Santa Vitória do Palmar, onde faria um show. Ele foi sepultado dois dias depois, ao lado do irmão Arthur, que estava ao volante. Faleceram também o acordeonista José da Silva, o Zequinha e José Norberto da Silva. Atualmente, seus restos mortais estão na cidade de Esmeralda, onde foi erguido o Memorial José Mendes (inaugurado em 21 de novembro de 2004), um prédio construído na forma de um violão e que reúne um vasto material sobre o artista. O responsável é Ajadil Costa, autor da única biografia do cantor: Pára, Pedro! – José Mendes – Vida & obra, lançada em 2002, com sucessivas reedições.
Glênio Póvoas e Mônica Kanitz – curadoria – Porto Alegre, setembro de 2022.
Sobre as cópias de exibição
Os negativos de Pára, Pedro! e Não aperta Aparicio foram localizados no Arquivo da produtora Leopoldis-Som, que foram telecinados a partir do acordo entre o Museu do Trabalho e a RBS TV. São dez rolos de negativos de imagem e dez rolos com os negativos de som correspondentes (Pedro) mais 11 rolos de imagem e 11 de som (Aparicio). Estes materiais não tinham sido sincronizados até esta iniciativa da Associação dos Amigos em parceria com o Museu do Trabalho e a RBS TV.
Nos anos 80, estes dois filmes foram lançados em VHS em versões bastante precárias, provavelmente feitas a partir de cópias desgastadas e não dos negativos. São estas versões em VHS que têm sido pirateadas em DVD e migradas para o YouTube.
A Mostra Especial José Mendes 50 anos depois será a primeira oportunidade, desde o lançamento dos filmes, em que o público terá a chance de ver o colorido vibrante (e tropicalista) de Pedro e Aparicio. Aliás, Pára, Pedro! é o primeiro longa gaúcho em cores. A Cinegráfica Leopoldis-Som chamou o mestre da fotografia, o húngaro Rodolfo Icsey, para realizar este trabalho belíssimo, que agora poderá ser apreciado por novos públicos.
Foram também descobertos no Arquivo duas preciosidades: os dois trailers destes filmes, com 4 minutos cada um.
A cópia de A Morte não marca tempo pertence ao seu produtor e fotógrafo Ivo Czamanski. Ainda não remasterizada, é bastante superior à desbotada e incompleta que circula no YouTube.
MOSTRA ESPECIAL JOSÉ MENDES 50 ANOS DEPOIS
Curadoria: Glênio Póvoas, Mônica Kanitz.
Proposta curatorial: Zeca Brito.
Agradecimentos especiais: Marcos Flávio Soares, Hugo Rodrigues, Adriana Sá, Dariano Bramatti, Debora Dalcin, Rosangela Angrizani, Abilene Silva, Ivo Czamanski, Rodrigo Figueiredo Nunes, Rodrigo de Jesus Silveira Ourique.
Montagem e sincronização de imagem e som dos trailers + Pára, Pedro! + Não aperta Aparicio: Jardel Machado Hermes.
Sala Eduardo Hirtz
13-15 set 2022, ter-qui, 19h
Entrada franca | Exibições únicas | Cópias remasterizadas
Convidados especiais: Maria Isabel, José Mendes Júnior, Ivo Czamanski.
13 set 2022 | ter | 19h
Trailer original
+ Pára, Pedro! | Pereira Dias
14 set 2022 | qua | 19h
Trailer original
+ Não aperta Aparicio | Pereira Dias
15 set 2022 | qui | 19h
A Morte não marca tempo | Pereira Dias
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