Câncer – Sem medo da palavra (2009)
Brasil (RS)
Longa-metragem | Não ficção | Universitário
cor, 66 min
Companhia produtora: Finish Produtora
Primeira exibição: Santa Maria (RS), Salão de Atos da UNIFRA, 6 abr 2009, seg
Câncer – Sem medo da palavra é o resultado prático de uma disciplina chamada "Psicologia e Cinema", realizada durante o primeiro semestre de 2006 junto ao Centro Universitário Franciscano UNIFRA, em Santa Maria. A atividade foi ministrada pelo cineasta Luiz Alberto Cassol e pelo psicólogo Silvio Iensen, e teve a participação dos alunos do curso de Psicologia, supervisionados por profissionais e técnicos da indústria audiovisual. O filme teve como objetivo investigar a visão de profissionais da área da saúde sobre a doença, além de saber como se estabelece a relação dos pacientes com o câncer após receberam o diagnóstico e fazerem o tratamento.
Com pouco mais de uma hora, o documentário apresenta apenas sete entrevistados: um médico, uma enfermeira, um universitário, uma dona-de-casa, a zeladora da Catedral Diocesana e dois irmãos cabeleireiros. O roteiro foi construído a partir da constatação de que o medo e o preconceito sempre acompanharam a palavra câncer – a ponto de algumas pessoas sequer se referirem a ela utilizando este termo. Ajudar a superar esse receio foi a principal mensagem deixada pela produção, que também aborda outros temas, como os avanços das pesquisas científicas, a reação dos doentes ao problema, os efeitos colaterais registrados e a importância de uma rede de apoio (familiar ou hospitalar) no processo da cura.
Trata-se de um documentário com tom positivo e otimista, que oferece conforto e esperança. Não há depoimentos póstumos de pessoas que morreram de câncer, e sim uma celebração da vitória daqueles que conseguiram superar tumores malignos. Os entrevistados conservam a seriedade que se espera para o assunto, e apenas um ou outro emite uma fala mais emotiva – sem que se caia em exploração ou sensacionalismo. Muitas das falas refletem esse espírito: "O negócio é lutar", "Para Deus, nada é impossível", "Meu projeto de vida é viver", "As pessoas de fora enxergam a gente pior do que a gente mesmo se vê". A produção é dedicada à memória de Jéssica Silveira Camargo (2002-2007), que não aparece na tela, mas tem sua história relatada pela mãe. Jéssica ainda estava viva durante o período em que o depoimento da mãe foi dado.
A estreia acontece no Salão de Atos da UNIFRA, em abril de 2009. O filme foi selecionado para ser exibido em todo o circuito cineclubista nacional, a partir de uma ação do CNC Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros. Com isso, passou em cidades como Atibaia (SP), Goiânia (GO), Florianópolis (SC), Laguna (SC), Belém (PA), Natal (RN), além das gaúchas Arroio Grande, Rio Pardo, São Vicente do Sul. Também foi apresentado no exterior, caso da cidade argentina de Oberá, na província de Misiones.
Três pessoas estiveram mais diretamente envolvidas com o projeto. Elas se revezaram em várias tarefas: Luiz Alberto Cassol fez direção, montagem, pesquisa e produção executiva; Cristian Lüdtke foi produtor e diretor de fotografia; e Silvio Iensen fez produção e pesquisa. Antes, Iensen e Cassol haviam lançado o documentário de curta-metragem inSanidades (2004), que discute a loucura. Silvio Iensen é psicólogo, com doutorado na área, enquanto Cristian Ludtke veio da Ciências da Computação para fundar a Finish Produtora, responsável pela distribuição do longa. Natural de Santa Maria, o diretor Luiz Alberto Cassol realizou uma série de documentários sobre assuntos variados, como Super 70 (2006, curta), mas também fez obras de ficção, como Grito (2018, curta). Presidente do IECINE entre 2011 e 2014.
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Sinopse
O início é uma sequência de cenas como um making of. O diretor aparece conversando com seus entrevistados e lendo documentos que explicam as intenções do filme, solicitando a respectiva autorização para a exibição das imagens deles. Os papéis dão aos participantes o direito de desistirem da colaboração, a qualquer momento. Os personagens da história são pessoas diretamente envolvidas com o câncer: pacientes que tiveram a doença, um médico com experiência no tratamento, uma enfermeira que acompanhou a rotina de muitos doentes.
O médico informa que o câncer deixou de ser uma doença fatal, uma vez que novos tratamentos tornaram o seu controle possível em muitos casos. Para ele, o Brasil consegue aplicar, com êxito, todas as novidades científicas advindas do exterior – mas ainda estaria muito atrasado em termos de investimento em pesquisas quando comparado aos Estados Unidos e Europa. O doutor divide as incidências em três tipos: os cânceres que podem ser curáveis, os "cronificáveis" (que não são curáveis, mas podem ser administrados), os terminais (quando não há mais chance de salvamento). Especializado em oncologia, ele afirma que um médico dessa área deve possuir mais do que o conhecimento teórico: é fundamental que tenha a sensibilidade para lidar com o ser humano. A curiosidade maior é que ele mesmo teve que lidar com o problema, no passado. E não apenas uma, mas duas vezes: um câncer que era considerado superado voltou a se manifestar em seu organismo, anos depois da primeira ocorrência.
Entre os depoimentos das pessoas comuns que tiveram câncer, o testemunho de uma mulher, que descobriu um total de 17 nódulos nas axilas. Ela precisou remover a mama e é grata à medicina, mas crê que se salvou graças a um milagre, em função de muitas orações feitas. Um cabeleireiro, por sua vez, disse que passou a ter certeza da cura após ouvir que 60% da reação dependeria do fator psicológico. Esse homem tinha tanta vontade de seguir vivendo que foi atender um cliente pouco tempo depois de passar por uma grande cirurgia. Outro rapaz conta que o pior momento para ele foi o dia quando decidiu sair para a rua, se deparando com moças da sua idade. Como tinha um visual pouco saudável (muito pálido e magro) recebeu olhares de estranheza e inquietação, que não lhe transmitiram nenhum apoio ou solidariedade. Foi quando ele percebeu que tinha uma doença grave.
A enfermeira conta histórias de vida, que a fizeram repensar a sua própria maneira de enxergar as adversidades da existência, tornando questões do cotidiano menores. Um episódio que a marcou foi o de uma menina que começou a se tratar com apenas oito meses de idade. Ela tinha o sonho de usar cabelos compridos, mas não podia fazê-lo, em função da quimioterapia afetar o seu couro cabeludo. Muitos anos depois, já curada, deixou crescer as longas madeixas que queria.
Segundo a observação da enfermeira, a maioria dos pacientes experimenta os mesmos sentimentos após receber o diagnóstico: há a fase da raiva, o momento da tristeza, a etapa da dúvida (por que foi acontecer justamente comigo?), até culminar na aceitação. Seu principal conselho a todos foi o de jamais desistir do tratamento convencional, ainda que ele pudesse ser complementado de outras formas. Um pensamento ilustra sua visão de mundo otimista, que sempre tentou transmitir aos demais: "O passado é uma história. O futuro é uma dúvida. O presente é uma dádiva".
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Ficha técnica
IDENTIDADES
Ordem de identificação: Waldir Pereira (médico), Simone Nunes (enfermeira), Fernando Culau (universitário), Eva Flores (irmã e zeladora Catedral Diocesana), Ludimar Casagrande (cabeleireiro), Lucimar Casagrande (cabeleireiro), Denise Camargo (dona de casa).
Não creditado: Luiz Alberto Cassol (entrevistador).
DIREÇÃO
Direção: Luiz Alberto Cassol.
ROTEIRO
Argumento e pesquisa desenvolvidos a partir da disciplina Psicologia e Cinema ministrada por Luiz Alberto Cassol e Silvio Iensen no primeiro semestre de 2006 no Centro Universitário Franciscano UNIFRA.
Argumento inicial: Peterson Furlan, Zuriel Christo.
Pesquisa: Luiz Alberto Cassol, Silvio Iensen.
Transcrição das entrevistas: Juliane Fossatti, Ana Paula Bellochio Thones, Daynah Waihrich Leal Giaretton, Diovanna Dias Zanatta, Priscila Ferreira Friggi, Vagner Medeiros.
PRODUÇÃO
Produção: Christian Ludtke, Luiz Alberto Cassol, Silvio Iensen.
Direção de produção: Patrícia Garcia.
Equipe de produção: Fabiano Foggiato, Ricardo Paim, Ana Carolina Seffrin, Mariane Arend, Vagner Medeiros, Zuriel Christo.
Pré-produção: Amanda Dellazzana, Ana Carolina Seffrin, Ana Paula Bellochio Thones, Andressa Brondani, Camila Bevilaqua, Caroline Knackfuss, Cibele Roso Olveira, Cristiane Dias, Christian Martinelli da Silveira, Daiana Schneider Vieira, Daynah Waihrich Leal Giaretton, Diovanna Dias Zanatta, Ellen Klinger, Fernanda Martins Pinto, Fernando Menezes, Francieli Kirinus, Liége Gonçalves, Lucas Vieira Roratto, Maira Dotto Scremin, Mariane Arend, Michele Pivetta de Lara, Mirella Sanfelice, Pâmela Kurtz Cezar, Peterson Furlan, Priscila Ferreira Friggi, Rachel Andreta, Roberta Gomes, Rochelli Pacheco, Tatiana Corino, Thaise Aline Kunzler, Tiago Bertagnolli, Vagner Medeiros, Zuriel Christo (acadêmicos disciplina Psicologia e Cinema).
Transporte: João Rigão.
FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Christian Ludtke, Marcos Borba.
Eletricista chefe: Felipe Iop Capeleto.
Fotografia de cena: Paulo Henrique Teixeira.
Making of: Daiana Schneider Vieira.
SOM
Som direto: Mauricio Stock.
MÚSICA
Trilha sonora: Gerson Rios Leme.
FINALIZAÇÃO
Montagem: Luiz Alberto Cassol.
Desenho de som: Gerson Rios Leme.
Finalização: Maurício Canterle.
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Finish Produtora (Santa Maria).
Patrocínio: UNIFRA Centro Universitário Franciscano, Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, Ciências Humanas-Curso de Psicologia (Santa Maria).
Apoio: Federação Internacional de Cineclubes – 60 years 1947-2007; Conselho Nacional de Cineclubes; Inox – Ideias sempre novas; GRL Áudio Produtora; Estação Cinema-Associação dos Profissionais de Cinema de Santa Maria; Paz Produtora.
AGRADECIMENTOS
Dedicatória: Dedicado à Jéssica Silveira Camargo (2002-2007).
FILMAGENS
Brasil / RS, em Santa Maria.
Período: entrevistas realizadas entre agosto de 2006 e março de 2007.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:06:16
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela: 1.33
Formato de captação:
Formato de exibição:
DIVULGAÇÃO
Material gráfico, incluindo cartaz: Luciano Ribas.
Divulgação: Juliane Fossatti, Diovanna Dias Zanatta.
DISTRIBUIÇÃO
Distribuição: CNC Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros; Filmoteca Carlos Vieira; Cinesud; Filmes de Junho Produtora; Cineclube Lanterninha Aurélio; CESMA Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria.
OBSERVAÇÕES
Créditos finais informam: // Finalização em Santa Maria em março de 2009. //
Página do YouTube postada por Cassol acrescenta distribuição. Os créditos do filme estão cotejados, ampliados e atualizados com as informações desta página do YouTube.
Títulos alternativos: Cáncer, sin miedo a la palavra.
Grafias alternativas: Christian Lüdtke
Grafias alternativas (funções): Fotógrafo still | Decupagem (cf. créditos).
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Exibições
• Santa Maria (RS), Salão de Atos da UNIFRA, 6 abr 2009, seg
• Atibaia (SP), FAIA V Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual-Sessão especial no Fórum da Cidadania na estreia do Circuito Nacional Cineclubista, coordenado pelo CNC Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, Centro de Convenções Vitor Brecheret, 11 jan 2010, seg, 20h30
• Oberá, Provincia de Misiones (AR), 10º Oberá en Cortos [16-20 jul]-Muestras Paralelas-Largometrajes de la Triple Frontera, Casa de la Cultura, 18 jul 2013, qui, 19h
• YouTube, disponível