Tava – A casa de pedra (2012)
Brasil (PE-RS)
Longa-metragem | Não ficção
cor, 78 min
Companhia produtora: Vídeo nas Aldeias
Primeira exibição: Recife (PE), 4º Festival do Filme Etnográfico do Recife [15-18 out]-Mostra Competitiva, Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, 17 out 2012, qua, 17h
Tava – A casa de pedra quer saber como tribos indígenas interpretam, nos dias de hoje, a sua relação com os jesuítas – padres europeus da Companhia de Jesus, responsáveis por impor crenças religiosas e por se apropriarem do território dos chamados povos originários, ao longo do século XVII. Essa intervenção foi sacramentada através das reduções jesuíticas, que existiram em três países diferentes (Brasil, Argentina, Paraguay) e que deixaram profundas marcas em todos os envolvidos. O filme reivindica o direito de uma população marginalizada poder contar a sua própria história, descrevendo mitos e memórias. Embora não estejam identificados nem creditados como personagens, Ariel Kuaray Ortega e Patrícia Ferreira Pará Yxapy são os protagonistas deste instigante documentário produzido pela ong Vídeo nas Aldeias em parceria com a Superintendência Estadual do Rio Grande do Sul do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ariel e Patrícia estão em busca de respostas para suas angustiantes perguntas, e para isso empreendem uma longa caminhada que passa pelos estados do RS, SP e RJ e pela província de Misiones na Argentina.
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Sinopse
No Salto do Jacuí, funeral, carregando caixão, violão, cantoria. Os mais velhos falam: "Sejamos fortes". Jogam fumaça no caixão. Nhanderu, o primeiro Deus.
Em São Miguel das Missões, funcionários limpam as estátuas e varrem o Museu. Ao fundo, a catedral, a tava – para os guarani. Senhora arruma seu artesanato para venda na calçada do museu.
Espetáculo Som e luz. Catedral (Maria Fernanda): "O tempo prosseguia, acrescentando prosperidade aos povos guarani, dos quais a Companhia de Jesus se orgulhava de ser apenas pastora, fundindo sua cultura artística e política com a habilidade dos índios que se desdobravam com os frutos de sua união. (...) Em 1706 fora fundada a última das sete reduções, a de Santo Ângelo Custódio, que veio unir-se às seis outras: São Nicolau, São Borja, São Lourenço, São João Batista, São Luiz Gonzaga e São Miguel, a capital".
Crianças, jovens, adultos assistem A Missão.
Cartelas: // Em 1626, padres jesuítas e índios guarani fundam São Nicolau, a primeira Redução Jesuítica, do lado esquerdo do rio Uruguai, atual estado do Rio Grande do Sul. Em 1687 é fundada a Redução de São Miguel, que foi habitada por milhares de guarani, sob a coordenação de uns poucos missionários. // Foram construídas 30 reduções entre Brasil, Argentina e Paraguai que se tornaram um poderio político e econômico chamado de República Guarani. Segundo a história oficial, os índios abdicaram de suas "crenças" para serem convertidos ao cristianismo. //
Mariano mostra o caminho que faziam carregando as pedras, explica o processo, os que tiravam, os que levavam, os que construíam. "É andando por esses lugares que você saberá realmente como foi", diz para o neto ao lado.
Na Tekoá Koenju [Aldeia Alvorecer], fazendo artesanato, Mariano conta como teria acontecido: "Os que acreditavam [nos jesuítas] foram escravizados".
Na Aldeia Varzinha, Ariel conta que a avó morreu em Salto. Ela era irmã de criação de Adolfo, 95 anos para quem Ariel pergunta por quê caminham? Em busca de quê? Ao fundo, um milharal.
Na Aldeia Cantagalo, Ariel se apresenta para Florentina e Augusto como filho de Bonifacio e neto de Dionísio. Três fotografias antigas da catedral coberta de vegetação.
Pagando ingresso para visitar a Redução de San Ignacio Miní.
Raulito: "Nós é que somos donos de tudo isso aqui. Demos espaço a eles e agora se apoderaram de todo o território".
Na Aldeia Boa Vista, Ariel conta que "desde 2007 começaram a fazer vídeos a favor dos guarani (...) sempre quisemos mostrar a nossa caminhada sagrada, quem construiu a tava. Para entender por que os guarani não têm mais terras", que estiveram na Argentina, que os guarani precisam pagar para entrar nas ruínas, que não podem vender seu artesanato.
Na Aldeia Tamanduá, Ariel visita seu avô Dionísio, que conta muitas histórias.
Cartela: // Em 1750, os reinos de Espanha e Portugal assinam o Tratado de Madri, deixando a colônia de Sacramento para os espanhóis em troca dos Sete Povos das Missões, e ordenando que jesuítas e índios abandonassem as reduções e migrassem para o outro lado do Rio Uruguai. //
Espetáculo Som e luz. Catedral (Maria Fernanda): "Os índios não acreditavam que o mesmo rei da Espanha, que sete anos antes lhes havia reconhecido o papel de servidores fiéis (...) estivesse agora manipulando suas terras e suas vidas sem a menor consideração pelo que haviam construído".
Os espectadores terminam de assistir A Missão.
Cartelas: // Os guarani se recusam a abandonar suas terras e enfrentam os exércitos de Portugal e Espanha sob a liderança de Sepé Tiaraju. Milhares de índios são massacrados nesta guerra, conhecida como Guerra Guaranítica. Em 1756, Sepé Tiaraju é morto três dias antes da batalha de Caiboaté, que resulta na expulsão dos índios sobreviventes e dos jesuítas para a outra margem do Rio Uruguai. //
Depoimentos sobre Sepé Tiaraju.
Em Fonte Missioneira Ariel analisa e questiona os monumentos ao padre Roque Gonzáles.
No local da Batalha de Caiboaté, um homem fala em guarani: "Viemos até esta cruz, feita pelos brancos. Só que não estamos aqui pra olhar pra ela, mas sim para esta terra onde nossos parentes viviam. Viemos aqui hoje e estamos tristes. Eu não sei dizer o que devemos fazer daqui pra frente, mas os brancos não poderão nos tratar assim no futuro". Uma senhora dança e canta: "Oh, Nhamandu, pai do sol! Esse sol que nos ilumina é o que nos dá forças todos os dias. Que ele fortaleça o espírito de vocês também! Que seja sempre assim". Deixando o local, todos cantam: "O chefe dos guerreiros é quem nos dá força e alegria".
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Ficha técnica
IDENTIDADES
Não creditados: Ariel Kuaray Ortega, Patrícia Ferreira Pará Yxapy.
Ordem de identificação: Mariano Aguirre (Tekoá Koenju / Aldeia Alvorecer, RS), Adolfo Werá Silveira (Aldeia Varzinha, RS), Florentina Fernandes Paraí (Aldeia Cantagalo, RS), Augusto (Aldeia Cantagalo, RS), Paulito Kwaray (Aldeia San Ana, Argentina), Verá Popygua (Aldeia Boa Vista, SP), Tereza Costa (Aldeia Boa Vista, SP), Karaí Agostinho da Silva (Aldeia Araponga, RJ), Kunhã-Karaí Marciana (Aldeia Araponga, RJ), Dionísio Duarte (Aldeia Tamanduá, Argentina).
DIREÇÃO
Direção: Ariel Kuaray Ortega, Ernesto de Carvalho, Patrícia Ferreira Pará Yxapy, Vincent Carelli.
ROTEIRO
Tradução: Aldo Ferreira, Ariel Kuaray Ortega, Patrícia Ferreira Pará Yxapy, Fábio Costa Menezes.
PRODUÇÃO
Produção: Olívia Sabino.
Assistência de produção: Fábio Costa Menezes, Paula Silva.
Assistência financeiro: Renata Mor.
Coordenação Vídeo nas Aldeias: Vincent Carelli.
Superintendência IPHAN RS: Ana Lúcia Goelzer Meira.
Responsáveis técnicos no IPHAN RS: Marcus Vinicius Benedeti, Beatriz Muniz Freire.
FOTOGRAFIA
Operação de câmera: Ariel Kuaray Ortega, Ernesto de Carvalho, Jorge Morinico, Patrícia Ferreira Pará Yxapy, Tiago Campos Tôrres, Vincent Carelli.
SOM
Som: Ariel Kuaray Ortega, Ernesto de Carvalho, Jorge Morinico, Patrícia Ferreira Pará Yxapy, Tiago Campos Tôrres, Vincent Carelli.
Som (São Gabriel): Fábio Costa Menezes.
MÚSICA
Músicas (não creditadas):
• canções guarani
ARQUIVO
Espetáculo: Som e luz (texto e roteiro: Henrique Grazziotin Gazzana, 1978; trechos com a voz da atriz Maria Fernanda interpretando a Catedral).
Filme: A Missão (The Mission, Roland Joffé, 1986, UK-FR) Música: Ennio Morricone.
Fotografias: Três fotografias pb antigas da catedral coberta de vegetação.
FINALIZAÇÃO
Edição: Tatiana Almeida, Vincent Carelli.
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Vídeo nas Aldeias (Olinda).
Realização: Vídeo nas Aldeias; IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional / Superintendência Estadual do Rio Grande do Sul / MinC Ministério da Cultura.
Apoio: Embaixada da Noruega.
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos: Bedati Finokiet, Candice Ballester, Casa de Cinema de Porto Alegre, Cristina Gouvêa, Daniel Tonacci, Fernando Fontanella, Laura Andino, Luís Ferreira Jr., Rita Carelli.
FILMAGENS
Brasil / RS, em Salto do Jacuí; Tekoá Koenju [Aldeia Alvorecer], em São Miguel das Missões; Aldeia Varzinha, em Caraá; Aldeia Cantagalo, em Porto Alegre; Fonte Missioneira, em Caaró; local da Batalha de Caiboaté, em São Gabriel;
Argentina, província de Misiones, na Redução de San Ignacio Miní; na Aldeia Chapá; na Aldeia Tamanduá;
Brasil / SP, na Aldeia Boa Vista, em Ubatuba;
Brasil / RJ, na Aldeia Araponga, em Paraty.
Período: entre agosto de 2010 e março de 2012.
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 1:17:49
Som:
Imagem: cor
Proporção de tela:
Formato de captação:
Formato de exibição:
DIVULGAÇÃO
www.videonasaldeias.org.br
PREMIAÇÃO
• IV Festival do Filme Etnográfico do Recife 2012: menção especial do júri.
DISTRIBUIÇÃO
Classificação indicativa:
Contato:
OBSERVAÇÕES
Sítio Histórico São Miguel Arcanjo, declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Histórico e texto sobre espetáculo Som e luz. In: www.portaldasmissoes.com.br.
O espetáculo Som e luz, criado em 1978 pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul e repassado para o Município de São Miguel das Missões, é uma narrativa que conta o surgimento, o desenvolvimento e o final da experiência jesuítico-guarani. A história é narrada por duas personagens da experiência missioneira ainda presentes no local: a Catedral e a Terra. Texto e roteiro de Henrique Grazziotin Gazzana, em 48 min, nas vozes de Fernanda Montenegro (Terra), Maria Fernanda (Catedral), Paulo Gracindo (fundador Antônio Sepp), Juca de Oliveira (construtor Giovani Primoli), Paulo Gracindo (jesuíta Pe Antônio Sepp), Armando Bogus (Marques de Valdelírios), Rolando Boldrin (governador de Montevideo José Joaquim Viana), Lima Duarte (líder guarani Sepé Tiaraju). O espetáculo Som e luz manteve a mesma estrutura desde sua primeira apresentação em 12 de outubro de 1978.
Cf. créditos finais: // Este vídeo foi realizado como parte da instrução do processo de Registro do sítio de São Miguel Arcanjo como Lugar, feito com recursos orçamentários do IPHAN nas aldeias Mbyá-Guarani entre agosto de 2010 e março de 2012. // © Vídeo nas Aldeias 2012. //
Títulos alternativos: Tava – The stone house
Grafias alternativas: Patrícia Ferreira | Henrique Grazziotin | Tita [= Tatiana Almeida] | Tiago Tôrres | Ariel Ortega
BIBLIOGRAFIA
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Exibições
• Recife (PE), 4º Festival do Filme Etnográfico do Recife [15-18 out]-Mostra Competitiva, Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (R. Henrique Dias, 609, Derby), 17 out 2012, qua, 17h
• Belo Horizonte (MG), forumdoc.bh.2012 16º Festival do Filme Documentário e Etnográfico – Forum de Antropologia e Cinema [21 nov-2 dez]-Mostra Competitiva Nacional, Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro), 22 nov 2012, qui, 19h
MFL 12ª Mostra do Filme Livre-Mostra Outro Olhar
• Rio de Janeiro (RJ), CCBB Centro Cultural Banco do Brasil Cinema 2, 9 mar 2013, sab, 19h45 + 15 mar, sex, 17h30
• São Paulo (SP), CCBB Centro Cultural Banco do Brasil, 10 maio 2013, sex, 15h
• Brasília (DF), CCBB Centro Cultural Banco do Brasil, 24 maio 2013, sex, 16h
• Belo Horizonte (MG), oficina Encontro de Realizadores Indígenas [25-27 jul], Teatro Santa Izabel, 25 jul 2013, qui, 11h30 (comentada com Patrícia Ferreira Pará Yxapy)
• Bagé (RS), 5º Festival Internacional de Cinema da Fronteira [25-30 nov], Centro Histórico Vila de Santa Thereza-Teatro Santo Antônio (Av. Visconde Ribeiro de Magalhães), nov 2013
• Porto Alegre (RS), 5º Festival Internacional de Cinema da Fronteira [22-24, 26-28 nov], Cine Santander Cultural, 27 nov 2013, qua, 15h
9ª Primavera dos Museus [21-27 set 2015]
• São Cristóvão (SE), Casa do Patrimônio do IPHAN (Praça São Francisco, 50, Centro), 22 set 2015, ter, 10h
• Belo Horizonte (MG), MIS Museu da Imagem e do Som (Av. Álvares Cabral, 560, Centro), 22 set 2015, ter, 21h
• Canoas (RS), Museu Histórico Municipal Hugo Simões Lagranha (Ipiranga, 105, Centro), 25 set 2015, sex, 15h
• Florianópolis (SC), Cine Demarque-Mostra Permanente de Cinema de Povos Indígenas e Tradicionais [22-25 set], Hall do MArque Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC, 25 set 2015, sex, 18h30
• Porto Alegre (RS), Mostra Tela indígena, Sala Redenção, 12 jul 2016, ter, 19h
• Lisboa (PT), Mostra Ameríndia: Percursos do cinema indígena no Brasil [13-17 mar], Museu Calouste Gulbenkian-Coleção Moderna-Sala Polivalente (R. Dr. Nicolau Bettencourt, 1.050), 15 mar 2019, sex, 21h (presença de Patrícia Ferreira Pará Yxapy)
• Porto Alegre (RS), Mostra Campus Antropoceno Brasil [8-16 nov], Cinemateca Capitólio, 8, 10 nov 2022, ter, 19h (comentada), qui, 15h
• Porto Alegre (RS), Mostra de cinema indígena entre rios, Cinemateca Paulo Amorim-Sala Norberto Lubisco, 26 abr 2023, qua, 19h15 (+ No caminho do rio)