Eles vieram e roubaram sua alma (2016)
Brasil (RS)
Longa-metragem | Ficção
cor, 76 min
Companhia produtora: Filmes do Deserto; Sofá Verde Filmes
Primeira exibição: Curitiba (PR), Olhar de Cinema 5º Festival Internacional de Curitiba [8-16 jun]-Competitiva Longas-metragens, Espaço Itaú de Cinema Shopping Crystal (R. Comendador Araújo, 731, Piso L1, Batel) Sala 3, 11 jun 2016, sab, 21h30
Primeira exibição RS: Porto Alegre (RS), Sala P. F. Gastal, 10 dez 2016, sab, 19h (especial, debate com diretor)
Em 2013, o jornalista Marcelo Perrone entrevistou quatro jovens que se reuniam com frequência para conversar sobre cinema. A matéria, publicada no jornal Zero Hora, foi intitulada "grupo de jovens cinéfilos renova o prazer de discutir e escrever sobre filmes" com uma foto dos quatro: Daniel de Bem, Daiane Marcon, Leonardo Bomfim e Pedro Henrique Gomes. Os dois primeiros se tornaram realizadores, enquanto os dois últimos se aprofundaram na pesquisa e na crítica. No texto, Daniel opinava que os cursos da área estavam muito preocupados com a formação de profissionais para o mercado – sem dar muita atenção para a reflexão sobre o ofício. Já Daiane criticava a divisão entre "filmes que são puro entretenimento" e "filmes de arte", defendendo que "todo filme é de arte".
Eles vieram e roubaram sua alma é o longa-metragem de estreia da dupla Daniel de Bem e Daiane Marcon, e conta a história de alguém que dedica sua vida a fazer imagens. O protagonista é Mateus, um jovem na faixa dos 20 anos, que mora na região metropolitana de Porto Alegre, em um subúrbio. Munido de uma velha câmera VHS, o rapaz está obcecado com a produção de um filme, que já demandou uma grande quantidade de trabalho. Ele já captou cenas de pessoas, carros, ruas e paisagens vazias, mas está inseguro quanto à versão final do projeto. Há apenas um outro colaborador envolvido, um fiel amigo chamado Roberto, e o que se poderia chamar de um ator principal: Hiozer, que atua de forma não remunerada. Perguntado sobre uma sinopse básica de sua trama, Mateus responde: "É só um homem, se desfazendo, se desmanchando".
Um dos aspectos mais interessantes da produção é a postura de seu protagonista, que parece existir apenas em prol do audiovisual. Mateus mora sozinho, não alimenta vínculos familiares e, mesmo quando parece ter um interesse afetivo, utiliza uma câmera para se aproximar de seu alvo: a vizinha Aline, que topa aparecer no filme. Eles vieram e roubaram sua alma é o título do filme que está sendo produzido, e que possui alguns momentos projetados, com qualidade inferior de som e imagem, não sendo muito compreensível. Quando confrontado sobre o fato de que o seu roteiro não seria "suficiente", o protagonista responde com um palavrão, que é contraditado pelo amigo: "Onde o filme seria exibido? Apenas na internet? Quem iria querer assistir isso?".
O enredo levanta questões relevantes, como o debate sobre arte ou entretenimento, expresso pela diretora. O projeto que Mateus está tentando concluir pode ser considerado precário, já que utiliza uma tecnologia superada e é feito de modo amador – mas seria um modo de se fazer cinema, afinal. Embora possa não fazer sentido para muitas pessoas, talvez pudesse funcionar, ainda que apenas na cabeça de seu idealizador. As dificuldades na hora da filmagem reproduzem vários dilemas enfrentados pelos cineastas brasileiros, como falta de verbas, problemas de distribuição, ruído na comunicação com o público.
O diretor Daniel de Bem faz uma ponta, como o irmão de Mateus, logo no começo, sendo que as filmagens aconteceram em Sapucaia do Sul – a cidade natal do realizador. Lançado no festival Olhar de Cinema, em Curitiba, em 2016, recebeu dois troféus: melhor contribuição artística e menção especial do júri (prêmio Olhares Brasil). Também passou no tradicional Festival de Brasília, mas as exibições posteriores ficaram restritas a algumas sessões em mostras, sem lançamento comercial.
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Sinopse
[00:24:21] Eles vieram e roubaram sua alma
[00:37:55] Eles vieram e roubaram sua alma – Parte II
[01:03:07] Eles vieram e roubaram sua alma – Parte final
Sinopse desenvolvida:
Acompanhado de um colaborador, Mateus tem uma câmera na mão, e começa a circular por uma região de mata. Filma outro homem, que se posiciona de frente para o dispositivo. Mais tarde, em sua casa, Mateus utiliza programas de edição de vídeo para montar o material – além de jogar videogame. No dia seguinte, ele se desloca até uma lan house, a fim de continuar trabalhando. Em uma sala com diversos aparelhos (videocassetes, DVD players, fitas de vídeo), o rapaz segue produzindo, fazendo uma pequena pausa para observar uma moça deitada num sofá, dormindo.
Algum tempo depois, Mateus recebe a visita do irmão, que lhe pergunta sobre o andamento das atividades profissionais. Ouve, como resposta, que o setor é instável, e que pode haver um intervalo entre um serviço e outro. Mas Mateus afirma que gosta do que faz, e pode trabalhar de modo mais intenso por meses, para depois tirar um tempo para si. O irmão cobra a ausência dele na rotina familiar, uma vez que não liga para a mãe, nem vai a aniversários de parentes. A fim de dar uma resposta, Mateus mostra uma pintura sua, e pede que seja entregue para a mãe. Mas ele tem dificuldade em aceitar um dinheiro enviado pela progenitora, que o irmão acaba deixando em uma mesa próxima.
Em outro momento, Mateus sai para andar de carro com Roberto, um amigo mais velho. Roberto comenta que seus amigos estão se destacando em áreas relevantes (como o setor de Relações Internacionais) e que ele também gostaria de fazer algo importante. Mateus e Roberto estão reunidos novamente, em uma área verde, gravando cenas com Hiozer. Hiozer é orientado a seguir um roteiro pré-determinado de tarefas: mexer em uma folha, abrir os braços, sair correndo. Não é um bom dia para os trabalhos: Mateus está mal-humorado e reclama até mesmo de Roberto, cuja sombra está sendo captada pela lente da câmera. Hiozer, por sua vez, está impaciente porque as filmagens estão muito demoradas, e ele precisa ir embora. Para piorar, o sol está se pondo, e não há equipamentos necessários para realizar uma iluminação artificial. Uma discussão começa.
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Ficha técnica
ELENCO
Filipe Rossato (Mateus),
Renato Paredes (Roberto), Hiozer da Silva (Hiozer), Fernanda Feltes (Aline),
Michelle Dallas (Michele), Cris Eifler (Garota na festa),
Daniel de Bem (Irmão),
Augusto Nunes (Dono do estúdio), Isadora Lipp (Filha do dono do estúdio), Ivan Lemos, Gregory, Joninhas, Roberta Bazzo (Amigos no VHS), Marcelo Paz (Namorado de Aline).
DIREÇÃO
Direção: Daniel de Bem.
Codireção: Daiane Marcon.
ROTEIRO
Roteiro: Daniel de Bem, Daiane Marcon.
Tradução para inglês: Felipe Guarnieri.
Tradução para espanhol: Eleonora Loner.
PRODUÇÃO
Produção executiva: Alice Castiel, Daiane Marcon, Daniel de Bem, Lucas Cassales.
Produção: Daniel de Bem, Daiane Marcon.
Assistência de produção adicional: Laura Kleinpaul.
FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Daniel de Bem, Filipe Rossato.
Assistência de câmera adicional: Henrique Schaefer.
SOM
Som direto: Ivan Lemos, Marcos Lopes.
MÚSICA
Músicas originais:
• "Alma, tema do VHS" (Daniel de Bem)
• "Lápis de cor Pt. 1" (Daniel de Bem)
Produção e gravação: Daniel de Bem, Ivan Lemos.
Mixagem: Tiago Bello.
Músicas da festa:
• "One more tattoo" (Renan, Rodrigo, Ryan, Manoel, Lagarto) por Dr Hank
• "Seaside ballad" (Marcelo Moojen) por Mindgarden
FINALIZAÇÃO
Montagem: Germano de Oliveira, Daniel de Bem.
Coordenação de finalização: Alice Castiel, Lucas Cassales.
Colorista: Daiane Marcon.
Desenho de som e mixagem: Tiago Bello.
Edição de efeitos sonoros: Marcos Lopes.
Foley: Sérgio Guidoux, Ivan Lemos.
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Estúdio de edição de som e mixagem: Gogó Conteúdo Sonoro (Porto Alegre).
Estúdio de masterização: JLS Facilidades Sonoras (São Paulo).
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Filmes do Deserto; Sofá Verde Filmes (Porto Alegre).
Financiamento (BR/RS): Edital SEDAC nº 39/2013: Concurso RS Polo Audiovisual – Finalização de longa-metragem. Pró-cultura RS Lei nº 13.490/2010 FAC Fundo de Apoio à Cultura. Realização: SEDAC Secretaria de Estado da Cultura, por intermédio da Diretoria da Economia da Cultura e do IECINE Instituto Estadual de Cinema do RS / Governo do Rio Grande do Sul. Proponente: Sofá Verde Filmes. Valor: R$ 100.000,00.
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos: Marisa Candido, Brenda Candido de Bem, Vilma de Fraga Gomes, Jazon Rodrigues Flores, Augusto Nunes, Janete Nunes, Vinicius Perez, Marcio Reolon, Filipe Matzembacher, Samara Muller Felk, Thierry Boucher, Diego Candido, Bruno Carboni, Marcela Ilha Bordin, Rita Zart, Fernando Becker, Pedro Henrique Gomes, Gibran Vargas, João Gabriel de Queiroz, Carolina Marquis, Jonatas Rubert, Giba Assis Brasil, Ana Maria da Costa Gomes, Luis de Fraga Gomes, Mateus Almada, Richard Tavares, Giulia Góes, Tomaz Borges.
FILMAGENS
Brasil / RS, em Sapucaia do Sul.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:16:18
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela: 2.35
Formato de captação:
Formato de exibição:
Legendas (DVD): Español, english.
DIVULGAÇÃO
Arte do poster: Gabriel Pessoto.
Material gráfico: Andre Medeiros.
PREMIAÇÃO
• Olhar de Cinema 5º Festival Internacional de Cinema de Curitiba 2016: prêmio de contribuição artística + prêmio Olhares Brasil: menção especial do júri.
DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa: 14 anos.
DVD institucional: Autoração: 18 jan 2017.
DVD institucional disponível no IECINE.
Contato:
OBSERVAÇÕES
Cf. créditos finais: // Porto Alegre, 2016 //
Títulos alternativos: They came and stole his soul
Grafias alternativas: Sergio Kalil | Germano Teixeira | Marcela Bordin
Grafias alternativas (funções): Colorimetria
BIBLIOGRAFIA
Noticiário:
PERRONE, Marcelo. Grupo de jovens cinéfilos renova prazer de discutir e escrever sobre filmes. Zero Hora, Porto Alegre, 27 maio 2013.
[https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/noticia/2013/05/grupo-de-jovens-cinefilos-renova-prazer-de-discutir-e-escrever-sobre-filmes-4151047.html]
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Exibições
• Curitiba (PR), Olhar de Cinema 5º Festival Internacional de Curitiba [8-16 jun]-Competitiva Longas-metragens, Espaço Itaú de Cinema Shopping Crystal (R. Comendador Araújo, 731, Piso L1, Batel),
Sala 3, 11 jun 2016, sab, 21h30
Sala 2, 12 jun 2016, dom, 16h45
• Brasília (DF), Mostra Cinema Agora! [26-28 set]-49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro,
Cine Brasília, 26 set 2016, seg, 15h30
Cine Cultura Liberty Mall, 26 set 2016, seg, 21h
• Porto Alegre (RS), Sala P. F. Gastal, 10 dez 2016, sab, 19h (especial, debate com diretor)
• Porto Alegre (RS), Mostra Pró-cultura RS [13-19 jul], Cinemateca Capitólio, 15 jul 2017, sab, 18h
• Montevideo (UY), 3ª Semana da Cultura do Rio Grande Sul no Uruguai [22-28 out], Auditorio Nacional del Sodre-Sala Nelly Goitino, 25 out 2017, qua, 21h
• Lajeado (RS), Adentro Mostra Interiorana do Cinema Gaúcho [9-15 set], Sesc (R. Silva Jardim, 135, Centro), 11 set 2019, qua, 19h15 (+ Só sei que foi assim, Giovanna Muzzel, 2018)
• Três Passos (RS), Adentro Mostra Interiorana do Cinema Gaúcho [16-21 set], Cine Globo (Av. Júlio de Castilhos, 490, Centro), 20 set 2019, sex, 21h (+ Só sei que foi assim, Giovanna Muzzel, 2018)
• Caxias do Sul (RS), Adentro Mostra Interiorana do Cinema Gaúcho [16-18, 23-25 set], Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho (R. Luiz Antunes, 312, bairro Panazzolo), 25 set 2019, qua, 9h (+ Só sei que foi assim, Giovanna Muzzel, 2018; sessão escolar)
• Santa Maria (RS), Adentro Mostra Interiorana do Cinema Gaúcho [30 set-6 out], Prédio 67 da Universidade Federal de Santa Maria (Av. Roraima, 1000, Cidade Universitária, Camobi), 2 out 2019, qua, 19h (+ Só sei que foi assim, Giovanna Muzzel, 2018)
• Cachoeira do Sul (RS), Adentro Mostra Interiorana do Cinema Gaúcho [7 out-2 nov], Viveiro Cultural (R. Comendador Fontoura, 26, Centro), 21 out 2019, seg, 18h30 (+ Só sei que foi assim, Giovanna Muzzel, 2018)
• Pelotas (RS), Adentro Mostra Interiorana do Cinema Gaúcho [21-25 out], UFPel (R. Gomes Carneiro, 1, Centro), 22 out 2019, ter, 19h (+ Só sei que foi assim, Giovanna Muzzel, 2018)
• Santa Rosa (RS), Adentro Mostra Interiorana do Cinema Gaúcho [28 out-2 nov], Cine Globo (R. Buenos Aires, 937, Centro), 28 out 2019, seg, 19h (+ Só sei que foi assim, Giovanna Muzzel, 2018; comentada)