Mantis é um longa-metragem escolar de terror que faz uma releitura do caso policial mais chocante da história do Rio Grande do Sul: os crimes da Rua do Arvoredo (1863-1864). Nesta versão, o casal formado por José Ramos e Catarina Paulsen (nomes dos assassinos originais) administra uma pousada em uma região rural e está sempre ponto para receber novos clientes em busca de calmaria. O local é amplo, bem cuidado e arborizado, servindo como disfarce perfeito para enganar pessoas inocentes. Uma das exigências para o acesso é a não utilização de telefones celulares, que poderiam servir para rastrear os desaparecidos. O roteiro se divide em três partes: num primeiro momento, o albergue recebe Laura, uma jovem que acaba de ser agredida pelo namorado possessivo e procura um território seguro para se recuperar do trauma. A seguir, as presas são Pedro e Miriam, um casal composto por um escritor sonhador e uma professora de Pilates temperamental – que acabam aceitando o convite para uma animada noite de swing. Por fim, o hostel hospeda Lucas – o companheiro de Laura, a primeira vítima. O rapaz desconfia do desaparecimento dela, segue os seus passos e é o único personagem capaz de ameaçar os anfitriões.

As outras adaptações do mesmo enredo são bastante diferentes: O Caso do linguiceiro (Flávia Seligman, Francisco Ribeiro, 1995) é uma história de época que reconstitui os assassinatos originais no momento de sua execução; Paulo e Ana Luiza em Porto Alegre (Rogério Brasil Ferrari, 1998) adapta a trama para a capital gaúcha da década de 1990; Histórias de Catharina Paulsen – O café (C. Chu, D. Mesquita, D. Pregardier, 2023) promove uma releitura feminista, sugerindo que a companheira de José Ramos não teve tanta responsabilidade pelos crimes quanto ele – no contexto de uma sociedade machista e patriarcal. Exibido no Halloween de 2023, na Cinemateca Paulo Amorim, Mantis foi precedido pela exibição do curta-metragem Lenda urbana (Ariel Gustsack, 2023).