Um Certo capitão Rodrigo (1971)
Brasil (SP)
Longa-metragem | Ficção
35 mm, cor, 104 min
Companhia produtora: Cia. Cinematográfica Vera Cruz
Primeira exibição: Porto Alegre (RS), Victoria, 31 maio 1971, seg + circuito
Em seu quinto longa-metragem como diretor, Anselmo Duarte se dedicou a uma das mais famosas histórias da literatura nacional: aquela que envolve o Capitão Rodrigo Cambará, maior herói da trilogia gaúcha O Tempo e o vento, de Erico Verissimo (lançada entre 1949 e 1962). Rodrigo Cambará é casado com Bibiana Terra, filha de Pedro Terra, que, por sua vez, é filho de Ana Terra com Pedro Missioneiro. Como a passagem sobre Ana Terra, Um Certo capitão Rodrigo refere-se a um dos segmentos do livro "O Continente", que integra a trilogia O Tempo e o vento ao lado de "O Retrato" e "O Arquipélago". O "continente" faz referência ao "Continente do Rio Grande de São Pedro do Sul", um dos nomes atribuídos à terra gaúcha ao longo de sua história. Para cinema, a adaptação da história de capitão Rodrigo estava nos planos da Vera Cruz desde 1952, na primeira fase de produção da companhia, então sob o controle de Franco Zampari e Alberto Cavalcanti. No mesmo estúdio, sob a marca da Brasil Filme, surgiu uma adaptação de outro episódio de "O Continente": O Sobrado (W. G. Durst, C. G. Mendes, 1956).
No filme de Anselmo Duarte, foram Leopoldo Serran e Geraldo Queiroz que propuseram a versão cinematográfica da obra de Verissimo. O roteiro final é assinado por Duarte que, na direção geral, obteve assistência de Mauricio Miguel e do gaúcho Antonio Jesus Pfeil, autor de nove curtas-metragens realizados no RS entre 1973 e 1985. No elenco de Um Certo capitão Rodrigo, Francisco Di Franco interpreta o personagem que dá nome à trama, Newton Prado fica com o papel do coronel Ricardo Amaral, Elza de Castro vive Bibiana, Alvaro Pereira é o Padre Lara e o tradicionalista gaúcho Paixão Côrtes atua como Pedro Terra. O longa representa aspectos típicos do gaúcho, desde a cultura musical até a determinação quanto à defesa da terra. Locações, cenários, figurinos, sotaque, costumes, todos os detalhes determinam uma época e revelam personagens típicos de um enredo épico. Porém, a crítica apontou para cenas e situações repetitivas, sequências de lutas e batalhas mal executadas e para a contextualização apressada do contexto da Revolução Farroupilha, o que prejudicaria a compreensão da própria figura de Rodrigo. A narrativa se apóia neste personagem a um só tempo heróico e fanfarrão, patriota e anárquico, respeitador e debochado, interpretado com desenvoltura por Di Franco. Há ênfase nas conquistas amorosas de Rodrigo: Bibiana, a esposa; a filha de imigrantes alemães, Helga; a índia; e a mulher do taverneiro.
Com música de Rogério Duprat, o longa teve filmagens em Santo Amaro do Sul, General Câmara, Triunfo e Santa Maria, obtendo exibições em salas de cinema em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Niterói, Petrópolis, Recife e Olinda. Após conquistar o Troféu Ferradura de Ouro, em São Paulo, 1971, integrou a grade de programação da TV Globo (1980, 1981) e da TV Cultura e Arte (2002).
Para a TV, são várias as adaptações de O Tempo e o vento. A primeira é a novela de Teixeira Filho, exibida pela TV Excelsior entre julho de 1967 e março de 1968, com Carlos Zara (capitão Rodrigo) e Geórgia Gomide (Ana Terra). A segunda, a minissérie dirigida por Paulo José, com roteiro de Doc Comparato e colaboração de Regina Braga, com locações no Rio Grande do Sul, exibida pela TV Globo de 22 de abril a 31 de maio de 1985, com Tarcísio Meira (capitão Rodrigo) e Glória Pires (Ana Terra). A terceira, uma versão extendida do filme homônimo (J. Monjardim, 2013), desta vez com Thiago Lacerda (capitão Rodrigo) e Cleo (Ana Terra).
No mesmo ano de 1971 em que Um Certo capitão Rodrigo chegou aos cinemas, outra passagem de "O Continente" também foi adaptada: Ana Terra (D. Garcia).
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Sinopse
Rio Grande do Sul, século XVIII. Rodrigo Cambará é um homem valente, desprendido e viril, amante do perigo, da aventura e das mulheres. Meio civil e meio militar, acaba de regressar de uma campanha contra castelhanos na fronteira com a banda Oriental (Uruguai). Chegando à localidade de Santa Fé, percebe que o coronel Ricardo Amaral domina o local.
A personalidade extrovertida de Rodrigo perturba a vida provinciana do lugar. O padre Lara, pároco de Santa Fé, aconselha Rodrigo a deixar a cidade, mas isto só serve para estimular Rodrigo a fincar pé. Os dois se tornam amigos. O padre Lara sugere que Rodrigo converse com Ricardo Amaral. Rodrigo aceita. De cara, o capitão enfrenta o coronel na casa dele. O coronel Ricardo o desafia para um duelo, mas Rodrigo consegue evitar o confronto. Ainda assim, o coronel se mostra avesso ao forasteiro, denunciando seu lenço vermelho como uma afronta a ele. Os revolucionários farroupilhas (maragatos, de lenço vermelho), alinhados a Bento Gonçalves, que buscava a independência da província do Rio Grande do Sul do Império do Brasil (eram separatistas republicanos), opunham-se às elites alinhadas ao governo imperial do Brasil (chimangos, caramurus, legalistas, de lenço branco, usado por Amaral). O coronel Amaral não admite a presença de Rodrigo na cidade, mas decide ficar a qualquer custo.
Depois de um quase desentendimento entre Rodrigo e Juvenal, filho do velho Pedro Terra, ambos se aproximam. Rodrigo apaixona-se pela irmã do amigo, Bibiana, filha de Pedro. O amor é correspondido, mas ela está prometida para Bento, filho do coronel Amaral. Enciumado, Bento provoca Rodrigo em uma festa. Eles duelam. Rodrigo vence, mas se fere. Recuperado, casa-se com Bibiana. Nasce Bolivar, o primeiro filho de Cambará. O temperamento aventureiro de Rodrigo o faz sentir saudades da vida em liberdade. Ele parte. Na vila do Rio Pardo, toma partido dos brasileiros humilhados e explorados pelos caramurus, como eram chamados os portugueses. O conflito entre os legalistas (as forças do governo) e os farroupilhas (os brasileiros do Sul) recrudesce. Rodrigo lidera os farroupilhas defrontando-se em Santa Fé com as do coronel.
Seleção de cenas (cf. DVD): 01. Apresentação. 02. O confronto. 03. O cemitério. 04. No bar. 05. Conversando com o padre. 06. A grande aposta. 07. O desafio. 08. Casamento. 09. Partindo em busca de suprimentos. 10. Duelo final.
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Ficha técnica
ELENCO
Francisco Di Franco (Capitão Rodrigo),
Newton Prado (coronel Ricardo Amaral), Elza de Castro (Bibiana),
Alvaro Pereira (Padre Lara), Paixão Côrtes (Pedro Terra), Ronaldo Teixeira (Juvenal Terra), Sonia Dutra (Paula),
Paulo Bresolim (Bento Amaral), Anita Esbano (Arminda Terra), Nilo dos Santos (Indio Viejo), Pedro Machado (Amigo), Carlos Castilhos (Quirino),
J. C. Levino (Nicolau), Alexandra Maria (Maruca), Anita Otero (Índia Velha), Iná Vargas (Índia Moça), Catarina Klein (Lúcia),
Pepita Rodrigues (Helga Kuntz).
Não creditado: Rosier (Noivo alemão).
DIREÇÃO
Direção: Anselmo Duarte.
Assistência de direção: Antonio Jesus Pfeil, Mauricio Miguel.
ROTEIRO
Extraído da obra O Tempo e o vento de Erico Verissimo.
Versão cinematográfica: Leopoldo Serran, Geraldo Queiroz.
Roteiro: Anselmo Duarte.
PRODUÇÃO
Produção: William Khouri.
Produção executiva: Alvaro Domingues.
Supervisão de produção: Arthur Conceição, Alfio Mana.
FOTOGRAFIA
Direção de fotografia e operação de câmera: Alberto Attili.
Assistência de câmera: Pedro Torloni.
Equipe B: Marcial Fraga, Peter Overbeck.
Eletricistas: Antonio Milan, Jailton Pereira.
Fotografia de cena: José Amaral.
ARTE
Cenografia: Anselmo Duarte.
Figurino e decoração: Luiz Celso Gomes Hyarup.
Trajes masculinos: Guaspari.
Trajes femininos: Rosier.
Consultoria de tradição, costumes, danças e equitação: Paixão Côrtes, Carlos Castilhos.
MÚSICA
Música: Rogério Duprat.
Músicas: Airton Pimentel, Haroldo Masi e canto por Leopoldo Rassier.
Músicas (não creditadas, cf. ordem do LP):
• "Tema de abertura" (Rogério Duprat) por Orquestra, regência: Rogério Duprat
• "Marcha dos alemães" (Rogério Duprat) por Orquestra, regência: Rogério Duprat
• "Marcha dos caramurus" (Rogério Duprat) por Orquestra, regência: Rogério Duprat
• "Fantasia gaúcha" (sobre temas "Prenda minha" e "Boi Barroso"; adaptação: Rogério Duprat) por Orquestra, regência: Rogério Duprat
• "Uma Certa bela dama" (Airton Pimentel) por Nelson Romulo Piazza com Regional
• "Não espalha" (Airton Pimentel) por Nelson Romulo Piazza com Regional
• "Modinha do bem querer" (Airton Pimentel) por Nelson Romulo Piazza com Regional
• "Do índio velho sem governo" (Airton Pimentel) por Nelson Romulo Piazza com Regional
• "Chinas do banhado" (Airton Pimentel) por Nelson Romulo Piazza com Regional
• "Chimarrita balão" (música, letra: tema popular recolhido e adaptado por Barbosa Lessa e Paixão Côrtes; dança gaúcha)
FINALIZAÇÃO
Montagem: Lúcio Braun.
Engenheiros de som (R.C.A.): Antonio Vitale, Raul Nanni / Estúdios Vera Cruz (São Bernardo do Campo, SP).
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Película: Kodak Eastmancolor.
Laboratório de imagem: Rex Filme (São Paulo).
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Cia. Cinematográfica Vera Cruz (São Paulo).
Coprodução associada: United Artists of Brasil Inc.; Kamera Filmes Ltda..
Financiamento: Parcialmente financiado com recursos liberados pelo INC Instituto Nacional do Cinema.
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos: A realização técnica deste filme foi possível graças à cooperação obtida no Rio Grande do Sul: Exército Brasileiro, Comando do III Exército [atual Comando Militar do Sul], Comando do Arsenal de Guerra (General Câmara), Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Secretaria Estadual de Turismo, Comando da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros de Porto Alegre, CEEE Companhia Estadual de Energia Elétrica, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul, Museu Histórico de Rio Pardo, Centros de Tradições Gaúchas do Rio Grande do Sul, prefeituras e povo de General Câmara, Triunfo, Santa Maria e Santo Amaro do Sul.
FILMAGENS
Brasil / RS, em Santo Amaro do Sul, distrito do município de General Câmara, e em General Câmara, Triunfo, Santa Maria.
Período: a partir de 27 de maio de 1970.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:44:17 (DVD)
Metragem: 3.115 metros
Número de rolos:
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela: 1.33
Formato de captação: 35 mm
Formatos de exibição: 35 mm
DIVULGAÇÃO
Cartaz: 112 x 76 cm. Desenho: Benicio. Exemplar na Cinemateca Brasileira.
DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa: 18 anos / Livre (DVD).
VHS: Rio de Janeiro: Globo, s.d.; capa reproduz cartaz original.
DVD: Distribuição: Cinemagia C6096. Autoração: 25 jun 2004. Extras. Sem encarte.
Distribuição: Cinedistri.
Contato: Cinemateca Brasileira.
EXTRAS DVD
• Anselmo Duarte – Filmografia, como ator e diretor (telas).
• Lançamentos Cinemagia.
PREMIAÇÃO
• Troféu Ferradura de Ouro, São Paulo, 1971.
OBSERVAÇÕES
Quinto longa-metragem de Anselmo Duarte como diretor.
Custo: Cr$ 1.000.000,00.
Renda de maio de 1971 a dezembro de 1973: Cr$ 1.319.793,06 com 729.174 espectadores.
Prêmio Adicional de Qualidade, INC, 1971
Cartaz reproduzido em cor, IN: JUNIOR, 2006, p.123.
Complementação aos créditos: Correio do Povo, Porto Alegre, 24 fev 1970 acrescenta que estão trabalhando Adalberto Braga e Alpheu Godinho. // KOHLS especifica: Assistência de produção: Alpheu Godinho.
Os títulos das músicas não estão creditados.
SINGH JR. acrescenta: "p.117".
Para cinema, a adaptação estava nos planos da Vera Cruz desde 1952, na primeira fase de produção dessa empresa, então sob o controle de Franco Zampari e Alberto Cavalcanti; no mesmo estúdio, sob a marca da Brasil Filme, surgiu uma adaptação de outro episódio de O Continente: O Sobrado (W. G. Durst, C. G. Mendes, 1956). Ao mesmo tempo que este Um Certo capitão Rodrigo, foi levada à tela pela Vera Cruz outra passagem de O Continente, Ana Terra (1971). Outro filme é O Tempo e o vento (J. Monjardim, 2013).
A primeira obra de Erico Verissimo levada ao cinema é Olhai os lírios do campo, em produção argentina: Mirad los lirios del campo (Ernesto Arancibia, 1947).
A primeira adaptação para TV de O Tempo e o vento foi a novela de Teixeira Filho de título homônimo exibida pela TV Excelsior entre julho de 1967 e março de 1968 com Carlos Zara (capitão Rodrigo), Geórgia Gomide (Ana Terra) entre outros.
A segunda adaptação foi a minissérie de Doc Comparato com colaboração de Regina Braga e direção de Paulo José, com locações no Rio Grande do Sul, exibida pela TV Globo de 22 de abril a 31 de maio de 1985 com Tarcísio Meira (capitão Rodrigo), Glória Pires (Ana Terra) entre outros.
Grafias alternativas: Lucio Braum | Carlos Castilho | Luiz Celso Hyarup | Jesus Pfeil (cf. créditos)
DISCOGRAFIA
LP: Um Certo Capitão Rodrigo – Trilha sonora original do filme. Ver: Discografia RS
BIBLIOGRAFIA
Erico Verissimo
VERISSIMO, Erico. O Tempo e o vento – O Continente. Porto Alegre: Globo, 1950. 639p. "Um Certo capitão Rodrigo", p.164-296.
Guia de filmes. Rio de Janeiro, maio-jun 1971, p.110-111, ano V, n.33, com reprodução de trechos de críticas de: PORT, PEREIRA, AZEREDO e BECHERUCCI.
PAIVA, Salvyano Cavalcanti de. História ilustrada dos filmes brasileiros 1929-1988. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989, p.150.
Sobre Anselmo Duarte:
SINGH JR., Oséas. Adeus cinema: vida e obra de Anselmo Duarte, ator e cineasta mais premiado do cinema brasileiro. São Paulo, Massao Ohno, 1993, p.116-118; no apêndice, "anotações à margem do roteiro cinematográfico para Um Certo capitão Rodrigo", carta de Erico VERISSIMO, datada de 24 mar 1970, p.161-166; 7 fotos do filme.
MERTEN, Luiz Carlos. Anselmo Duarte – O homem da Palma de Ouro. São Paulo: Imprensa Oficial, 2004. 272p. il. (Coleção Aplauso Cinema Brasil)
MAGALHÃES, Cristina (org). Anselmo Duarte. Rio de Janeiro: Rio / Universidade Estácio de Sá, 2005. 110p. il. (Gente)
Noticiário:
Amadores premiados na equipe do Capitão. Correio do Povo, Porto Alegre, 24 fev 1970, Secções, p.12.
PORT, Pedro. Vem aí o Capitão Rodrigo, dirigido por Anselmo Duarte. Diário de Notícias, Porto Alegre, 1º mar 1970, 3º Caderno, p.7 [BN, p.23], ano XLVI, n.1.
Procura-se um certo Capitão Rodrigo. Diário de Notícias, Porto Alegre, 17 mar 1970, 2º Caderno, p.3 [BN, p.11], ano XLVI, n.14.
PORT, Pedro. Os primeiros passos do Capitão Rodrigo, dirigido por Anselmo Duarte. Diário de Notícias, Porto Alegre, 3 maio 1970, [BN, p.24], ano XLVI, n.52.
PORT, Pedro. Certo ator para Capitão Rodrigo, dirigido por Anselmo Duarte. Diário de Notícias, Porto Alegre, 31 maio 1970, 3º Caderno, p.5 [BN, p.21], ano XLVI, n.75.
Erico viu o tempo e o vento em Santo Amaro. Folha da Manhã, Porto Alegre, 19 jun 1970, p.37.
PRESSER, Décio. O romance terminou, mas o filme continua. Folha da Tarde, Porto Alegre, 4 ago 1970, p.47.
Na hora de fazer cinema o gaúcho colabora sempre. Correio do Povo, Porto Alegre, 8 ago 1970, Secções, p.11.
MERTEN, Luiz Carlos. Viagem ao país do tempo e o vento. Folha da Manhã, Porto Alegre, 8 ago 1970, p.32-33.
HERLEIN, Natálio. Está na fase final – Um certo Capitão Rodrigo, 1º filme em cores sobre o Rio G. do Sul antigo. Diário de Notícias, Porto Alegre, 16 ago 1970, 3º Caderno, p.2 [BN, p.18], ano XLVI, n.141.
GASTAL, P. F.. Um certo capitão Rodrigo. Folha da Tarde, Porto Alegre, 31 maio 1971, p.69, crítica reproduzida em Cadernos de cinema de P. F. Gastal, p.205-206.
BECKER, Tuio. Cinema ao sul. Jornal da Semana, Porto Alegre, 6 jun 1971.
BECKER, Tuio. Domingo no cinema. Jornal da Semana, Porto Alegre, 13 jun 1971.
Um certo filme de Anselmo Duarte. Correio do Povo, Porto Alegre, 19 jun 1971, Caderno de Sábado.
Um certo Anselmo Duarte. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20-21 jun 1971, Caderno B, p.7 [BN, p.71], ano LXXXI, n.63.
Anúncio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20-21 jun 1971, Caderno B, p.13 [BN, p.77], ano LXXXI, n.63.
Anúncio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27-28 jun 1971, Caderno B, p.13 [BN, p.81], ano LXXXI, n.69.
KOHLS, Vilnei. O cineasta Alpheu Ney Godinho e seu trabalho. Cidade Baixa, Porto Alegre, mar 1996, p.9, ano 4, n.42.
Crítica:
PORT, Pedro. Diário de Notícias, Porto Alegre, 3 jun 1971.
PEREIRA, Miguel. O Globo, Rio de Janeiro, 30 jun 1971.
AZEREDO, Ely. A segunda vida do capitão Rodrigo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 jul 1971, Caderno B, p.4 [BN, p.40], ano LXXXI, n.73.
BECHERUCCI, Bruna. Jornal da Tarde, 30 jul 1971.
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Exibições
• Porto Alegre (RS), Victoria + circuito,
31 maio 1971, seg
• Rio de Janeiro (RJ), Roxy,
24-30 jun 1971, qui-qua, 13h30, 15h40, 17h50, 20h, 22h10
1º-7 jul 1971, qui-qua, 13h30, 15h40, 17h50, 20h, 22h10
• Rio de Janeiro (RJ), Odeon,
15-21 jul 1971, qui-qua, 13h30, 15h40, 17h50, 20h, 22h10
22-28 jul 1971, qui-qua, 13h30, 15h40, 17h50, 20h, 22h10
29 jul-4 ago 1971, qui-qua, 13h30, 15h40, 17h50, 20h, 22h10
5-11 ago 1971, qui-qua, 13h30, 15h40, 17h50, 20h, 22h10
• Rio de Janeiro (RJ), Capri, 2-8 ago 1971, seg-dom, 13h30, 15h40, 17h50, 20h, 22h10
• Rio de Janeiro (RJ), Imperator, 9-15 ago 1971, seg-dom, 14h50, 17h, 19h10, 21h20 +? 16 ago, seg
• Niterói (RJ), Odeon, 9-15 ago 1971, seg-dom, 13h30, 15h40, 17h50, 20h, 22h10 +? 16 ago, seg
• Petrópolis (RJ), D. Pedro, 16-20 ago 1971, seg-sex, 15h, 17h10, 19h20, 21h30
• Recife (PE), Moderno, 27 fev-4 mar 1972, dom-sab, 12h50, 15h, 17h10, 19h20, 21h30
• Recife (PE), Ideal, 15-18 mar 1972, qua-sab, 18h20, 20h30
• Recife (PE), Eldorado (Afogados), 19-25 mar 1972, dom, 14h, 16h10, 18h20, 20h30, seg-sab, 18h20, 20h30
• Rio de Janeiro (RJ), Copacabana, 20-26 mar 1972, seg-dom, 17h50, 20h, 22h10
• Recife (PE), Albatroz (Casa Amarela), 10-14 abr 1972, seg-sex, 18h20, 20h30
• Recife (PE), Império (Água Fria), 30 jul-2 ago 1972, dom, 14h, 16h10, 18h20, 20h30, seg-qua, 18h20, 20h30
• Recife (PE), Brasil (Cordeiro), 6-9 ago 1972, dom, 14h, 16h10, 18h20, 20h30, seg-qua, 18h20, 20h30
• Olinda (PE), Duarte Coelho, 13-16 ago 1972, dom, 14h, 16h10, 18h20, 20h30, seg-qua, 18h20, 20h30
• Recife (PE), Torre (Torre), 20-24 ago 1972, dom, 16h10, 18h20, 20h30, seg-qui, 18h20, 20h30
• Recife (PE), Recife (Encruzilhada), 12, 13 nov 1972, dom, seg, 18h30, 20h30
• Recife (PE), Coliseu-Cinema de Arte (Estrada do Arraial-Casa Amarela), 2-4 set 1972, dom, 16h40, 18h50, 21h, seg, ter, 18h50, 21h
• TV Globo, Rio de Janeiro, 22 jun 1980, dom
• TV Globo, São Paulo: 29 jun 1980, dom
• TV Globo, Rio de Janeiro, 30 jul 1981, qui
• TV Cultura e Arte, 30 jun 2002, dom
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Arquivos especiais
Noticiário e crítica:
PORT, Pedro. Diário de Notícias, Porto Alegre, 3 jun 1971.
Evidentemente, há um sentido, um conteúdo revolucionário que Anselmo faz depreender da narrativa; o fato, por exemplo, de Rodrigo não encontrar a morte no final do filme é bastante significativo. Mas este sentido não justifica a carência de preocupação formal, que é o próprio filme. Penso, pessoalmente, que o cinema, além de divertir, carrega a responsabilidade de formar; e a forma não é outra coisa que o relacionamento entre o acabamento da obra e a atualidade sempre fluível do espectador. O erro, portanto, do filme de Anselmo reside no fato de não ter considerado essa relação, mas apenas a um de seus polos.
PEREIRA, Miguel. O Globo, Rio de Janeiro, 30 jun 1971.
Houve mesmo na adaptação cinematográfica a preocupação de acentuar e conservar os aspectos mais típicos do gaúcho. Ambientes, figurinos, linguagem, armas, enfim todos os detalhes que determinassem uma época e revelassem personagens identificáveis, figuram em Capitão Rodrigo. Porém, Anselmo Duarte não conseguiu transmitir a grandeza da epopéia de Verissimo. Certos episódios do filme beiram o gratuito, outros claramente colocados com o objetivo de composição de época e de caráter do personagem não encontram ressonância com o resto, repetindo situações definidas em outras cenas e nada acrescentando ao perfil ou ao ambiente. As sequências de batalhas e lutas, embora não cheguem à penúria completa, também não apresentam a dimensão grandiloquente ambicionada. Certamente não por culpa de Anselmo Duarte, cuja mise-en-scène é quase sempre correta, mas talvez pela excessiva ambição do projeto. O capitão Rodrigo passa, assim, a não merecer os epítetos que a todo o instante personagens secundários ou mesmo figurantes lhe atribuem durante o filme.
AZEREDO, Ely. A segunda vida do capitão Rodrigo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 jul 1971, Caderno B, p.4 [BN, p.40], ano LXXXI, n.73.
(...) Há somente fiapos episódicos da Revolução dos Farrapos, na trama do filme. Os poucos diálogos de informação são insuficientes para suprir aquela lacuna, que impede a visão do personagem em um contexto maior, capaz de completar historicamente essa figura mítica de ficção, a de "um homem que ama a liberdade e luta por ela", "sempre uma figura que os tiranos detestam e temem". O filme se apóia quase todo nesse personagem a um só tempo heróico e fanfarrão, patriota e anárquico, e dá ênfase especial às suas conquistas amorosas: Bibiana, a esposa; a filha de imigrantes alemães, Helga; a índia; a mulher do taverneiro.
Anselmo Duarte reafirma sua força na direção de filmes do gênero, embora preso a um roteiro que não lhe oferece a agilidade de western de Quelé do Pajeú. Francisco Di Franco em sua melhor oportunidade no cinema, está muito à vontade e enfrenta com paixão todas as exigências de caracterização e violenta ação do papel. Sobretudo, Um Certo capitão Rodrigo expõe um grande esforço de produção: reconstituição de época, movimentação de massas, pesquisa de costumes, músicas e danças folclóricas e uma dialogação regional de grande colorido.
BECHERUCCI, Bruna. Jornal da Tarde, 30 jul 1971.
Talvez Anselmo Duarte tenha se afastado de propósito da linha pura do conto – porque um escritor do nível de Verissimo e as suas elegâncias de estilo não podem ser reproduzidos fielmente na tela. Por isso, Anselmo Duarte adotou um tom de leve zombaria, cuidou meticulosamente dos figurinos, do cenário, da fotografia, e conseguiu fazer um filme agradável, sobretudo por certas ingenuidades sofisticadas e seu pitoresco. Do pitoresco talvez Anselmo Duarte tenha abusado um pouco (mas isso sempre ajuda), chegando a criar imagens do tipo pintura naive ou grotesca, de circo, à Fellini. Esses abusos, porém, não prejudicam o filme como o prejudicam certos "sonhos" eróticos do capitão – não porque sejam audaciosos, mas porque parecem oleografias de mau gosto. O que Anselmo Duarte soube guardar durante toda a história: aquele humor quase imperceptível, que não leva a sério nada, ninguém.