Caquinha superstar a go-go (1996)

Brasil (SC-RS)
Longa-metragem | Ficção
VHS, cor, 68 min

Direção: Petter Baiestorf.
Companhia produtora: Canibal Produções; Mabuse Produções

Lançamento: VHS 1996

 

Na década de 1990, um dos pioneiros do cinema fantástico produzido no Rio Grande do Sul, Cesar Coffin Souza, se uniu ao jovem e ousado diretor catarinense Petter Baiestorf com o objetivo de produzir fitas transgressoras, comercializadas no formato VHS. O resultado foi a junção das produtoras Mabuse Produções (RS) e Canibal Produções (SC), responsáveis por este pitoresco Caquinha superstar a go-go, entre muitos outros filmes. O protagonista é um deficiente mental, que mora com a esposa em uma região florestal, afastada da civilização. O casal é claramente feliz, e adota uma rotina pouco convencional, marcada por uma mistura de sexo e excentricidades. As cenas incluem práticas de coprofagia (ingestão de cocô), chuva dourada (culto à urina) e emetofilia (o "banho romano", equivalente ao fetiche de ter prazer com o vômito alheio).

A tranquilidade da dupla é quebrada pela chegada de dois caçadores de animais, que surgem no matagal e tomam atitudes mais chocantes do que as descritas anteriormente – já que estupram e matam a esposa de Caquinha. Impactado pela brutalidade dos invasores, o protagonista não tem outra alternativa a não ser assassiná-los. A seguir, o recém-viúvo precisa lidar com um padre que não perde a oportunidade de tentar transar com o cadáver de sua finada mulher, em uma cova. Livre, Caquinha parte pelo mundo, em busca de novas aventuras, deparando-se com toda sorte de seres humanos. Em outro momento, ele escuta alguém proferir: "você deve estar dois graus abaixo da escala humana". Esse interlocutor, supostamente um ecologista respeitável, recém havia matado um macaco indefeso. Uma das forças do roteiro é justamente essa: questionar até que ponto a sociedade está correta em definir aquilo que é certo, errado, normal, anormal, a partir de regras morais que costumam ser impostos a todos.

Petter Baiestorf destaca em seu livro Canibal Filmes – Os bastidores da gorechanchada, que considera o resultado final muito caótico, apesar de gostar da trilha sonora. Nessa obra, Baiestorf confirma que teve divergências criativas com Cesar Souza, já que o gaúcho queria uma abordagem mais próxima do terrir (terror + comédia), enquanto ele buscava um musical de horror. Ao fim e ao cabo, a proposta é a primeira da Canibal-Mabuse a se afastar de um terror mais tradicional, indo para um rumo de crítica social e choque. As filmagens foram marcadas por muito frio no interior de Santa Catarina, em meio ao inverno. O personagem Caquinha havia aparecido em O Monstro Legume do espaço (P. Baiestorf, 1995), feito por outro ator.

Outros membros da equipe são os gaúchos Júlio Freitas, maquiador de teatro em Porto Alegre, que fez uma das cabeças decepadas, e Rogério Baldino (Fatman & Robada, 1997). E o pernambucano Ricardo Spencer, que "havia feito inúmeras cabeças decepadas para os filmes Corisco e Dadá (Rosemberg Cariry, 1996) e O Baile perfumado (Paulo Caldas, Lírio Ferreira, 1996), e nos enviou duas cabeças após terem sido usadas nessas produções", esclarece Baiestorf (p.145). Na época, o orçamento foi de R$ 800,00 (cerca de R$ 3.250,00 em 2020).

Sinopse


Cartela inicial: // ... e a humanidade continua defecando... //

Caquinha, um ser com necessidades especiais, vive com sua esposa numa floresta encantada onde cantam, dançam e comem fezes com alegria e companheirismo – até o casal se deparar com a maldade humana.

Letreiros ao longo do filme: // "Tudo é amor na pocilga de Caquinha" // "Lena se fode de vez" // "Caquinha come a rosquinha do Padre" // "Caquinha é nosso rei" //

Ficha técnica


ELENCO
Estrelado por: E. B. Toniolli (Caquinha), Madame Z (Lena).
Cesar Coffin Souza (Caçador 2), Marcos Braun (Padre), Jorge Timm (Caçador 1),
Airton Bratz (Ecologista 1), Onesia Liotto (Modelo 1), Rogério Baldino (Ecologista 2),
José Bernardes (Cego), Nelson Reinheimer (Manco), Doroti Timm (Modelo 2), Gisele Timm (Modelo 3), Sônia Liotto (Modelo 4).
Animal: Mimosinha (vaca Mimosa).
P* à disposição: Blanca, Magda, Valéria X, Osvaldão.

DIREÇÃO
Direção: Petter Baiestorf.
Assistência de direção: Marcos Braun.

ROTEIRO
Roteiro: Petter Baiestorf.

PRODUÇÃO
Produção executiva: Claudio Baiestorf, Jorge Timm.
Produção: Cesar Coffin Souza, Petter Baiestorf.
Assistência de Mr. Souza: Petter Baiestorf.
Assistência de Mr. Baiestorf: Cesar Coffin Souza.
Coprodução: E. B. Toniolli.
Assistência de produção: Jorge Hippler, Carli Bortolanza, Eneli Bucks, Loures Jahnke.
Alimentação: Doroti Timm / Restaurante do Jorjão.
Motoristas: Claudio Baiestorf, Jorge Timm.

FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Petter Baiestorf.
Iluminação: Claudio Baiestorf, Marcos Braun, Rogério Baldino.

ARTE
Efeitos especiais e efeitos de maquiagem: Carli Bortolanza, Cesar Coffin Souza, Ricardo Spencer, Júlio Freitas.
Figurino: Madame Z.

SOM
Som direto: não creditado.

MÚSICA
Trilha sonora original: Os Pessimistas.
Banda (não creditada): Trap: Jonny (voz, guitarra, percussão, violão), Renato (guitarras, voz, percussão), Thiago (bateria, percussão), Corradi (baixo). Convidados especiais: Wilson (percussão), Manuela (letra e voz em "Ok to die"). Arranjos: Trap.

Músicas:
• "Caquinha superstar (1)" (Jonny) por Trap
• "Mina (Lena)" (Jonny) por Trap
• "Mina (Lena)" (Jonny) a cappela
• "The Hunt" (Jonny) por Trap
• "Ok to die" (música: Renato, letra: Manuela) por Trap e Manuela
• "Bliss"(música, letra: Jonny) por Trap
• " Somebody's soup" (Jonny) por Trap
• "Caquinha é nosso rei" (música: Jonny, Renato, letra: Petter Baiestorff) por Trap e Coro: Os Pessimistas
• "Date" (música, letra: Jonny) por Trap
• "Caquinha superstar (2)" (Jonny) por Trap
• "Caquinha superstar (3)" (Jonny) por Trap
• "Go, baby, grow!" (Jonny) por Trap
• "Growing up beetwin trees"
• "Someday"(música: Guilherme, Snooze: Fabinho, Daniel, Rafael Jr., letra: Daniel) por Trap
• "Caquinha superstar (4)" (Jonny) por Trap
• "Sinister Caquinha"

Seleção musical adicional: Petter Baiestorf.

Músicas:
• por The Milkshakes
• por Jack Rabbit
• por Ralph Nielsen
• por Mechanica
• por Al the Gates
• por Zumbi do Mato
• por Korroskada
• por Four Square Symphony Orchestra

Músicas (não creditadas):
• "Theme from Attack of the killer tomatoes" (música, letra: John De Bello) por Lewis Lee [filme: O Ataque dos tomates assassinos / Attack of the killer tomatoes!, John De Bello, 1977, US]
• "You never can tell" (Chuck Berry) por Chuck Berry

FINALIZAÇÃO
Montagem: Petter Baiestorf, Cesar Coffin Souza.
Técnicos de efeitos visuais: Cesar Coffin Souza, Petter Baiestorf.

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Efeitos especiais e efeitos de maquiagem: Gore G. G. Efeitos.
Efeitos visuais: Technoshit FX.

MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Canibal Produções (Palmitos, SC); Mabuse Produções (Porto Alegre, RS).

AGRADECIMENTOS
Agradecimentos: Drury's, Polar, Conhaque Presidente, Jontex, Caninha 51, Velho Barreiro, Coke Diet, Green Valley, marijuana bad taste, ass = uísque (como é bom!!!!).
Agradecimentos por não terem aparecido no set de filmagens: Simão – O Branco, a Mulé do Benhééé, Caca Papa & Caca Mama.

FILMAGENS
Brasil / SC, em Palmitos.
Período: 1º e 2 de junho de 1996, sábado e domingo.

ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:07:43
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela: 1.33
Formato de captação: VHS
Formato de exibição: VHS

DIVULGAÇÃO

DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa: 18 anos.
VHS: Distribuição: Canibal-Mabuse.
Contato: Canibal Filmes (Palmitos, SC).

OBSERVAÇÕES
Créditos iniciais: // Orgulhosamente Canibal-Mabuse apresenta //
Créditos finais: // Presenteie quem você ama com um Boneco Caquinha da Canibal Brinquedos. / Nenhuma rosquinha de padre foi deflorada durante as filmagens. / Filmado em 70 mm; Dolby Stereo; VHS. // Copyright © 1996. Canibal City. / The Marcílio is fodão. //

Créditos finais de difícil leitura, cotejados com BAIESTORF, 2020.

Títulos alternativos: Caquinha superstar a go go (cf. créditos)
Grafias alternativas: Petter Bastard (direção de fotografia) e Peter Bastard, Lady Fuck (técnicos de efeitos visuais), pseudônimos de Petter Baiestorf | Cesar Souza e Souza Psycho (técnicos de efeitos visuais) | E. B. Toniolli e Elson Bruno Toniolli (coprodução) | Canibal-Mabuse | "It's ok to die" | "Go baby go" | Manu | Canibal City [= Palmitos] | Susana Manica [= Madame Z]
Grafias alternativas (funções): Figurinos | Efeitos de maquiagens | Trilha sonora composta por | Cozinha | Trilha sonora adicional

DISCOGRAFIA
CD + K7: Trap. Caquinha superstar a go-go – A trilha!!! – Trilha sonora composta e executada por Trap para filme de Petter Baiestorf. Um lançamento da Canibal Produções (Palmitos, SC), Abrigo Nuclear Records (Jaraguá do Sul, SC) e Stropharia Records (São Paulo, SP). Trilha gravada em 8 canais digitais no Estúdio MK (São Paulo, SP) em agosto de 1996. Técnicos de gravação: Plínio, Jorge, Ítalo. Masterização: Jonny. Coro em "Caquinha é nosso rei": Os Pessimistas. © 1996-97. Foto da capa: ator E. B. Toniolli. [imagem desta página]
Trap: Jonny (voz, guitarra, percussão, violão), Renato (guitarra, voz, percussão), Thiago (bateria, percussão), Corradi (baixo); + Felipe 'Fipa' (faixas 12, 13). Convidados especiais: Wilson (percussão), Manuela (letra e voz em "Ok to die"). Arranjos: Trap.

CD:
01. "Caquinha superstar" (Jonny)
02. "Mina (Lena) " (Jonny)
03. "Bliss" (música, letra: Jonny)
04. "Go, baby, grow!" (música, letra: Jonny)
05. "Ok to die" (música: Renato, letra: Manuela)
06. "Someday" (música: Guilherme, Snooze: Fabinho, Daniel, Rafael Jr., letra: Daniel)
07. "Somebody's soup" (Jonny)
08. "Caquinha superstar II" (Jonny)
09. "Caquinha é nosso rei" (música: Jonny, Renato, letra: Petter Baiestorff) + "Date" (música, letra: Jonny)
10. "The Hunt" (Jonny)
11. "Caquinha ao violão" (Jonny)
12. "Somebody's soup" (Jonny) live / ao vivo
13. "Go, baby, grow!" (música, letra: Jonny) live / ao vivo

K7:
A1. "Caquinha superstar"
A2. "Mina (Lena)"
A3. "Bliss"
A4. "Suspiria"
A5. "Go, baby, grow!"
A6. "Someday"
A7. "The Horror, The Horror"
A8. "Caquinha superstar II"
B1. "Ok to die"
B2. "The Hunt"
B3. "Take off"
B4. "Caquinha é nosso rei"
B5. "Date"
B6. "Somebody's soup"
B7. "Lena está morta"
B8. "Mina (Lena)" sexy bass version
B9. "Caquinha ao violão"

BIBLIOGRAFIA
BAIESTORF, Petter. Canibal Filmes – Os bastidores da gorechanchada. Pinhais, PR: Sangue TV; Pitomba!, 2020. 545p. il. [sobre Caquinha superstar a go-go, p.140-153]

Exibições


• comercializado em VHS a partir de 1996

• disponível para download gratuito em:
https://canibuk.wordpress.com/

Como citar o Portal


Para citar o Portal do Cinema Gaúcho como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
Caquinha superstar a go-go. In: PORTAL do Cinema Gaúcho. Porto Alegre: Cinemateca Paulo Amorim, 2025. Disponível em: https://cinematecapauloamorim.com.br//portaldocinemagaucho/2383/caquinha-superstar-a-go-go. Acesso em: 19 de julho de 2025.