Uma Canção brasileira (1980)
Brasil (SP)
Longa-metragem | Não ficção
35 mm, cor, 85 min
Companhia produtora: Jean Manzon Produções Cinematográficas
Primeira exibição: Brasília (DF), Auditório Petrônio Portella, do Senado Federal, 29 out 1980, qua, final da tarde (especial para ministros, governador DF, ministros do STF e do Tribunal Federal de Recursos, presidentes do Banco Central e do Banco do Brasil, senadores e deputados)
Primeira exibição RS: desconhecida
Mais uma sinfonia tardia e ufanista de Jean Manzon a explorar as belezas, riquezas e opulência do Brasil. Estão todos os clichês exóticos: os índios, a selva, a religiosidade, Brasília etc. terminando com o carnaval do Rio reafirmando a verdadeira máxima de que no Brasil tudo acaba em samba. Sempre que pode, Uma Canção brasileira ainda explora a nudez das mulheres, desde as índias, nas praias, no show da gafieira, no carnaval e até nos quadros do MASP. O texto é de David Nasser que formou com o fotógrafo Manzon a icônica dupla nos áureos tempos de O Cruzeiro. Mas o texto, entre o poético e o ufanismo, escorrega em frases de efeito e sem sentido, como esta, referente ao RS: "Em suas loucas cavalgadas, os gaúchos são românticos centauros imensamente livres, ardentes e indomáveis". O que ele quer dizer com loucas cavalgadas?
A coerência do filme é exasperante. Começa pela região Norte e vai descendo: Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul e retorna para o Sudeste para terminar com o Rio. A parte gaúcha se restringe a cinco minutos, com o folclore de sempre: rebanho de ovelha, tosquia, gado, prenda, churrasco e chimarrão.
Não dá para negar que as imagens que abrem Uma Canção brasileira são fascinantes (mesmo na péssima cópia disponível): vistas aéreas das Cataratas do Iguaçu com sua força e magnitude, imagens que um dia poderão ser do passado.
O francês Jean Manzon, naturalizado brasileiro, com suas centenas de curtas-metragens e milhares de fotografias compôs um panorama do Brasil entre os anos 40 e 80.
Desde 1952 até a sua morte em 1990 são cerca de 900 curtas produzidos por ele. Jean Manzon Produções Cinematográficas, sede em São Paulo desde 1961.
O filme custou Cr$ 60 milhões, dois anos de trabalho e quase 100 quilômetros de película rodada.
"Antes de chegar ao Brasil, em 1941, indicado pelo cineasta Alberto Cavalcanti para trabalhar no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) de Getúlio Vargas, Jean Manzon foi repórter fotográfico da revista francesa Paris Soir e fotógrafo da marinha francesa. Até abrir a sua produtora, ele trabalhou na revista O Cruzeiro, onde ao lado de David Nasser, tinha 10 páginas semanais de fotos; e fundou, ainda na França, a revista Paris Match. Além dos curtas-metragens, JM realizou também quatro longas, Samba fantástico, apresentado no Festival de Cannes de 1955; A Amazônia, premiado em Veneza em 1958; Uma Canção brasileira, em 1970 (sic, 1980), um dos primeiros filmes nacionais exibidos na China; e Brasil – Terra de contrastes, de 1986, o único filme em que o ufanista Jean Manzon critica o país". (COMODO, Roberto. Imagens do Brasil na televisão – Documentários de Jean Manzon registram a vida do país. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1º nov 1990, B, p.2 [BN, p.40], ano C, n.207.)
| + || - |
Sinopse
PR: Aéreas das Cataratas do Iguaçu.
AM: Amazonas: Índios nadando em rio; pintando-se; mães com filhos; em canoa, caçando jacaré. Animais: cobra, macaco, onça, tartaruga, pássaros; plantas. Árvores sendo derrubadas a machadadas, com serras. Helicóptero sobre os rios Negro e Amazonas. Manaus: Porto. Teatro Amazonas. Transamazônica. Máquinas, tratores. Garimpo.
PA: Ilha de Marajó: cortejo fúnebre por água. Noiva. Belém: Porto. Procissão religiosa. Círio de Nazaré. Fogos de artifício. Retirantes caminhando em terra ressequida. Caatinga. Sertanejos a cavalo.
CE: Jangadeiros em jangadas no mar. Mulheres rendeiras na beira da praia.
PE: Recife. Frevo em Olinda. Homem subindo em coqueiro. Plantação de algodão. Noiva. Trem em canavial.
BA: Salvador: Elevador Lacerda. Pelourinho. Igreja e seu interior de ouro. Candomblé. Roda de capoeira.
DF: Brasília: Catedral. Esculturas de Bruno Giorgi. Palácio do Planalto. Congresso Nacional.
GO e MT: Planícies, rebanho de zebu.
MG: Congonhas. Ouro Preto. Profetas de Aleijadinho. Santos esculpidos em madeira. Jazidas de mineração.
SP: São Paulo: Prédios. Copan. Viaduto do Chá. Avenida Paulista. Interior do MASP com exposição do acervo, quadros como Azul e rosa, de Renoir; de Portinari; de Di Cavalcanti. Gafieira Som de Cristal [Rua Rego Freitas] com show com mulheres de biquíni. Estudantes na USP. Avenida Paulista. Esporte. Simba Safari [atual Zoo Safari]. Parque de diversões. Santos: Porto. Grupo Sambra.
PR: plantação de café. Cataratas do Iguaçu.
SC: Rio Itajaí. Florianópolis. Concórdia: Grupo Sadia: criação de aves: galinha, peru.
RS: Rebanho de ovelhas. Tosquia. Gado. Prendas, churrasco, chimarrão. Porto Alegre: Rua dos Andradas (Rua da Praia). Pessoas, vitrines. Porto. Avião da Varig.
RJ: Esportes aquáticos: surf, windsurf. Bruna Lombardi. Rio de Janeiro: Copacabana. Bondinho, Pão de Açúcar. Asa delta. Hotel Nacional. Estátua do Cristo Redentor. Centro. Maracanã. Escola de samba. Carnaval. Desfile de fantasias carnavalescas em teatro. Baile de carnaval. Desfile de escolas na Marquês de Sapucaí.
Texto integral referente ao RS:
O estado do Rio Grande do Sul respira o ar dos pampas, onde o gaúcho a cavalo, o homem da planície, tem poderes absolutos.
França e Inglaterra povoaram as pastagens do Rio Grande do Sul. A nobreza do gado Hereford e do Charolês [Charolais] realizam nos pampas um sonho europeu l'entente cordiale. Em suas loucas cavalgadas, os gaúchos são românticos centauros imensamente livres, ardentes e indomáveis.
Com danças e canções, a fazenda festeja a volta de seus bravos cavaleiros.
A festa se transforma em ritual gastronômico. O cheiro de carne assada é convite para o banquete.
Capital dos gaúchos. Porto Alegre, cercada por quatro rios, é uma das encruzilhadas do Atlântico sul.
Porto Alegre conta a epopeia de Ruben Berta e da Varig, cuja bandeira sobrevoa cinco continentes.
| + || - |
Ficha técnica
IDENTIDADES
Não creditada: Bruna Lombardi.
Narração: Sérgio Chapelin.
DIREÇÃO
Direção: Jean Manzon.
ROTEIRO
Roteiro: David Nasser.
Coordenação literária: Luiz Cláudio de Castro.
PRODUÇÃO
Supervisão: Glória Korte.
Participação: Jean Pierre Manzon, Álvaro Werneck, João de Alencar, Edmar Damasceno, Jarbas Coimbra Jr., Jorge P. Vaz, João Felix, Mila Szamszoryk.
FOTOGRAFIA
Fotografia: Antônio Estêvão, Pompilho Tostes, Wilson Rocha, Allan Estevão, Nilton Gomes, Roberto Stajano, Philippe de Genouillac, Revair Jordão.
MÚSICA
Música: Jean Claude Quesnelle, Jean Manzon.
Orquestração: Manoel Francisco de Morais.
Coordenação musical: German Wajnrot.
Músicas (não creditadas):
FINALIZAÇÃO
Montagem: Jean Manzon.
Montagem musical: Sylvio Renoldi.
Técnico de som: Stelio Carlini.
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Jean Manzon Produções Cinematográficas (São Paulo).
FILMAGENS
Brasil /
PR, no município de Foz do Iguaçu, nas Cataratas do Iguaçu (Parque Nacional das Cataratas);
AM, em Manaus;
PA, na Ilha de Marajó; Belém;
CE;
PE, em Recife: Olinda;
BA, em Salvador;
DF, em Brasília;
GO;
MT;
MG, em Congonhas; Ouro Preto;
SP, em São Paulo; Santos;
SC, em Florianópolis; Concórdia;
RS, em Porto Alegre;
RJ, no Rio de Janeiro.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 84 min (YouTube)
Metragem: 2.745 metros [= c.100 min]
Número de rolos:
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela: 1.66
Formato de captação: 35 mm
Formato de exibição: 35 mm
DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa:
VHS: Distribuição: Globo Video.
Contato:
OBSERVAÇÕES
Grafias alternativas:
BIBLIOGRAFIA
Noticiário:
Uma Canção brasileira – As imagens que conquistam amor e simpatia. Manchete, Rio de Janeiro, 6 jun 1981, p.122-123 [BN, p.134-135], ano 30, n.1.520.
| + || - |
Exibições
• Brasília (DF), Auditório Petrônio Portella, do Senado Federal, 29 out 1980, qua, final da tarde (especial para ministros, governador DF, ministros do STF e do Tribunal Federal de Recursos, presidentes do Banco Central e do Banco do Brasil, senadores e deputados)
• Brasília (DF), Auditório da Escola Nacional de Informação do SNI Serviço Nacional de Inteligência, 5 jan 1981, seg (especial para presidente do Brasil João Figueiredo, ministros chefe da Casa Civil Golbery do Couto e Silva, da Casa Militar general Danilo Venturini, do SNI general Otávio Medeiros, secretário particular do presidente Heitor Ferreira e ministro da Relações Exteriores Saraiva Guerreiro)
• Paris (FR), Le Paris (Champs Elysées), 26 jan 1981, seg (por ocasião da visita do presidente João Figueiredo)
• Paris (FR), Théâtre Marigny, 26 jan 1981, seg (por ocasião da visita do presidente João Figueiredo)
• Lisboa (PT), Cine Roma, 2 fev 1981, seg (por ocasião da visita do presidente João Figueiredo)
• Rio de Janeiro (RJ), Cabina do Hotel Méridien, 19 out 1981, seg (especial para convidados, entre eles ex-presidente do Brasil Ernesto Geisel)
• Rio de Janeiro (RJ), ??, 12 nov 1981, qui (especial organizada pelo cônsul dos Estados Unidos Sam Lupo)
• New York City, NY (US) nov 1981 (especial para The New York Times, presença de Manzon)
• Los Angeles, CA (US), Westwood University, fev 1982 (para uma plateia de 2 mil estudantes, presença de Manzon)
• Washington, D.C. (US), White House / Casa Branca, maio? 1982 (especial para presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan e assessores)
• Rio de Janeiro (RJ), Palácio dos Campos Elíseos, 7 jul 1982, qua (especial para ministro da Economia da Suécia Rolf Wirten)
• Rio de Janeiro (RJ), Auditório do Jockey Club, 5 out 1982, ter
• Brasília (DF), Auditório do BNDES, 26 jul 1983, ter (beneficente com renda revertendo em favor dos flagelados do sul)
• (FR), TF-1, 9 jan 1986, qui [narração: Lucien Menard]
• (PT), TV Portuguesa, 3 abr 1987, sex
• YouTube, disponível desde 30 dez 2013 (da cópia em VHS lançada pela Globo Video)