Coração de gaúcho (1920)
Brasil (RJ)
Longa-metragem | Ficção
35 mm, pb, (5 partes)
Companhia produtora: Guanabara Film
Primeira exibição: Rio de Janeiro (DF), Cinema Pathé, 22 abr 1920, qui, 10h (especial para imprensa)
Primeira exibição RS: desconhecida
"No Cinema Pathé deve ser exibido amanhã às 10 horas da manhã, o filme de costumes nacionais Coração de gaúcho, um drama em cinco partes, e cuja ação se passa no Rio Grande do Sul. Deve-se esse trabalho de cinematografia brasileira à Guanabara Film, que esteve especialmente no lugar da ação, e é de esperar que todos esses esforços sejam compensados pelo público, a bem do que é nosso e de todas as iniciativas brasileiras". (A Noite, Rio de Janeiro, 21 abr 1920, p.5, ano X, n.3.003)
"(...) A nitidez da fita foi prejudicada devido à fita virgem recebida do estrangeiro ser quase toda estragada e de emulsão velho, mas mesmo assim foi um grande passo (...)". (Os empreendimentos nacionais – A Guanabara Film exibe o drama Coração de gaúcho. O Jornal, Rio de Janeiro, 23 abr 1920, p.11, ano II, n.311.)
"Causou esse novo trabalho da cinematografia nacional magnífica impressão. A fotografia é por vezes, de uma perfeição e nitidez que nada deixam a desejar e assim seria sempre se não fosse a falta de escrúpulos das fábricas de filme virgem que os exportam velhos e estragados.
O enredo interessa, é bem urdido, impregna-se vivamente do caráter da região em que transcorre, os pampas no Rio Grande do Sul. Não só os cenários naturais foram esplendidamente escolhidos, os interiores tem propriedade e o trabalho dos artistas é relativamente bom. O filme só nos desagrada quando reproduz cenas violentas que nos parecem inexpressivas e lentas, acostumados como estamos às audácias e brutalidades da produção norte-americana". (Coração de gaúcho. Palcos e Telas – Revista Theatral Cinematographica, Rio de Janeiro, 29 abr 1920, p.6, ano III, n.110.)
"O Cinema Central exibirá de hoje até domingo o filme nacional Coração de gaúcho, cine-drama em 5 atos, cuja ação se desenvolve nos pampas do Rio Grande do Sul.
(...) vemos o cenário rio-grandense e os costumes dos pampas. Camacuam, o principal personagem do drama, foi desempenhado pelo ator brasileiro Alvaro Fonseca, natural do Rio Grande do Sul, que deu por isso ao papel de que se incumbiu um desempenho próprio, naturalíssimo. (...)". (A cinematografia nacional – Coração de gaúcho, película editada pela Guanabara-Film – A sua exibição, hoje, no Cinema Central. O Jornal, Rio de Janeiro, 29 abr 1920, p.14, ano II, n.317.)
"De fato Coração de gaúcho a par de um enredo emocionante, que bem mostra o coração brasileiro, na plenitude do seu amor, apresenta soberbos cenários e costumes genuinamente gaúchos, como as corridas de Camacuan, o nobre e intemerato gaúcho filho e senhor dos pampas.
É esse o personagem principal do drama da Guanabara, cuja feitura de caráter representa a raça brasileira nova e pujante". (Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 27 abr 1920, p.4, ano XIX, n.7.728)
Se bem algumas notas indiquem que este filme foi rodado no RS ("esteve especialmente no lugar da ação" ou que "apresenta soberbos cenários e costumes genuinamente gaúchos"), Jurandyr Noronha afirma que "Coração de gaúcho aproveitava a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro como se foram aos pampas do Rio Grande do Sul" (NORONHA, 2008, p.153, legenda da foto).
Provavelmente exibido apenas no Rio de Janeiro. Depois de uma sessão especial para imprensa, o filme fica uma semana em cartaz.
Filme desaparecido.
Primeiro dos três filmes de ficção de Luiz de Barros com ação no RS, mas todos filmados no Rio. Os seguintes, sonoros, são Entra na farra (1943) e Está com tudo!... (1953).
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Sinopse
Cinco atos. Músicas regionais.
"(...) aventuras de um gaúcho apaixonado pela filha de um fazendeiro rico. Carlos Sampaio, um caixeiro-viajante de vistas largas, com mira no cobre do fazendeiro, faz alguns rapapés à rapariga. O pai dela, sem forças para resistir à lábia do escovadíssimo rapaz, nomeia-o seu futuro genro, dá-lhe contas de todos os seus negócios e coroa essa série de 'ratas' fazendo um testamento em favor dele. Carlos não perde tempo. Pancho, um perverso mestiço (...) é encarregado pelo Carlos de liquidar o fazendeiro na primeira oportunidade. O fazendeiro morre de um tiro na cabeça. Pancho morre, também, confessando ter assassinado o estancieiro a mando de Carlos. O gaúcho casa com a pequena". (Central – Guanabara – Coração de gaúcho. Palcos e Telas – Revista Theatral Cinematographica, Rio de Janeiro, 6 maio 1920, p.12, ano III, n.111.)
O gaúcho (...) se apaixona pela filha do fazendeiro. A moça por sua vez é cortejada por um caixeiro-viajante que após conseguir consentimento do pai para casar-se com ela, consegue também ficar a par de todos os negócios da família. Finalmente o engenhoso caixeiro-viajante consegue um testamento do fazendeiro em seu favor e termina por mandar matá-lo. Morre o pai da moça, morre o matador, não sem antes ter confessado o crime e finalmente casa-se o gaúcho com a moça. O filme termina com um beijo do casal sobrevivente. (BARROS, 1978, p.249.)
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Ficha técnica
ELENCO
Alvaro Fonseca (Camacuam, o gaúcho),
Antonia Denegri (Filha do fazendeiro),
Antonio Silva (Carlos Sampaio, o caixeiro-viajante),
Manoel F. de Araujo (Fazendeiro),
Candida Leal, Ernesto Begonha,
Luiz de Barros.
DIREÇÃO
Direção: Luiz de Barros.
ROTEIRO
Roteiro: Luiz de Barros.
PRODUÇÃO
Produção: Luiz de Barros.
FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: João Stamato, Luiz de Barros.
ARTE
Cenografia: Luiz de Barros.
FINALIZAÇÃO
Montagem: Luiz de Barros.
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Guanabara Film (Rio de Janeiro).
FILMAGENS
Brasil / DF, no Rio de Janeiro.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração:
Metragem:
Número de rolos: (5 partes)
Som: silencioso
Imagem: pb
Proporção de tela: 1.33
Formato de captação: 35 mm
Formato de exibição: 35 mm
OBSERVAÇÕES
BARROS, 1978, p.249 informa local e data de lançamento como sendo Rio de Janeiro, Central, 26 abr 1920, o que não confere com as datas recolhidas na imprensa carioca, disponíveis na Hemeroteca Digital.
Roteiro teria sido baseado no romance O Gaúcho, de José de Alencar, mas nenhuma das fontes menciona.
O elenco é formado por artistas que atuavam do Theatro São José.
Antonio Silva, ator português, foi principal artista em várias comédias, em Portugal. (BARROS, 1978, p.249.)
Grafias alternativas: Antonia Del Negri; Begonha (anúncio) | Teixeira Barros, pseudônimo de Luiz de Barros
BIBLIOGRAFIA
BARROS, Luiz de. Minhas memórias de cineasta. Rio de Janeiro: Artenova, Embrafilme, 1978. 266p. il. (Cinebiblioteca Embrafilme). Pesquisa, organização e revisão de texto: Maria Helena Saldanha e Alex Viany. Prefácio: Leandro Tocantins. Apresentação: Modesto de Abreu.
NORONHA, Jurandyr. Dicionário Jurandyr Noronha de cinema brasileiro – De 1896 a 1936 – Do nascimento ao sonoro. Rio de Janeiro: EMC Edições, 2008. 454p. il.
Noticiário:
A Noite, Rio de Janeiro, 21 abr 1920, p.5, ano X, n.3.003.
Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 27 abr 1920, p.4, ano XIX, n.7.728.
A cinematografia nacional – Coração de gaúcho, película editada pela Guanabara-Film – A sua exibição, hoje, no Cinema Central. O Jornal, Rio de Janeiro, 29 abr 1920, p.14, ano II, n.317. [com foto]
Anúncio. O Jornal, Rio de Janeiro, 29 abr 1920, p.14, ano II, n.317.
Coração de gaúcho. Palcos e Telas – Revista Theatral Cinematographica, Rio de Janeiro, 29 abr 1920, p.6, ano III, n.110.
Anúncio. O Jornal, Rio de Janeiro, 1º maio 1920, p.11, ano II, n.319.
Central – Guanabara – Coração de gaúcho. Palcos e Telas – Revista Theatral Cinematographica, Rio de Janeiro, 6 maio 1920, p.12, ano III, n.111.
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Exibições
• Rio de Janeiro (DF), Cinema Pathé, 22 abr 1920, qui, 10h (especial para imprensa)
• Rio de Janeiro (DF), Cinema Central (Av. Rio Branco, 168), 29 abr-2 maio 1920, qui-dom (+ O Macaco sábio, John Martin)
• Rio de Janeiro (DF), Cinema Paris, 3-5 maio 1920, seg-qua