Viúvas – Performance sobre a ausência (2012)
Brasil (RS)
Longa-metragem | Registro de espetáculo teatral
DVD, cor, 71 min
Companhia produtora: Artéria Filmes; Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz
Primeira exibição: Porto Alegre (RS), Sala P. F. Gastal, 29 maio 2012, ter, 19h
Viúvas – Performance sobre a ausência faz parte da pesquisa teatral que a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz realiza sobre o imaginário latino-americano e sua história recente. Partindo do texto Viúvas, de Ariel Dorfman e Tony Kushner, a Tribo dá continuidade à sua investigação da cena ritual, dentro da vertente do Teatro de Vivência. Viúvas mostra mulheres que lutam pelo direito de saber onde estão os homens que desapareceram ou foram mortos pela ditadura civil e militar que se instalou em seu país. É uma alegoria sobre o que aconteceu nas últimas décadas na América Latina, e a necessidade de manter viva a memória desse tempo de horror, para que não volte mais a acontecer. O Teatro de Vivência do Ói Nóis Aqui Traveiz procura uma forma de relação aberta e sincera com o público, em que atores e espectadores partilhem de uma experiência comum, que tenha intensidade de um acontecimento, capaz de produzir novas formas de percepção.
A primeira temporada aconteceu na Ilha do Presídio, de 20 a 29 de janeiro de 2011.
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Sinopse
Intertítulos iniciais: // Num pequeno povoado nas margens de um rio, mulheres lutam pelo direito de saber onde estão os homens que desapareceram ou foram mortos pela ditadura civil militar que foi instaurada em seu país. // Uma alegoria sobre o que aconteceu nas últimas décadas na América Latina e a necessidade de manter viva a memória deste tempo de horror, para que não volte a acontecer. //
Intertítulo final: // Viúvas foi apresentada na Ilha do Presídio – situada entre as cidades de Porto Alegre e Guaíba – nas ruínas do presídio onde foram encarcerados presos políticos no período da ditadura civil militar no Brasil. //
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Ficha técnica
ELENCO
Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (não creditados): Tânia Farias (Sofia), Paulo Flores, Eugênio Barboza, Marta Haas, Eduardo Cardoso, Caroline Vetori, Jorge Gil, Clélio Cardoso, Renan Leandro, Edgar Alves, Paula Carvalho, Sandra Steil, Roberto Corbo, Anelise Vargas, Alessandro Müller, Alex Pantera, Aline Ferraz, Karina Sieben, Letícia Virtuoso, Raquel Zepka, Paola Mallmann, Camila Alfonso de Almeida, Geison Burgedurf, Cléber Vinícius.
Atores substitutos: Leila Carvalho, Mayura Matos, Daiane Marçal, André de Jesus, Cleber Vinícius.
DIREÇÃO
Direção: Pedro Isaias Lucas.
Direção (espetáculo): Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz.
ROTEIRO
A partir do texto Viudas, de Ariel Dorfman e Tony Kushner.
Roteiro: Criação coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz.
PRODUÇÃO
ESPETÁCULO
Direção: Criação coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz.
Light board operator: Charles Brito.
Seamstress: Heloisa Cônsul
FOTOGRAFIA
Direção de fotografia: Pedro Isaias Lucas.
ARTE
Direção de arte:
SOM
MÚSICA
Músicas: Johann Alex de Souza.
FINALIZAÇÃO
Edição e finalização: Pedro Isaias Lucas.
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Artéria Filmes (Porto Alegre); Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz / Ói Nóis Na Memória (Porto Alegre).
Captação de recursos: através da Lei de Incentivo à Cultura Lei nº 8.313/91 (Lei Rouanet) / MinC Ministério da Cultura. Patrocínio: BR Petrobras.
AGRADECIMENTOS
FILMAGENS
Brasil / RS, na Ilha das Pedras Brancas (ou Ilha do Presídio) – situada entre as cidades de Porto Alegre e Guaíba – nas ruínas do presídio.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:11:27
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela:
Formato de captação:
Formato de exibição: DVD
DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa:
Contato:
OBSERVAÇÕES
Os créditos são curtos e não citam os nomes dos atuadores.
Títulos alternativos: Widows — Performance about absence
Grafias alternativas (funções): Fotografia, edição e finalização audiovisual
BIBLIOGRAFIA
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Exibições
• Porto Alegre (RS), Sala P. F. Gastal, 29 maio 2012, ter, 19h
• Porto Alegre (RS), Mostra Ói Nóis Aqui Traveiz: 36 anos de ousadia e ruptura, CineBancários, 8 abr 2014, ter, 19h + 9 abr, qua, 17h
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Arquivos especiais
BARCELLOS JR., Helio. Ói Nóis Aqui Traveiz, nas ruínas de uma ilha-presídio. Jornal do Comércio, Porto Alegre, 19 jan 2011.
A aventura teatral de Viúvas – Performance sobre a ausência – trabalho em andamento começa na Usina do Gasômetro. Os espectadores embarcam em um ônibus rumo ao Sava Clube, onde são esperados pela tripulação do barco Martim Pescador para dar um passeio de quase meia hora até uma ilha abandonada, localizada entre as águas do lago Guaíba. Trata-se de uma visita à conhecida Ilha das Pedras Brancas ou Ilha do Presídio, a mesma que trancafiou presos políticos nas décadas de 1960 e 1970 durante a ditadura militar. O desenrolar da nova encenação da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, que estreia amanhã às 21h, acontece em meio às ruínas da cadeia.
Mas ela começa ainda no barco, em que um cidadão (interpretado por Eugênio Barboza) de um lugarejo perdido na América Latina fala sobre as pessoas que morreram, e declara: “Eu não acho necessário contar-lhes como se chama o meu país”. Logo depois, os 48 espectadores (por apresentação) se deparam com Sofia, sentada em uma pedra.
Sofia é uma anciã – interpretada por Tânia Farias – que perdeu o pai, o marido e os dois filhos para a repressão. Ela também surge subindo uma escada, carregando cadeiras antigas nas costas, objetos que simbolizam os mortos de sua família. Ela é tida como louca, porque disse não. Ela lidera um grupo de mulheres que resistem, lutam pelo direito de saber onde estão os corpos dos homens que desapareceram ou foram mortos pela ditadura.
O texto da peça é assinado Ariel Dorfman, em parceria com Tony Kushner. Dele, a Tribo já havia montado A morte e a donzela, em 1997. Tânia lembra que o grupo procurou o dramaturgo chileno (mas nascido na Argentina) quando ele participou do 1º Fórum Social Mundial em 2001. Eles levaram material sobre a montagem da peça, enquanto o autor de Para ler o Pato Donald e O longo adeus a Pinochet lhes deu Viúvas, assinalando que é uma peça para o Ói Nóis montar.
O atuador Paulo Flores destaca que Viúvas dá continuidade a uma discussão que o grupo começou a realizar com O amargo Santo da Purificação, a biografia sobre Carlos Marighella que já foi apresentada em 16 estados e teve mais de 120 apresentações, sugerindo a abertura dos arquivos da ditadura militar no País. Segundo assinala, a situação do Brasil em relação aos Direitos Humanos é das piores, pois a imagem internacional é de um País em que os torturadores se autoanistiaram. Na performance, Flores interpreta um militar, um capitão que também tenta varrer a sujeira para debaixo do tapete através de seu plano de redemocratização, sugerindo um novo tempo em que se esqueça o passado.
“Trabalhamos com fragmentos do texto, porque estamos propondo um resgate em relação à ilha; a encenação é uma proposta de vivenciar esta história de um presídio político tão ligada ao passado dos gaúchos, de preservação da memória”, explica Flores.
Entre os ambientes da ilha, há uma parede toda cravada por balas, lugar em que os presos do passado foram torturados como alvos de um paredão. Mas, diferentemente da peça, em que mortos começam a chegar pelas águas, na Ilha do Presídio o que chega é lixo, tipo dois sacos dos grandes por dia, que vão se somando aos mais de cem que o grupo encheu para fazer a faxina da ilha deteriorada pelo tempo.
No elenco, formado por 24 atuadores, também estão Clélio Cardoso, Renan Leandro, Edgar Alves, Marta Haas, Paula Carvalho, Roberto Corbo, Sandra Steil, Anelise Vargas, Jorge Gil, Caroline Vetori, Karina Sieben, Raquel Zepka, Eduardo Cardoso, Cléber Vinícius, Paola Mallmann, Camila Alfonso de Almeida, Alessandro Müller, Alex Pantera, Aline Ferraz, Letícia Virtuoso e Geison Burgedurf. A trilha sonora é de Johann Alex de Souza e a performance recebeu o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz.
Um dos projetos do grupo é encenar uma outra versão de Viúvas em sua sede, no segundo semestre, na Terreira da Tribo. Em 2011, o Ói Nóis também vai iniciar a pesquisa e os ensaios de Medeia, em visão desmistificadora, inspirada por escritos de Christa Wolf e Heiner Muller. O Ói Nóis pretende ainda lançar um DVD de Amargo Santo e ver sua sede ser construída no bairro Cidade Baixa, em obra que deve estar concluída até maio de 2012.
Viúvas – Performance sobre a ausência: de 20 a 29 de janeiro na Ilha das Pedras Brancas (ou Ilha do Presídio), às 21h. A entrada é franca, senhas devem ser retiradas na Usina do Gasômetro, às 19h. Nos dias 28 e 29 de janeiro, o barco sai do município de Guaíba.