Meu Brasil brasileiro (1973)
Brasil (SP)
Longa-metragem | Não ficção
35 mm, cor, 84 min
Companhia produtora: Alfafilme Ltda.
Primeira exibição: São Paulo (SP), em três salas, 19 nov 1973, seg, somente nas sessões vesperais
Primeira exibição RS: desconhecida
Os piores anos da ditadura brasileira viram florescer uma série de filmes a exaltar as belezas e riquezas naturais do país, gasto e batido tema desde sempre. Sinfonias ufanistas, todas elas a começar pelo norte, descendo em ordem pelas outras quatro regiões e não raro retornando ao sudeste para acabar no carnaval do Rio de Janeiro. Meu Brasil brasileiro abre esta série não planejada que tem ainda Sinfonia brasileira (J. Prades, 1974) e Uma Canção brasileira (J. Manzon, 1980). Cópia desaparecida, as informações são raras e vem da indexação em Guia de filmes (publicação estatal que fez um registro bastante completo da produção brasileira entre 1967 e 1987).
Nilton Nascimento nasce em Porto Alegre em 1928. Em filmografia elaborada por ele (a pedido de G. Póvoas em 2001) aparecem três documentários curtos, reportagens realizadas em 1948: Um Dia em Porto Alegre, Teste de visão para público de cinemas, Os Jangadeiros cearenses no Rio Grande do Sul. É um dos câmeras de Vento Norte (S. Scliar, 1951). Em 1951 é formada a Guaíba Filmes, por ele, Emanuel Santos, Manoel Tomazoni, Paulo Dantas e mais 24 cotistas. A produção inaugural é o semi-documentário O Negrinho do Pastoreio, a partir do conto homônimo de S. Lopes Neto, do livro Lendas do sul. As filmagens são na Estância Santo Olavo, em Dom Pedrito; o curta é lançado em pré-estreia em dezembro; distribuição da Art Films para todo o Brasil como complemento em 1952. Nos anos seguintes, a Guaíba Filmes teria realizado c.120 filmes, a maioria com finalidade publicitária; para o Governo do Estado, são mais de dez documentários. No Rio de Janeiro, em 1953, é assistente na produção paulista Toda vida em 15 minutos (P. Dias, 1954) filmada no Aeroporto Santos Dumont e nos estúdios da Brasil Vita Filmes. Deixa a Guaíba Filmes em 1955, fundando a Cine Produções Nilton Nascimento, fazendo 23 jornais e 5 filmes para publicidade; do período é o cinejornal Parada de Acontecimentos. Em 1956 vai para São Paulo onde se instala em definitivo.
No ano seguinte, Nascimento entra como diretor no projeto do grupo Sul, O Preço da ilusão, que será o primeiro longa-metragem de ficção do estado de Santa Catarina com avant-première em Florianópolis em 7 de setembro de 1958. Até 1972 atua como produtor nas TVs Tupi e Cultura. Em 1972 funda a Alfafilme com estúdios em São Miguel Paulista (SP); depois produz comédias eróticas e comerciais; um dos filmes deste período é a comédia em cinco episódios Com mulher... é bem melhor. Em 1984 funda a N. Produções Cinematográficas que vai dedicar-se ao longa-metragem de sexo explícito, produzindo os filmes dirigidos por ele, Syllas Bueno ou por seu filho Carlos Nascimento (São Paulo, 1961-2005, fotógrafo em muitos filmes desse grupo). Mulher biônica sexy / Mujer biónica sexy (Radi Cuellar, 1979) seria uma coprodução com Colômbia ou Bolívia. Para Perdida em Sodoma reúne ótimo elenco: Nicole Puzzi, Juca de Oliveira, José Lewgoy, Aldine Muller, Roberto Bataglin, Sérgio Hingst. Além de produtor e diretor, também é argumentista, roteirista, fotógrafo e montador em muitos dos filmes de seu grupo. Tentações teria sido exibido na Europa como sendo filme francês. Em diversos casos, os títulos são reaproveitamentos de filmes anteriores, remontagens feitas para distribuidoras como a gaúcha Z (Ou vai ou racha), para F. J. Lucas Distribuidora (Pau na máquina), para Severiano Ribeiro (Carnaval 87 – Só deu bumbum). Outros filmes foram coproduzidos com I. C. B. Indústria Cinematográfica Brasileira ou A. P. Galante (A Menina e o porquinho, Carlos Nascimento, 1990). Uma Dona muito boa é um dos poucos filmes brasileiros de sexo explícito que teve trilha sonora composta. De 1990 a meados dos anos 2000, produtor de programas de shop-tour e turismo, veiculados nas TVs Alphaville e Comunitária (SP) ou do programa "Turismo visual" no canal 14 das redes NET e TVA SP. No mesmo período, produção de documentários, comerciais e vídeos técnicos para diversas empresas privadas e públicas. Lilian Bassanesi, gaúcha de Caxias do Sul, a estrela de O Preço da ilusão, é sua esposa desde essa época. Eliseo Fernandes, fotógrafo do filme catarinense, também é convocado para Meu Brasil brasileiro.
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Sinopse
Uma viagem pelo Brasil mostrando alguns dos seus múltiplos e inusitados aspectos. Uma festa indígena no Xingu, Atibaia, Ilha Bela, São Vicente, São Sebastião, Santos, São Paulo, Porto Alegre e as danças gaúchas, Torres, Itaimbezinho (Canyon), Garibaldi e a pista de ski, Caxias do Sul. A Bahia e a festa do Senhor do Bonfim, Abaeté e suas praias, as igrejas da Bahia, Vitória e Guarapari no Espírito Santo. O Rio de Janeiro e seu carnaval, o desfile das Escolas de Samba, a folia de rua, as bandas, os blocos. As praias do Rio, o Corcovado, o Largo do Boticário, a Ilha de Paquetá. Finalmente, Brasília, sua arquitetura moderna, os Dragões da Independência. (Leão, 2009, p.653.)
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Ficha técnica
IDENTIDADES
Zé Paió (Caipira), Leila Carmem (Índia), Satiko Miura (Japonesa), José Roberto Machado (Negrinho do Pastoreio), Oséias Evaristo de Souza,
Centro de Tradições Gaúchas "Sepé Tiaraju".
Locução: Nelson de Oliveira, Odemar Costa.
DIREÇÃO
Direção: Nilton Nascimento.
ROTEIRO
Argumento e roteiro: Nilton Nascimento.
PRODUÇÃO
Produção: Lilian Bassanesi.
FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Nilton Nascimento, Eliseo Fernandes.
SOM
MÚSICA
Música: Jorge Luiz dos Santos.
FINALIZAÇÃO
Montagem: Nilton Nascimento.
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Película: Kodak Eastmancolor.
Estúdio de som: Estúdios Primo Carbonari (São Paulo).
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Alfafilme Ltda. (São Paulo).
AGRADECIMENTOS
FILMAGENS
Brasil / AM, no Xingu;
Brasil / SP, em Atibaia; Ilha Bela; São Vicente; São Sebastião; Santos; São Paulo;
Brasil / RS, em Porto Alegre; Torres; Cambará do Sul, no cânion do Itaimbezinho, no Parque Nacional de Aparados da Serra; Garibaldi; Caxias do Sul;
Brasil / BA, em Salvador; Abaeté;
Brasil / ES, em Vitória; Guarapari;
Brasil / RJ, no Rio de Janeiro; Ilha de Paquetá;
Brasil / DF, em Brasília.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 84 min
Metragem: 2.300 metros
Número de rolos:
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela:
Formato de captação: 35 mm
Formato de exibição: 35 mm
DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa: Livre.
Contato:
OBSERVAÇÕES
Filme não visionado.
BIBLIOGRAFIA
Guia de filmes, Rio de Janeiro, nov-dez 1973, p.173, ano VII, n.48.
Noticiário:
G.R.C.. Nilton Nascimento e o cinema do sul. Sul – Revista do Círculo de Arte Moderna, Florianópolis, dez 1954, p.23-24 [BN, p.25-26], ano VII, n.23. [reprodução como: Nilton Nascimento e o cinema no sul. O Estado, Florianópolis, 22 dez 1954, p.6, ano XLI, n.12.065.]
DIDONET, Humberto. Produtoras cinematográficas gaúchas – Produções Nilton Nascimento. Jornal do Dia, Porto Alegre, 25 jul 1956, p.9, ano X, n.2.838.
NASCIMENTO, Nilton. Transfere-se para São Paulo a Cine-Produções Nilton Nascimento. Jornal do Dia, Porto Alegre, 9 out 1956, p.9, ano X, n.2.900.
NASCIMENTO, Nilton. O cinema trará lucros a Florianópolis. O Estado, Florianópolis, 9 abr 1957, p.9, ano XLIV, n.13.027.
DIDONET, Humberto. Filma-se em Santa Catarina Preço da ilusão. Jornal do Dia, Porto Alegre, 30 jul 1957, p.9, ano XI, n.3.140.
NASCIMENTO, Nilton. Carta para G. Póvoas. São Paulo, 22 maio 2001.
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Exibições
• São Paulo (SP), em três salas, somente nas sessões vesperais
19-25 nov 1973, seg-dom
26 nov-2 dez 1973, seg-dom
• Natal (RN), Cine Rex, 3, 4 jan 1974, qui, sex, 15h30, 20h
• Natal (RN), São Luiz, 9 jan 1974, qua, 15h30, 20h