Casa flutuante (2022)

Portugal – Brasil (RS)
Longa-metragem | Ficção
DCP, cor, 115 min

Direção: José Nascimento.
Companhia produtora: Take 2000; Panda Filmes

Primeira exibição: Lisboa (PT), Ante-estreias, Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema (R. Barata Salgueiro, 39) Sala M. Félix Ribeiro, 2 mar 2022, qua, 21h30 (com a presença do diretor + atores)
Primeira exibição RS: Porto Alegre (RS), Cinemateca Paulo Amorim-Sala Norberto Lubisco, 15 fev 2024, qui, 19h15 (estreia)

 

Rodado entre Portugal e o Brasil, Casa flutuante é um filme cujo tema se inscreve nos refluxos do colonialismo português e da emigração, ao mesmo tempo que aborda o imaginário de Jules Verne sobre a Amazônia do século XIX e a devastação e a desertificação contemporânea da floresta tropical. A sua cosmologia resulta de povos índios da Amazonia, como os Ticuna ou os Puyanawa.

Participação da gaúcha Panda Filmes na produção.

Sinopse


História de Araci, uma índia Ticuna que sai da Amazônia e vai viver no Alentejo. O objetivo é oferecer um futuro melhor para Joana, sua neta, depois que a mãe dela foi assassinada por lutar pela preservação da floresta. Em Portugal, Araci tenta manter valores culturais que não existem na cidade grande e repassar a Joana os ensinamentos indígenas.

Cartela final: // O filme procurou reproduzir ipsis verbis o universo cosmológico dos povos índios da Amazônia, respeitando narrativas, musicalidades e pictografias sobretudo das tribos Ticuna, Marubu e Puyanawa. //

Ficha técnica


ELENCO
Carolina Virgüez (Araci),
Inês Pires Tavares (Joana),
Bernardo Mayer (Xavier),
Carla Maciel (Adriana),
Vítor Norte (Inácio),
Gustavo Sumpta (Leo),
Guilhermina Bento (Adelaide), Eva Duarte (Isa), Manuel Passinhas (Antunes), Odete Palma (Amândia), Lurdes Ruas (Acordeonista), Melissa Matos (Joana 6 anos), Tomás Sousa (Xavier 6 anos), Carlos Melo (Motorista).
Índios Puyanawa: cacique Joel 'Divake', Puwe, Vari, Maria Alice, Dayu, Rosane, Luiza, Carol, Diênita, Maria Hosana, Claudinor, Rakekãy, Marcondes, Jorge, Jonatas Malan, Samire, Bruno, Fabricio, Thayana, Dejacir, Altair, Romário.

DIREÇÃO
Direção: José Nascimento.
Assistência de direção: João Pinconé.

ROTEIRO
Roteiro: Ana Pissarra, José Nascimento.
Tradução: Pedro Gorman.

PRODUÇÃO
Produção (PT): José Mazeda.
Coprodução (BR): Beto Rodrigues, Tatiana Sager.
Direção de produção: João Santana.
Coordenação de produção: Carolina Correia Mendes, Daniel Pereira.
Chefe de produção: Adelaide Megre.
Primeira assistência de produção: Liliana Claro.
Segunda assistência de produção: Leandro Teixeira.
Direção financeiro: Tiago Santos.
Assistência financeiro: Dina Santos.
Alimentação: Liliana Claro.
Condução de barco: José Augusto Reis.
Motoristas Câmara Municipal de Mértola: Jorge Salvadinho, Vivaldo Marçalo, Pedro Duarte.
Motorista – Mixagem: Rui Bragança.

EQUIPE técnica Brasil
Produção de elenco: Fernando Muniz.
Coordenação de produção local: Paola Mallmann / Opará Cultural (Porto Alegre).
Legendagem: Gabriel Sager Rodrigues.
Bruitagem: Gabriel D'Angelo, Bruno Armelin.
Contabilidade: Raquel Sager, Tanize Cardoso.
Produção local (BR/Acre): Rose Farias, Denise Oliveira / Saci Filmes (Rio Branco).
Assessoria Puyanawa (Barão do Rio Branco e Ipiranga): cacique Joel Puyanawa, José Luiz Puwe.
Motoristas: Odair José Juca de Araújo, Benny da Rocha Gomes.

FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Aurélio Vasques.
Primeira assistência de câmera: Filipe Abreu.
Primeira assistência de câmera (reforço): Nuno Figueiredo.
Estagiária de câmera: Maria João Rodrigues.
Assistência de iluminação: Alice Nascimento.

ARTE
Direção de arte: Ana Pissarra.
Assistência de plateau: Carina Gaspar.
Adereços: Susana Azevedo.
Assistência de arte: Carlos Melo.
Jardinagem: Luís Palma.
Pintura de cenários: Fabienne Couvreur.

Figurino: Patrícia Dória.
Assistência de figurino: Marin Fanjoy-Labrenz.

Maquiagem e cabelo: Francisca Sobral.

SOM
Direção de som: Vasco Pedroso.
Microfonista: Bruno Sopa.

MÚSICA
Música original: Flak.
Direção musical: Jaime Correia Rego
Orquestração e partituras: José Guilherme Vasconcelos Dias.
Músicos: Otto Michael Pereira (1º violino), Mariana Sousa Veloso (2º violino), Lúcio Studer (viola de arco), Catarina Anacleto (violoncelo), Luís Palma (contrabaixo), Jaime Correia Rego (flauta).
Técnico de estúdio: Bernardo Centeno.
Mixagem: António Vasconcelos Dias.

FINALIZAÇÃO
Montagem: Ana Pissarra, José Nascimento.

Efeitos visuais: Zhanna Sandulyak.
Colorista: Nuno Garcia.
Alinhamento de material: José Diogo Ferreira.

Técnico de dublagem: Miguel Cabral.
Edição de som: Martim Crawford, Carlos Franco.
Mixagem: Carlos Jorge Vales, Guilherme Vales.

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Agenciamento de atores: Fernando Muniz; Lisbon Artists; Hit Management; Agente A Norte; L'Agence; True Sparkle.
Alojamento: Hotel Museu; 7 House; Casa do Funil; Casa da Tia Amália; Mértola Castelo Palace; Casa do Castelo; Hotel Beira Rio.
Restaurantes: Café Guadiana; Casa Amarela; Terra Utópica; O Brasileiro; Muralha; Alengarve; Repuxo; O Ciga.
Construção Casa flutuante: Tudo Faço.
Estúdio de gravação da música: Namouche (Lisboa).
Estúdio de mixagem: Auditiv (Sintra).

MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Take 2000 (Lisboa).
Coprodução: Panda Filmes (Porto Alegre).
Apoio (PT): República Portuguesa – Cultura / ICA Instituto do Cinema e do Audiovisual.
Apoio (ES): Programa Ibermedia. Convocatória: 2018; proponente: Portugal; selecionado com o título de: A Casa flutuante.
Apoio (PT): RTP; Câmara Municipal de Mértola: Francisco Guerreiro, Jorge Monteiro, José Augusto Palma, José Valentim, Luís Oliveira, Manuel Passinhas, Manuel Reis, Margarida Rosário, Teresa dos Reis.
Apoio (PT): Namouche (Lisboa); Auditiv (Sintra); [ilegível] Filmes.

AGRADECIMENTOS
Agradecimentos da cenografia: Chico Tavares, Teolindo Teixeira, Adelina Soares, Maria do Céu Alhinho, Diana e Silveira Ferreira, Maria Helena Rosa, Américo, Luís Manuel, Teresa Lobão, Nádia Torres e Virgílio Lopes, Olga Martins e Pedro Rocha / Lince.
Agradecimentos da produção: Jorge Rosa (presidente da Câmara Municipal de Mértola), Rosinda Pimenta (vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Mértola), António Marques, Sano de Perpessac, Manuel Encarnação 'Tio Leo', GNR de Mértola, bombeiros voluntários de Mértola, CAS Centro de Apoio Social dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Mértola.
Aldeia Puyanawa (Cruzeiro do Sul, BR); Terra Indígena Puyanawa (município de Mâncio Kima, Acre, BR); AAPBI Associação Agro Extrativista Puyanawa do Barão e Ipiranga.
Agradecimentos da direção: Ana Filgueiras, Ricardo Rezende, Olga Ramos, Paulo Jesus, Bénédicte Mellac, Tenchy Tolón, Manuel Passinhas, Margarida Rosário, Emília Tavares, Eduardo Peterson, Saulo Araújo, António Câmara Manuel, Rita Gonzalez, Olga Martins, Pedro Rocha, Luís Magalhães, Luís Severo, Rui Bernardino.

Dedicatória: O filme é dedicado à Floresta Amazônica, aos índios que lutam pela sua preservação e a todos que com ela mantêm uma relação de amor.

FILMAGENS
Brasil / AC, em Rio Branco; e Cruzeiro do Sul;
Portugal / Alentejo, em Mértola.

ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:54:45
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela:
Formato de captação:
Formato de exibição: DCP

DIVULGAÇÃO
https://casaflutuante.com/

DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa: 14 anos.
Distribuição (BR): Panda Filmes.
Contato: Panda Filmes.

OBSERVAÇÕES
Créditos finais: // © Take 2000 [2020] //

Grafias alternativas: Take 2000 – Produção de Filmes | Bruno Armelim | Tanize Cardos
Grafias alternativas (funções): Argumento | Realização | Direcção artística | Assistente de realização | Guarda-roupa | Maquilhagem e cabelos | Montagem de som | Misturas | Correcção de cor | Catering | Condutor | assistente de imagem | Estagiária de imagem | Perchista | Dobragens | Aderecista

Exibições


• Lisboa (PT), Ante-estreias, Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema (R. Barata Salgueiro, 39) Sala M. Félix Ribeiro, 2 mar 2022, qua, 21h30 (com a presença do diretor + atores)

Lançamento comercial PT: 3 mar 2022, qui

• Lisboa (PT), Amoreiras, 3 mar 2022, qui
• Lisboa (PT), City Classic Alvalade, 3 mar 2022, qui
• Lisboa (PT), UCI El Corte Inglés, 3 mar 2022, qui
• Coimbra (PT), Alma Shopping, 3 mar 2022, qui
• Leiria (PT), City Leiria, 3 mar 2022, qui
• Ovar (PT), Cinema Vida, 3 mar 2022, qui
• Setúbal (PT), City Alegro Setúbal, 3 mar 2022, qui
• Vila Nova de Gaia (PT), UCI Arrábida 20, 3 mar 2022, qui

[797 espectadores em Portugal]

• Gaia (PT), Auditório Municipal de Gaia, 18 out 2022, ter, 15h30, 21h30

• TVCine Edition (PT), 7 dez 2022, qua, 22h (formato minissérie)

• RTP1 (PT), 1º jun 2023, qui, 23h45

• Porto Alegre (RS), Cinemateca Paulo Amorim-Sala Norberto Lubisco, 15-18, 20, 21 fev 2024, qui-dom, ter, qua, 19h15 (estreia)

Arquivos especiais


Depoimento de José Nascimento, cf. folha em Cinemateca Portuguesa:

O argumento [roteiro] Casa flutuante escrito com Ana Pissarra, nasceu de várias confluências temáticas, como a Viagem philosophica de Alexandre Rodrigues Ferreira e foi um longo processo de investigação em torno de uma personagem com identidade ligada a uma relação íntima com o rio. Inspirada na avieira que conhecemos em 2017, Margarida nasceu e cresceu dentro de um barco nas margens do Tejo e manteve com o rio uma relação de sessenta anos que se transformou quando as câmaras do Ribatejo desalojaram os avieiros e destruíram as casas palafitas ribeirinhas.
A cultura avieira tem um forte paralelismo com os povos indígenas que habitam as margens do rio Amazonas e foi desta confluência que nasceu a personagem Araci, índia e emigrante, um corpo deslocado com quem o português Inácio construiu um lar nas margens do Tejo, na primeira versão e depois no Guadiana na versão final.
Araci reinventa à sua volta um microcosmo onírico onde verá crescer a neta Joana mas que lhe fecha o futuro. Se por um lado a herança cultural que lhe transmite não a integra na comunidade alentejana, por outro, o rio já não tem peixe e a permanência da casa flutuante na água vai ser ameaçada pelo poder local.
A chegada de uma terceira personagem, Xavier, que emigrou com os pais para a Alemanha e que regressa à procura das raízes familiares, vai fazer emergir o conflito de Joana.
Também o romance A Jangada de Jules Verne sobre a Amazónia expõe um continuum de destruição da Floresta Amazônica do século XIX ao XXI, e revela a personagem Minha, neta de um fazendeiro colonialista português, com quem Joana se idealiza nos sonhos.
A região de Mértola pareceu-nos o lugar ideal para fazer o filme: tínhamos o rio e as azenhas, locais ideais para estabelecermos a casa flutuante de madeira – universo identitário de Araci; a casa abandonada de Inácio e as minas de S. Domingos, onde ele tinha trabalhado antes de emigrar e a casa senhorial mandada construir por um emigrante brasileiro, que serviria de décor à personagem de Adriana e que hoje faz parte do patrimônio municipal.
Para dar corpo à personagem de Araci, veio do Brasil a Carolina Virguëz, atriz premiada pela Associação dos Produtores de Teatro, cuja inteligência e sensibilidade criou de imediato uma cumplicidade inspiradora para muitas das cenas do filme e que se estendeu de forma contagiante sobretudo aos atores mais jovens, a Inês Pires Tavares e o Bernardo Mayer. Depois, a Carla Maciel, que deu corpo à personagem de Adriana com grande generosidade e mestria e o Vítor Norte, com quem já tinha trabalhado em Tarde demais e Lobos. Finalmente o Gustavo Sumpta, também ele vindo do filme Tarde demais, que aqui representa a personagem de Leo, um pescador.
Depois tive apoios fundamentais: a Ana Pissarra na direção de arte, o João Santana na direção de produção, o Aurélio Vasques na fotografia, o Flak na música e obviamente toda a equipe que constitui a base que permitiu que o filme fosse rodado em poucas semanas, organizado quase totalmente em planos fixos, de forma a respeitar o mapa de trabalho. Com o José Mazeda, todo o processo que culmina hoje com a apresentação do filme.
Para as cenas na Amazónia, tínhamos inicialmente centrado a pesquisa na comunidade Ticuna, mas depois das políticas de Bolsonaro a comunidade indígena recusou-se a receber a equipe de filmagens, como forma de protesto político e de resistência.
Com o apoio da FUNAI, abandonamos a ideia de filmar no norte do Brasil e descemos para Cruzeiro do Sul, no Acre, terra dos Puyanawa, comunidade que procura recuperar a sua cultura e identidade, destruídas desde os primórdios do século XX, após terem sido expropriados por um coronel proprietário do Seringal Barão do Rio Branco e escravizados na extração de borracha.
Em Rio Branco encontramos várias áreas de floresta queimada, que foram décor do filme. No avião de regresso a Brasília confirmamos a existência de várias frentes de fogo no meio do verde – a floresta não pára de arder...
Casa flutuante é dedicado à Floresta Amazônica, às comunidades indígenas que lutam pela sua preservação e a todos que com ela mantêm uma relação de amor.

Como citar o Portal


Para citar o Portal do Cinema Gaúcho como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
Casa flutuante. In: PORTAL do Cinema Gaúcho. Porto Alegre: Cinemateca Paulo Amorim, 2024. Disponível em: https://cinematecapauloamorim.com.br//portaldocinemagaucho/1997/casa-flutuante. Acesso em: 22 de novembro de 2024.