Nakle – Elemento fogo (2014)
Brasil (RS)
Longa-metragem | Não ficção
cor, 71 min
Companhia produtora: Zarabatana Filmes
Primeira exibição: Porto Alegre (RS), Guion Cinemas, 9 dez 2014, qui, 21h
Na abertura da exposição Nakle – Elemento fogo, do escultor Gustavo Nakle, é exibido em pré-estreia o documentário de título homônimo, dirigido por Pia Azevedo e João Divino. A exposição foi no Guion Arte e a exibição no Guion Cinemas (espaços fechados em 2021). É o primeiro longa dos dois, egressos do TECCINE, o curso de cinema da PUCRS. Eles acumularam todas as funções, com exceção da finalização de som, a cargo de Bunker Sound Design (leia-se Augusto Stern e Fernando Efron, não creditados).
Nakle – Elemento fogo é um longo depoimento do artista nascido em Montevideo em 1951. Conforme letreiros finais, "Gustavo Nakle fez sua primeira exposição individual aos 21 anos no Subte de Montevideo, Uruguai. Radicado em Porto Alegre desde 1972, fundou com Maria Tomaselli, Wilson Cavalcanti e Beth Nunez o Mercadão das Artes. Desde o término do Mercadão, mantém uma contínua produção artística com diversas exposições individuais e produção de monumentos públicos. Algumas das suas principais exposições foram para: o Stedelijk Museum [em Amsterdam], na Holanda, a Fundação Gulbenkian [em Lisboa], em Portugal, o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e o Museo Juan Manuel Blanes [em Montevideo], no Uruguai. Participou da 19ª Bienal de São Paulo, no Brasil e da 3ª Bienal de Havana, em Cuba".
Nakle pesquisa materiais como resina, bronze, tinta automotiva, acrílica e cerâmica, e vidro. É conhecido por moldar com fogo boa parte de seus trabalhos. Em diversos momentos a câmera detém-se no processo de criação e execução das obras.
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Ficha técnica
IDENTIDADES
Gustavo Nakle.
DIREÇÃO
Direção: Pia Azevedo, João Divino.
ROTEIRO
Roteiro: Pia Azevedo, João Divino.
PRODUÇÃO
Produção executiva: Pia Azevedo, João Divino.
FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Pia Azevedo, João Divino.
SOM
Captação de som: Pia Azevedo, João Divino.
MÚSICA
Direção musical: Pia Azevedo, João Divino.
Músicas:
• "Les Crocodiles mangent aussi les bonshommes wizzards" (Circus Marcus) por Circus Marcus //
[http://freemusicarchive.org/music/circusmarcus/In_Orbitas/Circus Marcus-In Orbitas-06 Les Crocodiles mangent aussi les bonshommes wizzards / freemusicarchive.org under CC BY NC creativecommons.org/licenses/]
• "Aux puces nº 6 La Flor de Olmedo" (Circus Marcus) por Circus Marcus //
[http://freemusicarchive.org/music/circusmarcus/In_Orbitas/Circus Marcus-In Orbitas-07 La Flor de Olmedo / freemusicarchive.org under CC BY NC creativecommons.org/licenses/]
• "There's probably no time" (Chris Zabriskie) por Chris Zabriskie //
[http://freemusicarchive.org/music/Chris Zabrieski/ Undercover Vampire Policeman/03 There's probably no time 1643 / freemusicarchive.org under CC BY NC creativecommons.org/licenses/]
• "Planta baja" (Tres Tristes Tangos) por Tres Tristes Tangos //
[http://freemusicarchive.org/music/ Tres Tristes Tangos/-/Planta Baja / freemusicarchive.org under CC BY NC SA creativecommons.org/licenses/]
• "The 49th Street Galleria" (Chris Zabriskie) por Chris Zabriskie //
[http://freemusicarchive.org/music/Chris Zabrieski/ Undercover Vampire Policeman/03 The 49th Street Galleria 1620 / freemusicarchive.org under CC BY creativecommons.org/licenses/]
• "The Temperature of the air on the bow of the Kaleetan" (Chris Zabriskie) por Chris Zabriskie //
[http://freemusicarchive.org/music/Chris Zabrieski/ Undercover Vampire Policeman/01 The Temperature of the air on the bow of the Kaleetan 1165 / freemusicarchive.org under CC BY creativecommons.org/licenses/]
• "Ojos negros" (Tres Tristes Tangos) por Tres Tristes Tangos //
[http://freemusicarchive.org/music/ Tres Tristes Tangos/-/Ojos Negros / freemusicarchive.org under CC BY NC SA creativecommons.org/licenses/]
• "Le Bal de Remy" (Circus Marcus) por Circus Marcus //
[http://freemusicarchive.org/music/circusmarcus/In_Orbitas/Circus Marcus-In Orbitas-10 Le Bal de Remy / freemusicarchive.org under CC BY NC creativecommons.org/licenses/]
FINALIZAÇÃO
Montagem e finalização de imagem: Pia Azevedo, João Divino.
Desenho de som: Pia Azevedo, João Divino.
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Equipamentos utilizados na captação e edição: Canon EOS 550D; Panasonic HVX 200; Sony DSC-DX7; Sennheiser; MacBook Pro; iMac.
Estúdio de finalização de som: Bunker Sound Design (Porto Alegre).
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Zarabatana Filmes (Porto Alegre).
AGRADECIMENTOS
Agradecimento especial: King Jim.
FILMAGENS
Brasil / RS, em Porto Alegre, bairro Belém Novo, no atelier de Gustavo Nakle, em 2012.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:10:33
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela: 1.85
Formato de captação:
Formato de exibição:
DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa:
DVD: Distribuição: Zarabatana Filmes. Autoração: 11 jul 2014.
Contato: Zarabatana Filmes.
OBSERVAÇÕES
Créditos finais: // Porto Alegre, 2014. //
Grafias alternativas: Chris Zabrieski e Chis Zabrieski | Ricardo 'King Jim' Cordeiro | Studio Bunker
Grafias alternativas (funções): Direção e direção de cena | Trilha sonora
BIBLIOGRAFIA
VIEIRA, Fredy. Longa narra história do escultor Gustavo Nakle – Filme mostra trajetória do artista uruguaio radicado em Porto Alegre Gustavo Nakle. Jornal do Comércio, Porto Alegre, 9 dez 2014.
Gustavo Nakle expõe obras em bronze e vidro em Porto Alegre – Mostra Nakle – Elemento fogo está no Guion Arte. Correio do Povo, Porto Alegre, 27 dez 2014.
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Exibições
• Porto Alegre (RS), Guion Cinemas, 9 dez 2014, qui, 21h
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Arquivos especiais
VIEIRA, Fredy. Longa narra história do escultor Gustavo Nakle – Filme mostra trajetória do artista uruguaio radicado em Porto Alegre Gustavo Nakle. Jornal do Comércio, Porto Alegre, 9 dez 2014.
Há um momento marcante na carreira do escultor uruguaio radicado no Rio Grande do Sul Gustavo Nakle, e ele aconteceu em Alvorada. Em meados dos anos 1970, quando ainda morava na cidade, meteu-se em uma briga de faca defendendo a honra de sua esposa na época. Só não acabou em tragédia porque apartaram a confusão. "No dia seguinte, descobri que o mesmo cara tinha sido morto após roubar uma linguiça em supermercado. Daí tive uma epifania: se ele tivesse me matado, a minha vida valia uma linguiça", relembra.
A partir disso, começou a refletir sobre seu trabalho, parando de pensar tanto na forma e no conteúdo para retratar o universo o qual estava inserido, tomando uma pequena distância. "Então, comecei a fazer a série Alvoradenses, e tudo aconteceu: valeu um destaque, foi para Bienal, ajudou a minha carreira", conta. Tanto que até hoje Nakle se diz alvoradense, além de uruguaio e gaúcho. Mais dessas histórias, contadas pelo próprio autor do jeito emocional e despojado que lhe é característico, podem ser conferidas no filme Nakle – Elemento fogo, dos diretores Pia Azevedo e João Divino, em pré-estreia hoje às 21h no Guion Cinemas (Lima e Silva, 776).
O longa narra momentos que marcaram a história do escultor, conhecido por moldar com fogo parte de seus trabalhos. A película mostra desde a sua infância em Montevidéu, a descoberta da arte e da escultura e sua chegada ao Brasil. As gravações foram realizadas em poucos dias durante 2012. "Começaram filmando o meu processo de trabalho com as esculturas e as entrevistas, mas acho que gostaram mais da conversa", afirma Nakle, acentuando o caráter documental da produção. Relembrar tantos episódios fez o escultor perceber que, apesar de parecerem dramáticos, o tempo lhes deu um caráter de tragicomédia.
"Em minha obra, transito entre essa coisa meio burlesca mas com uma feitura dramática", critica-se. Atualmente, Nakle vive em um momento de questionamento sobre o seu trabalho e a arte contemporânea de modo geral. Agora, ele deseja ir para outra direção, só não sabe bem qual será. "Há anos venho tentando, mas não consigo fugir de mim. Dizem que a crise é uma coisa boa, porque te leva a questionar o ser, mas sinto que ela já está me sacaneando", aponta.
Para tentar encontrar esse novo caminho, Nakle começou a utilizar o vidro em seu trabalho, entrando de cabeça na empreitada. Ele revela, porém, a dificuldade em trabalhar com o material. "Apaixonei-me, comprei os maçaricos, tudo o que era necessário, e agora me dou conta que eu deveria ter outra vida para poder entender o vidro, porque é muito complexo", explica. Em 2012, expôs em São Paulo a coleção de esculturas Jardim, em que mesclava o vidro com o bronze.
Algumas dessas peças estarão também em uma miniexposição no Guion a partir de hoje.
Adepto do zen-budismo há sete anos – apesar de admitir não ser um praticante fervoroso –, Nakle acredita que a religião o influenciou como indivíduo, mas não como artista. "O artista em mim é a melhor coisa que eu tenho. O artista que vê com liberdade, que aceita as coisas novas, que é investigador. O ser humano é mais precavido, mais cauteloso", avisa.
Os diretores João Divino e Pia Azevedo conheceram o trabalho de Nakle a partir da indicação de King Jim, que tocava na banda Garotos da Rua e é amigo do filho do artista, Ciro Nakle. Divino revela que houve uma empatia imediata. "Voltamos três ou quatro vezes para gravar todo o processo de trabalho das obras e depoimentos", avisa. A ideia inicial não era fazer um longa, mas um curta-metragem. "No processo, percebemos que tínhamos potencial e material para um filme maior", explica Divino. O projeto não recebeu apoio de nenhuma lei de incentivo, sendo realizado no período de folga da produtora Zarabatana Filmes, em que trabalham os diretores.