Porto Alegre Social Forum – Un altro mondo è possibile (2001)
Itália
Longa-metragem | Não ficção
cor, 95 min
Companhia produtora: Editrice FILEF Federazione Italiana Lavoratori Emigrati e Famiglie
Primeira exibição: Roma (IT), Piazza Farnese, 15 jul 2001, dom, 21h (presenza di una delegazione del MST guidata da Lucia Marina dos Santos)
Primeira exibição RS: Porto Alegre (RS), Um Outro olhar é possível – Forum Mundial do Audiovisual 2002, Santander Cultural-Espaço Multimídia, 4 fev 2002, seg, 11h (especial, presença de Torelli e Saraceni)
Porto Alegre Social Forum – Un altro mondo è possibile é um documentário italiano, dirigido por Roberto Torelli. O cineasta veio ao Brasil acompanhar a primeira edição do Fórum Social Mundial, evento que reúne políticos, ativistas e movimentos sociais de esquerda, tendo sido realizado em várias oportunidades na capital gaúcha. O título da obra faz alusão ao slogan adotado pelos próprios organizadores do FSM, que costumam dizer que "outro mundo é possível". Tradicionalmente, o Fórum Social Mundial acontece no fim do mês de janeiro, na mesma data do Fórum Econômico Mundial, de Davos (Suíça), numa estratégia de enfrentamento com um congresso mais associado à defesa do sistema capitalista e aos interesses de países ricos, afirmam seus críticos.
A proposta lembra outro título semelhante produzido no Rio Grande do Sul no mesmo período: Davos, Porto Alegre et autres batailles (2003), do francês Vincent Glenn, lançado em DVD. Ambos os trabalhos procuram registrar as atividades que aconteceram no campus central da PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, sede do Fórum, e conversar com os participantes – anônimos ou não. Mas há diferenças: no filme de Glenn, há um pequeno espaço para o contraditório, já que também existem cenas e falas vindas de Davos. No caso de Porto Alegre Social Forum – Un altro mondo è possibile, o diretor Roberto Torelli não permite concessões, e faz um trabalho militante, que oferece espaço apenas para quem concorda com a linha de pensamento proposta, num tom de verdade absoluta.
Ao contrário de Glenn, Torelli não fica restrito ao que ocorre na PUCRS, e sai bastante para a rua, a fim de filmar a rotina e a realidade de vários personagens. Ele faz questão de apresentar a capital gaúcha para o público de seu país, mencionando a importância das colonizações italiana e alemã no estado. Ouve os jovens acampados no Parque da Harmonia. Leva sua câmera até o interior, captando a insatisfação de camponeses de Não-Me-Toque com a empresa multinacional Monsanto, acusada de prejudicar a natureza com o uso de produtos transgênicos. Passa também por Ronda Alta, contando a história da Encruzilhada Natalino, local que abrigou grande quantidade de trabalhadores rurais no final dos anos 1980, no que foi uma espécie de embrião do MST Movimento Sem Terra.
Lideranças políticas gaúchas também falam, casos de Tarso Genro (então prefeito de Porto Alegre) e Olívio Dutra (então governador do Rio Grande do Sul). Em determinado momento, o documentário mostra até os bastidores de uma festa pelo aniversário de criação do PT Partido dos Trabalhadores, com a presença de Luiz Inácio Lula da Silva. O filme traz depoimentos de diversas personalidades, como Adolfo Pérez Esquivel (escritor argentino agraciado com o Prêmio Nobel da Paz), Hebe de Bonafini (fundadora da associação argentina Mães da Praça de Maio), José Bové (sindicalista francês que concorreu à presidência da França, e foi preso por destruir uma loja McDonald's) e Sebastião Salgado (fotógrafo brasileiro). Trechos de performances de artistas como Tom Zé e Leci Brandão. O documentário conta com a supervisão do cinemanovista Paulo Cezar Saraceni (1932-2012). Morelli é codiretor com Marco Giusti e Sal Mineo (pseudônimo de Carlo Freccero) de: Bella ciao – Genova Social Forum – Un altro mondo è possibile (2001).
As três primeiras edições do FSM Fórum Social Mundial acontecem em Porto Alegre: 25 a 30 de janeiro de 2001, 31 jan-5 fev 2002, 23-28 jan 2003.
Em 16-21 jan 2004 acontece em Mumbai (IN). Volta a ocorrer em Porto Alegre em 2005, 2012, 2014, 2016, 2017.
Documentários longos sobre o FSM:
[FSM 2001] Porto Alegre Social Forum – Un altro mondo è possibile (Roberto Torelli, 2001)
[FSM 2001] Davos, Porto Alegre et autres batailles (Vincent Glenn, 2003)
[FSM 2001] A Voz da ponta – A favela vai ao Fórum Social Mundial (Daniela Broitman, Fernando Salis, 2003)
[FSM 2005] Meu Brasil (Daniela Broitman, 2007)
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Sinopse
Diante de rios e florestas, um locutor informa a importância de se cuidar da terra. Isso porque muitas pessoas vivem da terra ou precisam dela para morar. Em seguida, surgem as primeiras cenas de Porto Alegre, focalizando a entrada da cidade e pontos importantes do Centro Histórico. É dito que Porto Alegre é "uma cidade bela e orgulhosa de ser uma das capitais com melhor qualidade de vida do Brasil". A colonização alemã e italiana, ocorrida ao longo do século XVIII, é enaltecida – ainda que não seja mencionada a contribuição dos povos açorianos. A forte vida cultural e as boas gestões municipais são citadas.
No campus central da PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a plateia do Fórum Social Mundial aplaude uma palestra do sindicalista francês José Bové, que afirma que a humanidade corre risco de extinção, e que é preciso resistir. João Pedro Stédile, liderança do MST Movimento Sem Terra diz que persegue uma sociedade democrática, justa, igualitária. Para isso, busca viabilizar o acesso ao latifúndio, questionar o capitalismo, combater a ignorância – essa última através da educação, via Paulo Freire.
Em Não-Me-Toque, no interior gaúcho, o deputado estadual Adão Pretto (PT) critica a empresa Monsanto, que estaria prejudicando a natureza ao trabalhar com transgênicos. Diz que o objetivo é transformar o Brasil novamente numa colônia, submetida aos interesses de uma grande corporação internacional. A fim de protestarem, moradores locais se articulam para uma manifestação. A turba chega a derrubar um portão, enfurecida. Presente, o diretor Paulo Cezar Saraceni entra no mesmo espírito da mobilização: "O cinema americano ocupa 90% das nossas telas. Somos sem tela. Queremos mudar essa situação. O cinema americano é um cinema transgênico", ironiza.
Na noite de Porto Alegre, no Parque da Harmonia, indivíduos que viajaram para assistir os debates do Fórum descansam, em barracas improvisadas. Há pessoas de todas as origens, incluindo negros e indígenas. Um estudante diz que quer se "aglutinar na luta contra o capital, para derrotar o racismo, a opressão, o desemprego, a discriminação". Vincula tais problemas a um modelo econômico que crê ser equivocado. "Um novo mundo só será construído se a gente conseguir construir o socialismo", sustenta.
Em Ronda Alta, um frei franciscano conta que a cidade recebeu uma grande quantidade de famílias que haviam ficado sem moradia, na década de 1980. Ali se articulou o primeiro grande acampamento capaz de reunir pessoas em situação de vulnerabilidade: a Encruzilhada Natalino. A imprensa ajudou a trazer as informações sobre o problema, que ganhou conotação política e chamou a atenção do regime militar da época. Relatos de repressão policial passaram a ser registrados, e bispos atuaram para ajudar os necessitados. Em Encruzilhada Natalino. Placa: // Monumento em homenagem aos 10 anos da retomada da luta pela terra. 7-9-1979. 7-9-1989. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Escultor: Ale Zanonato. //
Com base nesses fatos, o escritor Adolfo Pérez Esquivel (ganhador do Nobel da Paz) opina que o MST tentou mudar a história do Brasil. Dessa forma, seria o símbolo de resistência de um povo, que quis alterar o seu próprio destino. Por sua vez, o fotógrafo Sebastião Salgado declara que o Fórum nasceu como uma reação consciente diante de violências e desigualdades. A presidente da Associação das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini é ainda mais dura: chama participantes do Fórum rival (o de Davos) de assassinos, por geraram desemprego, fome e mortes. O encontro de Porto Alegre se encerra com apresentações musicais, fogos de artifícios e um discurso de que "a luta recém começou".
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Ficha técnica
IDENTIDADES
Ordem de identificação: Tom Zé (cantor, compositor), José Bové (Confédération Paysanne), João Pedro Stedile (Movimento Sem Terra), Eliades Ochoa y el Cuarteto Patria (músicos), frei Orestes (frade franciscano / francescano), frei Fabio (frade franciscano), frei Isnar (frade franciscano), frei Leonir (frade franciscano), Adão Pretto (deputado federal PT-RS 1999-2003), Antonio Gringo (cantor, compositor), frei Sergio (frade franciscano), Paulo Cezar Saraceni (cineasta), Tarso Genro (prefeito de Porto Alegre PT-RS 2001-2002), Marta Suplicy (prefeita de São Paulo PT-SP 2001-2004), Michel Löwy (filósofo), Hebe de Bonafini (presidente Madres de Plaza de Mayo, Argentina), Emir Sader (sociólogo), Somsak Kosaisook (Thailandia Transport Workers Federation), Hibraim Aboussal (Programme Eau, França), Nicola Nicolosi (Sindacato CGIL, Itália), Wilma Mazza (Radio Sherwood, Itália), Pierluigi Sullo (Charta, Itália), Danielle Mitterrand (France Liberté), Tomás Balduíno (bispo de Goiás 1967-1998, presidente CPT Comissão Pastoral da Terra 1997-1999), Leci Brandão (cantora, compositora), frei Arnildo (frade capuchinho / cappuccino), Isidoro (ocupante Encruzilhada Natalino), Adolfo Pérez Esquivel (prêmio Nobel da Paz 1980, Argentina), Sebastião Salgado (fotógrafo), Olívio Dutra (governador PT-RS 1999-2002), Luiz Inácio Lula da Silva (presidente honorário PT), Aloizio Mercadante (deputado federal PT-SP 1999-2003), Marcos Rolim (deputado federal PT-RS 1999-2003, presidente Comissão de Direitos Humanos, Brasília), dom Orlando Dotti (bispo de Vacaria 1986-2003, Comissão Pastoral da Terra), Jesus de Bortoli (agricultor).
Não creditados: Cláudia Sachs (apresentadora), Celina Alcântara (atriz).
Narração: Antonio Tabucchi.
DIREÇÃO
Direção: Roberto Torelli.
Supervisão: Paulo Cezar Saraceni.
ROTEIRO
Appunti di viaggio: Sergio Vecchio.
Tradução: Marco Rostagno.
I testi da Antonio Tabucchi, oltre che allo stesso Tabucchi, appartengono a:
Häfiz;
Canzonieri – Enciclopedia Geográfica Zanichelli, 2001;
Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto;
Cantico delle creature / Cantico di fratre Sole [Cântico das criaturas / Cântico do irmão Sol], de São Francisco de Assis.
PRODUÇÃO
Produção: Roberto Torelli.
Produção executiva: Stefania Pieri.
FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Marco Miccadei.
Operação de câmera betacam del concerto de Eliades Ochoa y el Cuarteto Patria: Vitor Ochôa.
Operação de câmera MiniDV: Roberto Torelli.
MÚSICA
Músicas (ordem de inserção):
• "2001" (Os Mutantes, Tom Zé) por Tom Zé
• "Revolta Olodum" por Olodum
• "Guantanamera" (música: Joseito Fernández, letra en español: Julián Orbón, adaptada de las primeras estrofas de los Versos sencillos, de José Martí) [Héctor Angulo e Pete Seeger, que às vezes aparecem como coautores, apenas popularizaram internacionalmente a canção...] por Eliades Ochoa y el Cuarteto Patria
• "Mérica Mérica" (folclore italiano) por Antonio Gringo
• "Zé do Caroço" (música, letra: Leci Brandão; samba) por Leci Brandão
• "Chan chan" (música, letra en español: Francisco Repilado 'Compay Segundo'; son) por Eliades Ochoa y el Cuarteto Patria
• "El Carretero" (música, letra en español: Guillermo Portabales) por Eliades Ochoa y el Cuarteto Patria
• "Como cambian los tempos" (música, letra en español: Lorenzo Hierrezuelo; son montuno) por Eliades Ochoa y el Cuarteto Patria
ARQUIVO
Filme: O Arquiteto da violência (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST-BR; Comissão Pastoral da Terra CPT-BR, 17 min) [cópia disponível no YouTube]
FINALIZAÇÃO
Montagem: Roberta Canepa.
Pré-montagem: Roberto Torelli, Paolo Laici.
Efeitos especiais: Ferro Piludu, Lucilla Salimei, Paul Sassine.
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Câmera: Betacam Digital SX; Mini DV SNAP.
Pós-produção: Francesco Torelli Productions.
Edição: Santini Edizioni.
Legendagem: Atlante.
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Editrice FILEF Federazione Italiana Lavoratori Emigrati e Famiglie (Roma).
Marco Giusti; Sperimentazione RaiDue; FILEF Federazione Italiana Lavoratori Emigrati e Famiglie (Roma).
Una produzione Roberto Torelli / Editrice FILEF realizzata per il I Forum Social Mundial (Porto Alegre) a cura di Stefania Pieri, Rodolfo Ricci, Franco Cornero, frei Orestes.
Un film realizzato dalla FILEF in occasione del centenario della nascita di Carlo Levi (1902-1975).
AGRADECIMENTOS
Un ringraziamento fraterno a Guia Croce, frate Lido, Cristina e Francesco Torelli, Nino Criscenti.
Si ringrazia il Forum Social Mundial e la TVE per la concessione dele immagini dei concerti, il Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e la Comissão Pastoral da Terra per la sequenze tratte da O Arquiteto da violência.
In Brasile: Secretaria da Cultura / Estado do Rio Grande do Sul, segreteria organizativa 1 Forum Social Mundial, MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Direção Nacional São Paulo, MST Porto Alegre e Rio Grande do Sul, FILEF Brasile, INCA CGIL Porto Alegre, Televisão Educativa TVE (Porto Alegre).
In Italia: Comitato d'Appoggio MST Roma, FIEI Nazionale, www.bravaitalia.com, UNI TELEFILM, CGIL Nazionale.
Tutte le persone che con la loro pazienza hanno reso possibile la realizzazione del film: Beth Formaggini, Paulo Ricardo Zilio, Denise Mantovani, Bebê, Giovanna Pugliese, Nicoletta Arcamone, Socrate Mattoli, Emerson Weirich, Luciano Vanni, Nicia Nogara, Alessandro Cattaneo, Roberta Gruciani, Lunella De Santis, Paolo Grana, Piero Serafini, Amato Mastrogiovanni, Serena Romagnoli, Cristiano Marcellino, Rita Riccio, Patrizia Barberis, Alberto Gabrielli de L'Arsenale di Pisa, Cristina Piccino, Chiara Capini, Angelo Trento, Cecilia Pero, Ana Lucia Belardinelli, Marie Agnès De Nobecourt, Leonardo Giannatasio, Luciana Castellina, Flavia Giannoni di Legambiente, Roberto Bordoni, Maurizio Capitoli, Fulvio Toffoli, Riccardo Baldazzi, Michele Sessa, Silvia Resta, Francesco Berrettini, Paola Picone, Carlotta e Gianpaolo Santini, Paola Capitanucci, Silvia Moraes, Antonio Altieri, Francesca Todini e la redazione di Stracult, Miguel Stedeli, Luiz Marquez, le voce del doppiagio, Ennio Libralesso, Roberto Draghetti, Pierluigi Astore, Alberto Caneva, Patrizia Salerno, Angelina Quinterno, Germano Basile, Massimo Milazzo.
Dedicatória: A Gregory Corso e Lulette Casanova.
FILMAGENS
Brasil / RS, em
Porto Alegre, durante o I FSM Fórum Social Mundial (25 a 30 de janeiro de 2001), no prédio 40 da PUCRS, e em diversos lugares, tais como: fachada da Prefeitura, ruas do Centro Histórico, Usina do Gasômetro; no Anfiteatro Pôr-do-Sol;
Não-Me-Toque, no Centro de Pastoral Cristo;
Encruzilhada Natalino.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:35:32 (vimeo)
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela:
Formato de captação:
Formato de exibição:
Idioma: Italiano, português.
DIVULGAÇÃO
Promoção e assessoria de imprensa: Antonella Marra.
DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa:
Contato:
OBSERVAÇÕES
Créditos em italiano.
Grafias alternativas: Victor Ochoa | Martha Matarazzo Suplicy | Perez Esquivel | Luiz Ignacio Lula da Silva | Beci Formaggini | "Astronauta libertado" [= "2001"] | Forum Social Mundial
Grafias alternativas (funções, em italiano): Promozione e ufficio stampa | Postproduzione | Mezzi tecnici delle riprese effettuate in betacam digitale sx e minidv SNAP | Edizione | Sottotitoli
BIBLIOGRAFIA
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Exibições
• Roma (IT), Piazza Farnese, 15 jul 2001, dom, 21h (presenza di una delegazione del MST guidata da Lucia Marina dos Santos)
• Genova (IT), Giardino Acquasola-Piazza Corvetto, in occasione delle manifestazioni del Genoa Social Forum, 17 jul 2001, ter, 20h
• Sperimentazione RaiDue (IT), 18 jul 2001, qua, 24h
• Porto Alegre (RS), Um Outro olhar é possível – Fórum Mundial do Audiovisual 2002, Santander Cultural-Espaço Multimídia, 4 fev 2002, seg, 11h (especial, com presença de Torelli e Saraceni)
• YouTube, disponível desde 26 dez 2015
• vimeo: https://vimeo.com/22761523