Mar inquieto (2016)
Brasil (RS-RJ)
Longa-metragem | Ficção
cor, 96 min
Companhia produtora: Sequência Cinema; Guedes Filmes; Verte Filmes; Cubo Filmes; FinalCode Engenharia Audiovisual
Primeira exibição: Porto Alegre (RS), Fantaspoa 12º Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre [13-29 maio], Cine Santander Cultural, 15 maio 2016, dom, 19h (comentada com diretor + Tiago Rezende)
Mar inquieto é o primeiro longa-metragem de Fernando Mantelli, o mais prolífico diretor de cinema fantástico no Rio Grande do Sul, com mais de uma dezena de créditos. Formado em Publicidade e Propaganda pela PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, tornou-se mestre em Escrita Criativa pela mesma instituição e atuou como professor do CRAV Curso de Realização Audiovisual da UNISINOS Universidade do Vale do Rio dos Sinos, entre 2005 e 2018. A carreira do realizador é marcada por dois momentos: no início, assumiu o gosto pelo exótico para prestar um tributo aos antigos filmes de horror que assistia na televisão, investindo em curtas-metragens que iam da fantasia (O Arco-íris mágico, 1984) à ficção científica (A Próxima geração, 1994). Após um período sabático, volta a filmar na metade dos anos 2000 e concentra-se num horror mais explícito, como em Quiropterofobia (2009) e O Poço do elevador (2015). Também dirige episódios de séries como Histórias extraordinárias, da RBS TV – fiel a seu estilo.
Os filmes do diretor são conhecidos pela preocupação com a atmosfera, fator que ajuda a criar um ambiente favorável para a eclosão de fenômenos sobrenaturais. Um de seus temas favoritos é o chamado horror humano, quando pessoas de carne e osso praticam maldades contra os seus semelhantes. Em depoimento ao pesquisador Rodrigo Figueiredo Nunes, Mantelli afirmou que se interessa pelo desenvolvimento de personagens, assim como por psicologia, querendo entender o que motiva ações violentas. Na sua opinião, um filme com horror humano nada mais é do que um bom filme de drama – adaptado às características do cinema de gênero, com a transformação de qualquer indivíduo num monstro real. Temas como a solidão, a misoginia, a violência urbana, o medo do desconhecido e a morte são recorrentes em sua filmografia.
Em Mar inquieto, ocorre uma mistura de vários gêneros, indo do suspense ao policial, num forte diálogo com o terror psicológico. A protagonista Anita é interpertada por Rita Guedes, musa do diretor, com quem já tinha trabalhado em Sintomas (2004). Anita é uma mulher de passado turbulento, viciada em drogas. É casada com um homem agressivo, que a maltrata, e também precisa lidar com os amigos dele, explosivos. O casal mora numa região litorânea tida como fantástica – por conta da suposta aparição de OVNIS (objetos voadores não-identificados). Há vários acontecimentos misteriosos no entorno, como a presença de estranhas vozes vindas do mar, assim como uma mitologia acerca de um demônio. A narrativa constrói uma visão sombria do ambiente praiano gaúcho, que dialoga com títulos como Pontal da Solidão (A. Ruschel, 1974), também rodado em Torres. Uma das cenas mais conhecidas e fortes é quando Anita come carne crua após um diagnóstico de gravidez – repetindo o que já havia acontecido em Sintomas.
Em entrevista para o jornal Zero Hora, Mantelli comentou que o orçamento total do projeto foi de 500 mil reais, sendo 400 de financiamento direto e 100 mil de um edital do Governo do Estado para finalização. As filmagens aconteceram no formato 4k, sendo que foi necessária a aquisição de vários HDs de 1 TB para armazenar o conteúdo – que totalizou 66 gigas em uma primeira versão. A estreia aconteceu no tradicional Fantaspoa Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre, mas o longa também passou em outro evento temático da capital gaúcha – a Mostra A Vingança dos Filmes B – antes de entrar para o catálogo do Canal Brasil.
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Sinopse
A dependente química Anita vive em uma praia abandonada, aterrorizada por seus próprios medos. Em um ambiente impregnado por lendas de ovnis, demônios e vozes que vem do mar, a maior ameaça para Anita parece estar em sua própria casa, na forma de Vitorino, seu marido e suposto porto seguro. Tomada por uma repentina e abrupta força interior, e jogada pelo destino em um novo estado de existência, ela parte em busca de sua liberdade. Porém, algumas manifestações do passado de Vitorino se mostram mais perigosas do que qualquer demônio.
Sinopse desenvolvida:
Uma pequena garotinha é levada até um centro de atendimento, em um hospital. Um homem recepciona a menina, perguntando se ela conhece uma praia que teria um oceano vivo: "Ele pensa e sabe o que a gente está pensando", afirma. Algum tempo depois, o mar aparece revolto, em um dia nublado. Anita, uma mulher na faixa de 30 anos, está na cozinha preparando um assado, e começa a passar mal após enxergar uma mosca na comida. Ela vomita. Uma amiga de Anita passa de carro na frente da casa dela, e sugere que ela vá até o centrinho do balneário, a fim de encontrar o marido (Vitorino), que estaria se envolvendo em confusão no bar Califórnia.
Anita vai até o local, e é desrespeitada pelos frequentadores, que tentam lhe pagar uma bebida. Ao negar o assédio, um cliente pergunta se ela não quer um pó, em referência ao uso de drogas. Posteriormente, em um flashback, Anita aparece vestida com outra roupa, mais sensual, em um outro estabelecimento. Bebe, fuma e usa drogas. Homens comentam que ela é uma "drogada doidona", que já teria sofrido até mesmo um aborto. Um deles tenta abordá-la para um desenlace afetivo, rejeitado por ela. Por conta desses desentendimentos na vida noturna, no passado e no presente, a protagonista lembra que já esteve internada em um hospital, sendo acolhida por Vitorino. Aparentemente, Vitorino se mostra um homem bom, que prometia ajudá-la no tratamento da dependência química, além de querer formar uma família.
No tempo presente, em uma farmácia, a comunidade local menciona estranhos acontecimentos: da aparição seguida de OVNIS (objetos voadores não identificados) ao fato de pouca gente estar morrendo na cidade – o que teria relação com o fato de um demônio "estar quieto". Uma menina também menciona "as vozes do mar". Já em sua casa, porém, Anita enfrenta outro tipo de problema: o comportamento abusivo do marido, que a maltrata e quer obrigá-la a fazer sexo – a despeito de ela referir estar menstruada. Vitorino também promove tortura psicológica, ao mencionar o fato de que já estão tentando ter um filho há bastante tempo, sem resultados. O sexo acontece, de forma bruta, com xingamentos e humilhações. No dia seguinte, Anita tenta ir embora da casa, dirigindo o carro do casal. Mas Vitorino impede a fuga, se fazendo de vítima e referindo os antigos planos em conjunto. Ela fica.
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Ficha técnica
ELENCO
Rita Guedes (Anita),
Miguel Lunardi (Hugo),
Áurea Baptista (Paula),
Daniel Bastreghi (Vitorino),
Marcos Contreras (Capanga).
Participação especial: Eri Johnson (Azevedo).
Ordem de entrada: Nelson Diniz (Homem no necrotério), Fernanda Carvalho Leite (Mãe de Anita), Natalia Kaefer Boff (Anita criança), Argemiro de Souza (Policial), Elissa Brito (Enfermeira), Patricia Soso (Farmacêutica), Girley Paes (Vovô), Carolina Abella Marques (Menina da farmácia), João França (Homem no bar), Pedro Nambuco (Barman), Rafael Tombini (Junkie 1), Leandro Lefa (Junkie 2), Roberto Salerno de Oliveira (Nereu), Thainá Gallo (Dançarina 1), Renata Zonatto (Dançarina 2), Fernando Sosa Montiel (Barman puteiro), Fernando Mantelli (Cafetão).
Vozes: Suka Rodriguez, Daniela Klein.
Figuração: Morgana da Rocha Matos, Franciele de Abreu Michele, Juliana Machado da Costa, Camila Machado Costa.
DIREÇÃO
Direção: Fernando Mantelli.
Assistência de direção: Elissa Brito, Tiago Rezende.
ROTEIRO
Roteiro: Tiago Rezende, Fernando Mantelli.
Storyboard: Gabriel Ferreira, Pomba Cláudia.
PRODUÇÃO
Produção associada: Rita Guedes, André Sittoni.
Direção de produção: Cintia Schmaedecke.
Assistência de produção: Gabriela Matte.
Produção de base: Renata Saraiva.
Produção de set: Tiago Kraemer, Emerson Figueiredo.
Alimentação: Fernando Sosa Montiel / Castija (Porto Alegre).
Empresa vans: Marcelo Maranzana.
Motoristas: Pedro, Marco Aurélio Pieluhowski, Pedro Luis Padilha, Alemão, Dona Vera, Ronaldo, Vilson Marques.
Caminhão e gerador: Beto Ramos.
Motoristas: Rogério Kubiachi Seidler, Vilson Marques.
Equipe 4x4: Valmir Cassola 'Mika', Fuca, Batista.
FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Juliano Lopes.
Primeira assistência de câmera: Luciana Baseggio.
Segunda assistência de câmera: Carolina Krebs.
Logger: Júlia Bezerra.
Eletricista chefe: Leonel Ruiz.
Assistência de elétrica: Diego Amorim Teixeira.
Maquinista: Bolivar Lauda.
ARTE
Direção de arte: Enio Ortiz.
Assistência de arte: Pauliana Becker.
Efeitos: Tiago Kraemer, Ricardo Ghiorzi.
Figurino: Marina Kerber.
Maquiagem e efeitos: Michelle Nunes.
SOM
Som direto: André Sittoni, Guto Keller, Lucas Pedroso.
MÚSICA
Música: Flu, Luciano Granja.
Músicas:
• "Bows & ribbons" (Nelo Johann) por Nelo Johann
• "Tsunami" (Alex Sernambi) por Alex Sernambi
• "Bad wine hangover" (Nelo Johann) por Nelo Johann
• "O Vácuo" (Bruno Sergio, Thiago Sombra, Thiago Verde, Rod Silva) por The Sylvias
• "Modliani" (Alex Sernambi) por Alex Sernambi
• "Chiken style" (O Lendário Chucrobillyman) por O Lendário Chucrobillyman
FINALIZAÇÃO
Montagem: Mauris Hansen.
Produção executiva de finalização: Tainá Rocha.
VFX: Roberto Valduga Junior.
Colorista: Mauris Hansen.
Desenho de som e edição de som: André Sittoni.
Mixagem: Roberto Migone.
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Câmera: Red One MX: Bio Multiestudio / Rubens Angelotti.
Luz e maquinaria: Apema Locação de Equipamentos de Produção Cinematográfica (Porto Alegre).
Cenotécnica: Fake Cenografia (Porto Alegre).
Estúdio de mixagem: SoundRec (Ciudad Autónoma de Buenos Aires).
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Sequência Cinema (Porto Alegre).
Coprodução: Guedes Filmes (Rio de Janeiro); Verte Filmes (Porto Alegre); Cubo Filmes (Porto Alegre); FinalCode Engenharia Audiovisual (São Leopoldo).
Financiamento (BR/RS): Edital SEDAC nº 39/2013: Concurso RS Polo Audiovisual – Finalização de longa-metragem. Pró-cultura RS Lei nº 13.490/2010 FAC Fundo de Apoio à Cultura. Realização: SEDAC Secretaria de Estado da Cultura, por intermédio da Diretoria da Economia da Cultura e do IECINE Instituto Estadual de Cinema do RS / Governo do Rio Grande do Sul. Proponente: Verte Filmes Ltda.. Valor: R$ 100.000,00.
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos (Porto Alegre): André Ricardo Milker, Apema Locação de Equipamentos de Produção Cinematográfica, Blue Tree Lucas de Oliveira, Dóris Laux Wiederkehr, Fernando Hart, Gabriel Faccini, Marcello Lima, Mari Moraga, Bar Ocidente, Simone Buttelli, UFRGS, Wandir Nunes de Almeida Filho, Zeppelin Filmes.
Agradecimentos (Torres): Corpo de Bombeiros de Torres, Fábio Luiz da Silva, Flávio Antônio da Silva, Juliana da Cunha Webber, Marina Torres.
Agradecimentos (Mostardas): Bar Renovação, dona Edna, Farmácia Scheffer, Hospital São Luiz, Pousada Pouso Alegre, Prefeitura Municipal de Mostardas, sr. Nadir.
FILMAGENS
Brasil / RS, em Porto Alegre; Torres; Mostardas.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:36:22
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela:
Formato de captação: 4k
Formato de exibição:
DIVULGAÇÃO
Assessoria de imprensa: Amanda Jansson.
DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa: 16 anos.
Distribuição: Lança Filmes (Porto Alegre).
Contato: Fernando Mantelli.
OBSERVAÇÕES
Cf. créditos iniciais: // Copyright © 2015. Todos os direitos reservados. //
Grafias alternativas: Tiago Machado Kramer | Emerson Jone Silva Figueiredo | Luciana Weber Bassegio | Carolina Limeira Krebs | Leonel Gomez Ruiz | Bolivar Andrade Lauda | André Sitonni | Marina Teixeira Kerber | Roberto Salermo Oliveira | Gutto Keller | Lucas da Silva Pedroso | Nelo Johansen | Apema POA | Roberto Migomi | Roberto Ramos | Rogério Kubiachi Seidler 'Alemão' | Verte | Cubo Pós | Roberto Valduga | Gabriela Lopes Matte | Elissa Stein Naves de Brito | Vilson Marques e Wilson Marques 'Betão' | Simone Butelli
Grafias alternativas (funções): Chefe de elétrica | Efeitos VFX
BIBLIOGRAFIA
MANTELLI, Fernando. Feliz fim do mundo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2000. 128p. [contos] Primeira orelha: Léa Masina. Prefácio: Luiz Antonio de Assis Brasil.
MANTELLI, Fernando. Raiva nos raios de sol. Porto Alegre: Não Editora, 2008. [contos]
MANTELLI, Fernando. Confissões perdidas. Novo Hamburgo: O Grifo, ago 2022. 111p. [romance] Orelhas: Helena Terra.
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Exibições
• Porto Alegre (RS), Fantaspoa 12º Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre [13-29 maio], Cine Santander Cultural, 15, 17 maio 2016, dom, 19h (comentada com diretor + Tiago Rezende), ter, 17h
• Los Angeles, CA (US), LABRFF 9th Los Angeles Brazilian Film Festival [17-20 set]-Brazilian Feature Film Spotlight, Los Angeles Film School, 17 set 2016, sab, 17h
• Porto Alegre (RS), Mostra A Vingança dos Filmes B – Parte 6 [25-27, 29 nov-4 dez]-Sessão Dementia 1, Sala P. F. Gastal, 29 nov 2016, ter, 20h (pré-estreia)
• Porto Alegre (RS), Espaço Itaú de Cinema Bourbon Shopping Country,
29 jun-5 jul 2017, qui-qua, 14h30, 22h
6-12 jul 2017, qui-qua, 14h30, 18h
• São Paulo (SP), Caixa Belas Artes, 29 jun-5 jul 2017, qui-qua, 15h40
• São Paulo (SP), Espaço Itaú de Cinema Shopping Frei Caneca (R. Frei Caneca, 569, 3º piso, Consolação) Sala 6, 29 jun-5 jul 2017, qui-qua, 19h40
• Rio de Janeiro (RJ), Estação Net Rio (Botafogo) Sala 2, 29 jun-5 jul 2017, qui-qua, 21h
• Porto Alegre (RS), Mostra Pró-cultura RS [13-19 jul], Cinemateca Capitólio, 19 jul 2017, qua, 18h (bate-papo com diretor)
• Curitiba (PR), Cinemateca de Curitiba, 25-28, 30 jul-2 ago 2017, ter-sex, dom-qua, 16h
• Salvador (BA), Circuito Saladearte, Cine XIV,
28-30 jul 2017, sex-dom, 16h45
4-6 ago 2017, sex-dom, 15h
• Aracaju (SE), Cinema Vitória, 1º set 2017, sex, 18h (pré-estreia)
• Carpina (PE), Cinecar 1º Festival de Cinema de Carpina [21-26 maio]-Cerimônia de abertura, 21 maio 2018, seg, 19h (presença de Rita Guedes + Eri Johnson)