Plano de Eletrificação do Rio Grande do Sul – Comissão Estadual de Energia Elétrica – Documentário n.2 editado em 1951 (1952)
Brasil (RS)
Longa-metragem | Não ficção
35 mm, pb, 80 min
Companhia produtora: Leopoldis-Som Produtora Cinematográfica Brasileira
Entre as dezenas de documentários que a Leopoldis-Som realizou para a CEEE, então chamada de Comissão Estadual de Energia Elétrica, estão quatro sobre o Plano de Eletrificação:
1947: Plano de Eletrificação do Estado do Rio Grande do Sul – Comissão Estadual de Energia Elétrica – Obras em execução (2 partes)
1952: Plano de Eletrificação do Rio Grande do Sul – Comissão Estadual de Energia Elétrica – Documentário n.2 editado em 1951 (8 partes)
1953: Plano de Eletrificação – Documentário n.3 da Comissão Estadual de Energia Elétrica (1 parte)
1954: Plano de Eletrificação – Filme documentário n.4 da Comissão Estadual de Energia Elétrica (1 parte)
Infelizmente estes materiais se perderam, salvo algumas partes do longa-metragem: o espólio audiovisual das secretarias e autarquias do governo está depositado no Museu Hipólito. Pelo roteiro salvaguardado tem-se uma visão bastante ampla de inúmeras cidade gaúchas daquele inicío de década e se constituiria num precioso registro.
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Sinopse
Texto integral da
NARRAÇÃO
1ª parte:
Dentre os elementos que promovem o progresso e o bem-estar da humanidade, aparece em destaque a eletricidade.
O grau de civilização de um país, mede-se por suas reservas elétricas e pelo consumo de kilowatts/hora de sua população.
Um povo será mais feliz quanto mais alto for seu nível de vida, e este só será mais alto quanto maior for seu potencial elétrico.
Em todos os setores da vida humana, quer cultural, quer econômico, quer social, tem a eletricidade papel preponderante...
... no cultural, está intimamente ligada a todos os movimentos de difusão, contribuindo, decisivamente, para o aprimoramento das massas...
... na economia, é a força propulsora de todas as grandes realizações que construíram a civilização moderna...
... e no setor social é onde mais se salienta, pois em sua dependência direta estão milhões de criaturas.
Considerando estes fatores, o governo do Rio Grande do Sul, por intermédio da Comissão Estadual de Energia Elétrica, elaborou e está realizando um Plano de Eletrificação do Estado, visando dotar todas as zonas: urbana, industrial, agrícola e rural de energia elétrica abundante.
Porto Alegre, sede do governo do Rio Grande do Sul, cidade progressista e acolhedora, com uma população de quase meio milhão de pessoas, simboliza bem o espírito realizador dos habitantes deste estado.
O vertiginoso progresso verificado em Porto Alegre, fez com que o consumo de energia elétrica superasse em muito a produção de suas instalações geradoras. Para a solução desta carência, foi a Comissão Estadual de Energia Elétrica obrigada a desviar parte de sua atenção das obras do interior para construir, na zona industrial da cidade, uma Usina de Emergência com uma potência de 7.000 kilowatts, acionada a diesel, a fim de reforçar o suprimento da Companhia Energia Elétrica Rio-grandense. Esta Usina de Emergência atenderá a cidade até a conclusão das obras definitivas que mostraremos a seguir.
O estado do Rio Grande do Sul, divide-se em quatro regiões típicas: a região denominada Colônia Antiga, a Colônia Nova, a região da Fronteira, e a do Centro. A Antiga, onde se fixaram os primeiros colonizadores, é a mais densamente povoada e de índice econômico mais elevado. Esta região inclui a maior parte da indústria estadual, com 17.000 estabelecimentos fabris, e uma produção anual de três bilhões e 200 milhões de cruzeiros.
A primeira destas obras que apresentaremos é a central termoelétrica, em construção, no município de São Jerônimo.
A cidade de São Jerônimo, situada às margens do Rio Jacuí, com uma população de 4.000 habitantes, é o principal centro carvoeiro do estado. O município possui um total de quatro minas, com uma produção anual de 855.000 toneladas. Nas imediações da cidade, a Comissão Estadual de Energia Elétrica está construindo uma usina termoelétrica, que permitirá um aproveitamento mais racional do carvão rio-grandense.
A usina, em fase de montagem, está localizada nas proximidades do Rio Jacuí, de onde será captada a água para o abastecimento de suas caldeiras. No poço em construção serão instaladas as bombas de recalque, com uma capacidade de dois metros cúbicos de água por segundo, acionadas por um motor de 210 HP.
Sua potência prevista é de 20.000 kilowatts, estando em montagem duas unidades de 5.000, que somados fazem o total de 10.000, correspondentes à primeira fase desta importante obra. O principal objetivo desta central é o de permitir uma melhor utilização dos potenciais hidroelétricos dos rios Santa Cruz e Santa Maria, sujeitos à influência de estiagens prolongadas. Está sendo montada também, a correia que fará o transporte do carvão à uma altura de 33 metros, onde será depositado em dois silos com capacidade de 500 toneladas cada um, donde sairá para o abastecimento automático das fornalhas. A capacidade de transporte da correia elevadora é de 60 toneladas por hora.
As caldeiras em montagem vaporizarão, normalmente, 28 toneladas/hora. As dimensões do edifício preveem a instalação de mais uma unidade de 10.000 kilowatts para a qual já foi aberta concorrência pública. A locação do edifício é tal que permite um aumento para futuras instalações. A estocagem e alimentação de combustível, foi construída para capacidade final desta termoelétrica.
A conclusão desta primeira etapa está prevista para o primeiro semestre de 1952. Sua energia conectada ao sistema dos rios Santa Cruz e Santa Maria, somarão um total de 95.000 kilowatts e atenderão aos municípios de Porto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caí, Canela, Caxias, Flores da Cunha e outros.
O general Ernesto Dornelles, governador do estado, visita as obras da termoelétrica de São Jerônimo, acompanhado dos oficiais da Escola Superior de Guerra, quando da visita destes ao Rio Grande do Sul. A ilustre comitiva é recepcionada pelo dr. Noé de Freitas, engenheiro chefe da Comissão Estadual de Energia Elétrica, dr. Mario Lannes da Cunha, assistente administrativo e dr. Dietrich Kulmann, assistente técnico.
Os visitantes percorrem demoradamente todas as dependências desta termoelétrica, que constitui uma realização a mais do Plano de Eletrificação do Estado.
Ainda dentro da Colônia Antiga, temos as usinas do Passo do Inferno e da Toca, ambas no Rio Santa Cruz.
A usina do Passo do Inferno, localizada no município de São Francisco de Paula, foi a primeira hidroelétrica projetada e construída pela Comissão Estadual de Energia Elétrica, e inaugurada em 1949. Sua finalidade foi reforçar o suprimento dos centros consumidores, servidos pela usina da Toca. A barragem de acumulação tem uma capacidade de 100.000 metros cúbicos, destinados a regularização diária da descarga.
A tubulação adutora, de baixa pressão, de um metro e 65 de diâmetro, num percurso de 1.100 metros, deriva água necessária para a usina, e se assenta em cortes escavados à meia encosta, em um dos paredões verticais que margeiam o rio. É formada por segmentos de três metros de comprimento, unidos por solda elétrica no próprio local da obra. Foram inúmeras as dificuldades encontradas para a conclusão desta obra, construída em período de guerra.
O conduto adutor termina numa chaminé de equilíbrio, cilíndrica, de oito metros de diâmetro e 15 de altura. A finalidade deste reservatório é atender os golpes de pressão no conduto forçado, provenientes das mudanças bruscas nas condições de carga na turbina.
O grupo hidroelétrico é constituído de uma turbina do tipo Francis, eixo horizontal, com uma potência de 2.000 HP, diretamente conectada a um alternador General Eletric, de 1.665 kilowatts.
2ª parte:
A usina da Toca, localizada no Rio Santa Cruz, dois quilômetros a montante do Passo do Inferno, tem uma barragem do tipo gravidade em alvenaria de pedra que serve para a regularização diária da descarga. Foi construída em 1927 pela Prefeitura Municipal de São Leopoldo, e incorporada à Comissão Estadual de Energia Elétrica em 1947.
É dotada de dois grupos geradores com uma potência de 1.800 HP. Conectada com a usina do Passo do Inferno, atende a vários municípios da região.
A cidade de São Francisco de Paula, sede do município do mesmo nome, tem uma população de 3.500 habitantes e sua economia se assenta na pecuária e indústria extrativa da madeira.
Outra cidade ligada ao sistema Passo do Inferno-Toca, é a de Taquara localizada na encosta da serra, com uma população de 7.000 pessoas. Município de grande produção agrícola, destaca-se também, na indústria. A produção agrícola pastoril ascendeu, em 1949, a 90 milhões de cruzeiros.
Possui o município 664 estabelecimentos fabris, com 2.300 operários e um valor de produção de 75 milhões de cruzeiros. O consumo médio anual da cidade de Taquara é de 370 kilowatts/hora por pessoa.
A cidade de Canela, também pertencente ao sistema Passo do Inferno-Toca é a sede do menor município do Rio Grande do Sul. É um dos principais centros de veraneio do estado, destacando-se também na agricultura e na indústria.
Na cidade de Caxias do Sul, foi instalado, em 1947, pela Comissão Estadual de Energia Elétrica, um grupo diesel com uma potência de 800 HP. Em 1949, ainda pela Comissão, foi montado um segundo grupo com uma potência de 700 HP. Estas unidades funcionam como auxiliares, pois também Caxias do Sul está ligada ao sistema Passo do Inferno-Toca.
Caxias do Sul, com uma população de 25.000 habitantes, é um dos maiores centros econômicos do Rio Grande do Sul. Em seu município estão instaladas as mais diversas indústrias, com cerca de 490 estabelecimentos fabris, 7.000 operários e um total de produção de 500 milhões de cruzeiros.
Na indústria metalúrgica é um dos grandes centros do país, aparecendo também, em destaque, a indústria têxtil.
A grande riqueza porém, e o que conceitua Caxias em todo o Brasil, é a vinicultura. Inúmeros estabelecimentos que se dedicam a indústria do vinho e grandes partes de suas terras cobertas por soberbos vinhais, deram a Caxias a primazia desta indústria no país. A produção no ano de 1950 foi de 14 milhões de litros, num valor de 17 milhões de cruzeiros.
A cidade de São Leopoldo, localizada na encosta da serra, forma, com Caxias do Sul, Novo Hamburgo e Porto Alegre, a força máxima da indústria desta região. Um dos mais antigos centro de trabalho do estado, conta atualmente com uma população de 18.000 pessoas.
Em seu município estão instaladas as mais variadas espécies de indústria, alcançando o total de 785 estabelecimentos fabris, ocupando cerca de 10.000 operários e um valor de produção de 400 milhões de cruzeiros. É suprida de energia elétrica pelo sistema Passo do Inferno-Toca.
Novo Hamburgo é uma cidade aprazível, localizada a pouca distância da capital. Com uma população orçada em 16.000 habitantes, é o município que com maior renda contribui para os cofres públicos em proporção à sua população.
O município é suprido de energia pelo sistema Passo do Inferno-Toca, e também pela usina do Herval, localizada no Rio Cadeia, ainda no município de Novo Hamburgo. Esta usina foi construída em 1939 pela Companhia Energia Elétrica Hamburguesa, e, mais tarde, encampada pela Comissão Estadual de Energia Elétrica.
Da barragem, parte a tubulação adutora com um comprimento de 400 metros e uma queda líquida de 110.
As instalações geradoras consistem em duas turbinas do tipo Francis, com uma potência de mil cavalos cada uma, acopladas a geradores de 850 kVA.
Pelo local onde se acha instalada a usina, podemos avaliar o quanto é caprichosa a natureza no Rio Grande do Sul. O espetáculo que se nos oferece é algo de majestoso.
Um grupo diesel, pertencente à mesma Companhia, com uma potência de 600 cavalos, foi também encampada pela Comissão que posteriormente instalou um segundo grupo de 600 HP. Estes dois grupos funcionam como auxiliares, até a conclusão do sistema Santa Cruz-Santa Maria.
Novo Hamburgo tem uma sólida indústria, firmando-se como maior centro produtor de calçado do país. Possui 500 estabelecimentos fabris ocupando cerca de 7.000 operários, num valor de produção de 300 milhões de cruzeiros.
Ainda na região denominada Colônia Antiga foi construída no município de Bom Jesus, uma usina hidroelétrica para o fornecimento de energia elétrica à cidade de Bom Jesus e arredores. Esta usina aproveita um desnível de 23 metros do Rio dos Touros, afluente do Rio Pelotas. A barragem é do tipo gravidade em alvenaria de pedra, com um comprimento de 170 metros. A capacidade da bacia de acumulação é de 75.000 metros cúbicos, volume suficiente para regularização diária da descarga.
A tubulação adutora de baixa pressão tem um diâmetro de um metro e dez e um comprimento de 730 metros. É toda construída em concreto armado, visto estar, parte, assentada no leito do rio, e, portanto, sujeita a inundações.
A Usina dos Touros foi inaugurada em setembro de 1950, e é uma das dez usinas hidroelétricas isoladas constantes da primeira etapa do Plano de Eletrificação do Estado.
O grupo hidroelétrico é constituído de uma turbina do tipo Francis, de eixo horizontal, com uma potência de 300 HP, diretamente acoplada a um alternador de 250 kVA.
3ª parte:
No Rio Saltinho, município de Vacaria, a Comissão Estadual de Energia Elétrica construiu uma usina hidroelétrica com uma potência de 1.200 HP.
Esta usina acha-se distante cerca de 50 quilômetros da cidade de Vacaria, e aproveita um desnível natural de cerca de 20 metros, logo abaixo da confluência do Rio Saltinho com o da Telha. Neste local será construída uma barragem de armazenamento para regularização do Saltinho, e o aproveitamento desta água na futura central do Rio das Antas.
A barragem, construída em alvenaria de pedra, é do tipo vertedouro de lâmina aderente, e ocupa toda a largura do rio que tem, neste ponto, 88 metros. A acumulação útil realizada pela barragem é de 40.000 metros cúbicos, e está dimensionada para uma descarga de quatro metros cúbicos por segundo em plena carga.
O canal adutor apresenta secção retangular com dois metros de largura, e 2,50 de profundidade média e um comprimento de 238 metros. O conduto forçado, que deriva lateralmente da câmara de pressão, tem um diâmetro de um metro e 40 e 60 metros de comprimento.
O prédio onde funciona a usina é construído em alvenaria de pedra e acha-se localizado logo abaixo da Cascata dos Micos. Esta queda constitui um espetáculo de rara beleza pelo volume e violência das águas que se precipitam de uma altura de 20 metros.
O conjunto hidroelétrico é constituído também de uma turbina do tipo Francis, eixo horizontal, com uma potência de 1.200 HP. O alternador de fabricação Westinghouse, de 1.000 kVA e 2.400 volts, é operado por um bem montado quadro de comando.
A estação elevadora transforma para 22.000 volts a energia do gerador, que daqui parte para as subestações de Vacaria, Antônio Prado, Prata e Veranópolis.
A cidade de Vacaria, localizada no planalto nordeste rio-grandense, a uma altitude de 980 metros, e uma população de 6.000 habitantes, teve o problema de energia elétrica resolvido com a instalação da usina do Rio Saltinho. A cidade apresenta-se em fase de renovação e tem na pecuária sua principal fonte de renda.
A indústria do município é representada por um número de 160 firmas, empregando cerca de mil operários e como valor de produção um total de 30 milhões de cruzeiros.
A cidade de Antônio Prado, com uma população de 3.500 habitantes, teve também solucionado seu problema de energia elétrica com a Usina do Rio Saltinho. Município de grande produção agrícola, destaca-se porém, na cultura e industrialização do vinho.
Ainda ligada à Usina do Rio Saltinho, está a cidade de Veranópolis, localizada na região colonial italiana, pertencente, também, à zona denominada Colônia Antiga. Com uma população de 4.000 pessoas tem sua economia baseada na indústria, comércio e agricultura.
Completando a série de cidades ligadas à esta usina, está a de Nova Prata, sede do município do mesmo nome. Com uma população de apenas 3.000 pessoas proporciona apreciável renda para os cofres do Estado e da União.
Cerca de 300 estabelecimentos fabris acham-se instalados no município, ocupando um número de 2.500 operários e apresentando um volume de produção de 55 milhões de cruzeiros. Indústrias das mais diversas, tiveram sempre na falta de energia elétrica seu grande obstáculo, removido agora com a inauguração da Usina do Saltinho. Todas estas cidades serão ligadas a futura central do Rio das Antas, ora em estudos.
No Rio Santa Cruz, município de São Francisco de Paula, acha-se a barragem do Salto, uma das mais importantes obras constantes da primeira etapa do Plano de Eletrificação do Estado. Esta barragem, construída pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento, como auxílio federal às obras de eletrificação do estado, tem um comprimento de 600 metros, uma altura de 12,30 e sua bacia de acumulação uma capacidade para 12 milhões e 800.000 metros cúbicos de água. Abastecerá a Usina Hidroelétrica dos Bugres localizada no vale do Rio Santa Maria. Para tanto foi construído um túnel de 2.100 metros de comprimento com diâmetro de dois metros e 30, que atravessa o morro divisor de águas dos rios Santa Maria e Santa Cruz.
A água, acumulada na barragem do Salto, chega através do túnel que será continuado com uma tubulação adutora de 1.100 metros de comprimento e dois de diâmetro, que a conduzirá até a Usina dos Bugres num desnível de 185 metros. A capacidade de vasão do túnel é de sete metros cúbicos por segundo. A tubulação adutora está sendo assentada em berços de concreto armado e é construída de chapas de aço doce de dez milímetros de espessura, soldadas eletricamente entre si.
Da tubulação adutora acha-se já concluído grande trecho, sendo os tubos fabricados no próprio local da obra. A usina dos Bugres constitui a primeira parte do plano de aproveitamento dos potenciais hidráulicos dos rios Santa Cruz e Santa Maria. A chaminé de equilíbrio, do tipo diferencial, acha-se em construção e tem uma altura de 20 metros e um diâmetro de 10. Servirá para atenuar os golpes de pressão no conduto forçado, provocados pelas variações bruscas das condições de carga da turbina. Da chaminé de equilíbrio parte o conduto forçado com um comprimento de 600 metros.
O prédio da usina, construído em alvenaria de pedra, acha-se já concluído. A água utilizada nesta usina, regularizará o Rio Santa Maria e será aproveitada nos desníveis de Canastra e Laranjeiras, numa queda total líquida de 595 metros, proporcionando um potencial de 85.000 cavalos.
O grupo hidroelétrico em montagem, consiste numa turbina do tipo Francis, eixo horizontal com uma potência de 15.000 HP e velocidade de 500 rotações por minuto, acoplada a um alternador de 13.500 kVA e uma tensão de 6.600 volts.
4ª parte:
Este gráfico nos mostra o sistema de aproveitamento dos rios Santa Cruz e Santa Maria. A água, represada na futura barragem do Blang, com 50 milhões de metros cúbicos, servirá para regularização do Rio Santa Cruz. É novamente acumulada na barragem do Salto, já construída. Atravessa um túnel de 2.100 metros de comprimento, para ser lançada no Rio Santa Maria, numa queda de 185 metros e movimentar as turbinas da Usina dos Bugres que gerará 15.000 HP. Esta mesma água é dirigida a uma segunda queda com 320 metros até a central do Canastra, onde, depois de gerar 60.000 HP, é novamente conduzida a uma terceira queda de 100 metros para produzir mais 10.000 HP na usina do Laranjeiras. Este sistema proporcionará uma produção anual de energia de aproximadamente 250 milhões de kilowatts/hora, ou seja, quase o triplo da que é consumida atualmente em Porto Alegre.
Todas estas usinas, apresentadas e instaladas na chamada Colônia Antiga, terão a capacidade total de 108.000 HP.
A região denominada Colônia Nova, abrange 18 municípios situados no nordeste do estado. Constitui uma zona de características econômicas mistas. Nela existem comunas quase que exclusivamente pastoris, ao lado de outras predominantemente agrícolas, e outras ainda que, a estas duas atividades, aliam a exploração industrial. Situa-se neste território a nova colonização do estado. Operou-se aqui um surto demográfico e agrícola sem precedentes na vida do Rio Grande do Sul. Na agricultura o trigo destaca-se pelo volume de sua produção, tendo alcançado em 1950 um total de 150.000 toneladas.
No setor da pecuária, bastante desenvolvida nessa região, a suinocultura aparece em primeiro plano com um rebanho de dois milhões de cabeças, representando um bilhão e 400 milhões de cruzeiros. Nesta zona estão instalados vários frigoríficos que se dedicam a industrialização suína.
Outra grande riqueza com que conta a região é a indústria extrativa e o beneficiamento da madeira. Grande parte de seu território coberto por gigantescos pinheirais e serrarias em número apreciável, completam este opulento conjunto de riquezas.
A extração da madeira embora represente uma indústria florescente, sem o reflorestamento racional, acarretará uma modificação nas condições hidrológicas da região. Cada árvore que se corta não é só uma pequena barragem que se destrói, é também mais um fator negativo nas condições climatéricas do estado. Sem o replantio das árvores, desaparecerão as matas e a agricultura sofrerá pela influência das derrubadas, no clima e na erosão. Necessariamente terão de ser construídas mais barragens para regularização do regímen das águas, alterado pela devastação do machado e do fogo.
Todas estas atividades industriais porém, para o seu desenvolvimento, exigem energia elétrica. Para que o homem do interior não sinta atração pelos grandes centros, é necessário que, na zona rural e nos campos ele tenha o conforto da cidade.
Apresentaremos as usinas da chamada Colônia Nova. A usina hidroelétrica do Rio Forquilha, no município de Lagoa Vermelha, ainda na Colônia Antiga mas na linha divisória entre esta e a Colônia Nova, servirá às cidades desta região.
A barragem de acumulação, tipo gravidade, construída em alvenaria de pedra, é do tipo vertedouro de lâmina aderente. Tem um comprimento de 115 metros e sua capacidade de acumulação é de 50.000 metros cúbicos, volume suficiente para regularização diária da descarga.
A tomada d'água localizada a margem esquerda, donde parte o canal adutor, percorre 151 metros, terminando numa câmara de carga de secção mais ampla, pela qual se faz a ligação com o conduto forçado de 150 metros de comprimento. Devido a intercalação de um trecho de adução em conduto, foi prevista uma chaminé de equilíbrio com o fim de atenuar os efeitos de pressão no conduto, provocados por mudanças bruscas nas condições de carga da turbina.
O grupo hidroelétrico é constituído de uma turbina tipo Francis, dupla, eixo horizontal, com uma potência de 1.500 HP, diretamente ligada a um alternador Westinghouse de 1.250 kVA e 2.400 volts.
A subestação transformadora eleva a voltagem de saída para 44.000 volts na linha de transmissão principal. Um segundo transformador alimenta a linha de transmissão de 13.000 a 200 volts aos centros consumidores de Paim Filho, Maximiliano de Almeida, Sananduva e outros mais próximos.
A energia elétrica, na cidade de Erechim, é transformada de 44.000 para 13.200 e 220 volts.
Erechim, localizada no planalto médio do Rio Grande do Sul, com uma população de 13.000 habitantes, é sede de um dos principais municípios da Colônia Nova. Extraordinário progresso verificou-se neste último decênio nesta cidade, graças à exuberante fertilidade de seu solo e a grande reserva madeireira do município.
A indústria madeireira é a principal riqueza, achando-se instaladas várias grandes serrarias e fábricas de móveis. O panorama industrial do município se apresenta com 600 estabelecimentos fabris, ocupando cerca de 2.300 operários e um valor anual de produção que alcança a 225 milhões de cruzeiros.
Marcelino Ramos, sede do município do mesmo nome, localizada no planalto médio do Rio Grande do Sul, tem uma população de 4.000 habitantes. Situada na confluência dos rios Pelotas e do Peixe, onde tomam o nome de Rio Uruguai, é o primeiro ponto de parada no estado, dos trens que vem do norte. Sua economia baseia-se na agricultura, madeira e pequena indústria. Possui cerca de 148 estabelecimentos fabris e um valor de produção de 38 milhões de cruzeiros. É suprida de energia elétrica pela nova usina do Rio Forquilha.
No Rio Capingui, município de Passo Fundo, foi construída pelo governo federal, por intermédio do Departamento Nacional de Obras de Saneamento, uma barragem de grandes proporções com uma bacia de acumulação para 53 milhões de metros cúbicos. A barragem, tipo gravidade, construída em concreto ciclópico, tem um comprimento de 220 metros e o vertedouro uma altura de 22 metros. Esta barragem regulariza a descarga do Rio Capingui, garantindo um volume permanente de três metros cúbicos por segundo.
Cerca de cinco quilômetros abaixo da barragem do Capingui, existe uma pequena barragem de captação construída pela municipalidade, em 1914, e supre dois grupos hidroelétricos de 160 e 400 cavalos, que atendiam satisfatoriamente, naquela época, a cidade de Passo Fundo. Há quatro anos foi instalado um pequeno grupo diesel de 300 HP, e recentemente mais um outro de 1.000 HP. O progresso no entanto se fez sentir de maneira vertiginosa tornando inadequadas estas instalações.
Em 1932, a Prefeitura de Passo Fundo instalou um grupo hidroelétrico de 800 cavalos, poucos metros abaixo da usina velha, aproveitando um desnível de 54 metros. A Comissão Estadual de Energia Elétrica elaborou um projeto para melhor aproveitar o potencial da barragem do Capingui. Esta ampliação consiste na instalação de dois grupos hidroelétricos de 2.600 cavalos cada um, num prédio a ser construído no local da antiga usina. Esta potência somada as da futura central de Ernestina, dará um total de 13.000 cavalos, que atenderá a uma vasta região agrícola-industrial da zona da serra.
5ª parte:
A cidade de Passo Fundo, de aspecto urbano aprazível, com bonitas praças e jardins, está localizada no planalto médio do Rio Grande do Sul. Um dos maiores centros do estado e o principal da região, conta com uma população de 23.000 pessoas. O município é de economia mista, com uma produção agrícola pastoril bastante elevada, e será um centro ferroviário de grande importância com o término da nova estrada em construção que a ligará a Caí e a Porto Alegre.
É na indústria porém, que reside a grande força econômica de Passo Fundo. O beneficiamento da madeira em larga escala, proporciona apreciável renda para o município estando em funcionamento cerca de 176 serrarias, num valor anual de produção de 120 milhões de cruzeiros, contando ainda com dois grandes moinhos de trigo com larga produção anual.
A indústria pesada destaca-se também com vários estabelecimentos especializados funcionando. O panorama geral da indústria no município apresenta 603 estabelecimentos fabris, ocupando cerca de 5.000 operários e um volume de produção que atinge a 15 milhões de cruzeiros.
Outra cidade que será ligada ao sistema de Capingui-Ernestina é a de Carazinho, situada no planalto médio do estado.
No município de Palmeira das Missões, está a Comissão Estadual de Energia Elétrica construindo no Rio Guarita, afluente do Rio Uruguai, uma usina que servirá os municípios de Palmeira, Três Passos e Iraí. Da reunião de duas cachoeiras no Rio Guarita, denominadas Gomes e Bicaco, resultou um desnível de cerca de 40 metros, o que possibilita a instalação de um grupo hidroelétrico de 2.500 cavalos.
A inclusão desta usina na primeira etapa do Plano de Eletrificação do Estado, foi uma consequência do grande desenvolvimento verificado nestes municípios, inclusive nas respectivas sedes. A barragem em construção a poucos metros da montante da cachoeira denominada Gomes, é do tipo gravidade, em alvenaria de pedra e terá um comprimento de 60 metros.
Terá uma acumulação de 51.000 metros cúbicos, volume suficiente para a regularização diária da descarga, em condições normais de consumo. A tomada d'água, situada a margem direita, é de secção retangular, donde parte a tubulação adutora de baixa pressão, com um metro e 80 de diâmetro, numa extensão de 940 metros. O percurso do conduto de adução foi encurtado por meio de um túnel e por diversos cortes de regular altura. Uma nova barragem, mais a montante, está prevista para uma regularização maior.
Pouco abaixo da segunda cachoeira, acha-se o local onde está sendo construído, em alvenaria de pedra, o edifício da usina.
A usina acha-se, nesta época, na fase inicial com os alicerces em construção. É uma das 10 hidroelétricas secundárias, constantes da primeira etapa do plano de eletrificação. Nesta cava será assentada uma turbina do tipo Francis com uma potência de 2.500 HP.
Os tubos de ferro, que constituirão a tubulação adutora, são fabricados no próprio local da obra, por operários especializados. São formados por duas chapas de oito milímetros de espessura, soldadas eletricamente entre si e levadas a uma máquina cilíndrica que lhes dá a forma devida. Cada tubo tem três metros de comprimento e serão necessários um total de 314. A fabricação destes tubos no local da obra, representa grande economia. Nesta, como nas demais obras da Comissão, estão sendo empregadas exclusivamente chapas da siderurgia nacional.
Pouco tempo depois, encontramos o prédio da usina em fase de acabamento. A capacidade desta usina será de 2.200 kVA e a tensão de saída de 8.000 volts.
A cidade de Palmeira das Missões tem uma população de 4.000 habitantes. O município conta com uma agricultura bastante desenvolvida, e uma indústria representada por 200 fábricas e um valor de produção de 33 milhões de cruzeiros.
Três Passos, sede do município mais novo do Rio Grande do Sul, será suprido por uma subestação de 600 kVA.
A cidade de Iraí, famosa por suas águas termais, tem um intenso movimento turístico e uma população que alcança a 3.000 pessoas.
A instalação de suas fontes termais tem um aspecto caprichoso, possuindo ainda um número grande de bons hotéis. O fornecimento de energia para esta estação de águas, será feito também pela usina do Guarita.
No Rio Santa Rosa, 32 quilômetros a montante de sua confluência com o Rio Uruguai, e distante cerca de 18 quilômetros da cidade de Santa Rosa, iniciou a Comissão Estadual de Energia Elétrica a construção de uma usina hidroelétrica, com finalidade de suprir a cidade de Santa Rosa e as vilas de Tuparendi, Três de Maio e Cruzeiro, outros centros produtores do município. Esta usina aproveitará uma queda de 25 metros, formada numa estreita volta do rio, que facilitou a disposição das obras hidráulicas.
A barragem em construção, do tipo gravidade em alvenaria de pedra, terá um comprimento de 62 metros e 5,70 de altura. A acumulação útil será de 65.000 metros cúbicos, volume suficiente para a regularização da descarga. O canal adutor terá um comprimento de 45 metros e uma descarga máxima de 790 metros cúbicos por minuto, que corresponde a vasão de plena carga da turbina de 2.000 cavalos, trabalhando sob a queda média de 25 metros. A futura usina gerará 1.650 kVA.
Santa Rosa é uma cidade de enormes possibilidades econômicas. Com energia elétrica em abundância, terá capacidade para uma exploração racional de suas riquezas. A população total do município alcança a 120.000 habitantes.
6ª parte:
A usina hidroelétrica de Pirapó está instalada ao pé da queda do mesmo nome, no Rio Ijuí, município de São Luiz Gonzaga. Achando-se já esgotada a capacidade da usina existente, construída e explorada pela municipalidade de São Luiz, a Comissão Estadual de Energia Elétrica tomou a si a incumbência de ampliar aquelas instalações com o fim de reforçar o suprimento de energia elétrica à cidade de São Luiz e vários distritos do município.
As águas do rio são desviadas para um canal adutor com 100 metros de comprimento. Na antiga usina era explorado somente cerca de um terço do potencial hidráulico do Pirapó. O projeto de ampliação constitui essencialmente no aumento do prédio da usina, para instalação do novo grupo hidroelétrico, ligação da turbina com a câmara de carga, e alargamento do respectivo canal de fuga, visto que as demais obras, como tomada d'água, canal adutor e câmera de carga, já haviam sido construídas prevendo um futuro acréscimo na capacidade geradora da usina.
A cidade de São Luiz Gonzaga, localizada na região das Missões, tem uma população de 9.000 habitantes. O município tem uma sólida economia assentada na pecuária, agricultura e indústria, esta com 400 estabelecimentos.
Ainda dentro da região chamada Colônia Nova, no Rio Ijuizinho, a Comissão Estadual de Energia Elétrica construiu uma usina pertencente ao grupo das 10 pequenas hidroelétricas da primeira etapa do Plano de Eletrificação do Estado.
Situada 21 quilômetros ao sul da cidade de Santo Ângelo, servirá diversas cidades da região, pois será interligada com o sistema de transmissão das usinas de Ijuí, Pirapó, Guarita e Santa Rosa. A barragem, do tipo gravidade, construída em concreto ciclópico, possui um vertedouro com 130 metros de comprimento e perfil de lâmina aderente com três metros e 10 de altura. A capacidade de acumulação útil desta barragem é de 56.000 metros cúbicos, volume suficiente para um regímen de carga normal.
A tomada d'água, de secção retangular, está situada à margem direita do rio. Daí parte a tubulação adutora de baixa pressão em combinação com um canal aberto. O condutor adutor, com 480 metros de comprimento e dois de diâmetro, foi confeccionado com chapas de aço doce, soldadas eletricamente entre si. O final da adução foi realizado em canal aberto, aproveitando um corte de certo vulto com finalidade de encurtar o percurso.
O trecho final de adução aberta tem maior largura, pois desempenha o papel de câmara de carga donde parte o conduto forçado que alimenta a turbina.
Mostramos aqui algumas fases da montagem da subestação elevadora, construída ao lado do prédio onde se acham instaladas as máquinas.
Esta usina foi inaugurada em janeiro de 1951, entrando logo a servir as cidades alcançadas por suas linhas. A turbina, do tipo Francis, eixo horizontal, e rotor de ferro fundido especial, tem uma potência de 1.500 HP e está diretamente acoplada a um gerador de 1.250 kVA.
A subestação transformadora eleva a voltagem de 2.400 volts do alternador para 22.000.
A cidade de Santo Ângelo, sede do município onde se acha instalada a usina do Ijuizinho, tem uma população de 12.000 habitantes. A importante economia do município divide-se entre pecuária, agricultura e indústria.
Sua indústria, possuindo 328 estabelecimentos fabris, com um valor de produção de 98 milhões de cruzeiros, terá, na energia fornecida por Ijuizinho, uma força impulsionadora para seu desenvolvimento.
A cidade de Ijuí, grande centro econômico do estado, com uma população de 9.000 habitantes, é também servida pela usina de Ijuizinho.
No município de Júlio de Castilhos, no Rio Ivaí, a 20 quilômetros da confluência deste com o Rio Jacuí, está sendo construída uma das 10 usinas secundárias, constantes da primeira etapa do Plano de Eletrificação. A queda que se aproveita, constitui um acidente de rara beleza, pela súbita violência com que se precipitam as águas num perau de 22 metros de altura.
A barragem de captação, situada a poucos metros do montante da queda, é do tipo gravidade em concreto ciclópico, com vertedouro de lâmina aderente que ocupa, praticamente, toda a largura do rio que neste ponto alcança a 120 metros. A acumulação útil realizada pela barragem é de 38.000 metros cúbicos.
Por achar-se sujeita a influência das enchentes, a primeira parte da adução foi feita em canal aberto, parcialmente escavado na rocha, na margem direita. Sua secção é retangular, com dois metros de largura e 2,30 de profundidade, e o muro do lado do rio, desenvolvido em forma de vertedouro. Em virtude da desvantagem econômica em prolongar o canal aberto, foi este terminado numa câmara de carga, donde parte a tubulação adutora de baixa pressão, com um metro e 50 de diâmetro e 130 de comprimento.
A chaminé de equilíbrio tem um diâmetro de 4 metros e uma altura de 7. Daí parte em direção à usina, o conduto forçado com um diâmetro de 1 metro e 20 e um comprimento de 34 metros.
O grupo hidroelétrico é composto de uma turbina tipo Francis, com uma potência de 1.000 HP, acoplada a um gerador de 830 kVA e uma tensão de 2.400 volts. A finalidade principal desta usina é o fornecimento de energia para a grande central hidroelétrica do Rio Jacuí, projetada pela Comissão Estadual de Energia Elétrica.
7ª parte:
Algum tempo após as filmagens anteriores, encontramos, já concluídos, todos os trabalhos de construção e instalação da usina do Rio Ivaí.
O grupo é operado e controlado por um quadro de comando de construção fechada, uma parte da qual, comanda, também as chaves automáticas a óleo. Da estação elevadora, construída ao lado da central, partem duas linhas de transmissão de 22 kilowatts: uma em direção das obras da central do Jacuí e a outra com destino às cidades de Tupanciretã e Júlio de Castilhos.
Na cidade de Júlio de Castilhos, localizada no planalto médio do Rio Grande do Sul, a linha chega à subestação onde a voltagem é baixada de 22.000 para 220 volts.
A população do município de Júlio de Castilhos alcança a 25.000 habitantes e sua economia divide-se na agricultura, pecuária e indústria, com 120 estabelecimentos fabris, com um total de produção de 69 milhões de cruzeiros.
Outra derivação da linha de 22 kilowatts que parte da usina do Ivaí, chega à subestação de Tupanciretã, que distribui energia para a cidade e seus arredores. A sede conta com um número de habitantes superior a 5.000 e o município tem na pecuária sua grande riqueza.
Um frigorífico de grandes proporções foi instalado pelo Instituto de Carnes, onde é industrializada parte da produção do município. Este frigorífico, um dos maiores do estado, representa um grande impulso na economia de Tupanciretã. Suas modernas instalações de produção de energia, serão provavelmente interligadas com as da usina do Ivaí.
No Rio Jacuí, município de Passo Fundo, está sendo construída uma barragem de acumulação no lugar denominado Ernestina.
Esta barragem alimentará uma usina de 5.600 HP e servirá para a regularização da descarga do Rio Jacuí, sendo a água novamente acumulada 100 quilômetros a jusante, para o aproveitamento na grande central do Salto Grande.
A construção está a cargo do Departamento Nacional de Obras e Saneamento como parte do auxílio federal às obras de eletrificação do estado. A barragem, construída em concreto protendido, terá um desenvolvimento de 387 metros e uma altura de 13, formando uma bacia de acumulação de 250 milhões de metros cúbicos de água.
Todas as usinas construídas e em construção na Colônia Nova constituem as obras preparatórias do grande sistema que será alimentado pela central do Jacuí, no Salto Grande. Neste local foram já iniciadas as obras da barragem e do túnel que a Comissão Estadual de Energia Elétrica projetou e o Departamento Nacional de Obras e Saneamento está construindo, financiado pelo governo federal, dando assim sua valiosa colaboração ao governo do estado, na execução do Plano de Eletrificação.
A barragem de Ernestina acumulará 250 milhões de metros cúbicos. Sua descarga regularizará o Rio Jacuí para o aproveitamento no Salto Grande. Aí será construída uma barragem de 350 metros de comprimento e 15 de altura que acumulará 10 milhões de metros cúbicos. As águas represadas serão desviadas por um túnel de 9 metros de diâmetro e 1.244 de comprimento, aproveitando um desnível de 92 metros. A montagem dos geradores está dividida em 6 etapas de 35.000 HP cada, perfazendo um total de 210.000 cavalos.
Uma vez concluídas todas as hidroelétricas da Colônia Nova, e montadas as seis etapas que formam a Central do Salto Grande, teremos um total de 227.000 cavalos.
A região denominada da fronteira é formada por 18 municípios, 10 dos quais fazem a fronteira Brasil-Argentina e Brasil-Uruguai.
Esta região, quase que exclusivamente pastoril, encerra 44 por cento do rebanho bovino e 78 por cento do rebanho ovino do Rio Grande do Sul. Para as lides pastoris, são necessárias grandes extensões de campo, e reduzida força de trabalho, razão pela qual a zona da fronteira representa quase que a terça parte do território do estado e abriga menos que a sétima parte de sua população. A pecuária entretanto, concentra nesta região rebanhos que se estimam em três bilhões de cruzeiros.
Uruguaiana, na fronteira Brasil-Argentina, é uma cidade moderna e bem traçada, que abriga uma população de 26.000 pessoas.
Uma ponte sobre o Rio Uruguai liga esta a cidade argentina de Paso de los Libres.
Livramento é, por sua posição geográfica, uma das mais pitorescas cidades do Brasil. Forma, com a cidade uruguaia de Rivera, uma só, separadas por uma linha imaginária que faz a fronteira Brasil-Uruguai.
A cidade de Bagé, grande centro pecuário do estado, acha-se nas proximidades da fronteira do Brasil com o Uruguai. Sua população atinge a 40.000 habitantes, baseando-se, sua economia, além da pecuária, na agricultura, em fase de grande desenvolvimento. Bagé, com Uruguaiana e Livramento, formam as três maiores cidades da região fronteira.
Possui ainda a região da fronteira uma vasta zona carbonífera que oferece grandes possibilidades econômicas. Para o aproveitamento desta riqueza o governo federal, por intermédio do Departamento Nacional de Estradas de Ferro, construirá, no lugar denominado Candiota, município de Bagé, uma usina termoelétrica com uma potência de 20.000 kilowatts. Esta central fornecerá energia para a eletrificação ferroviária da zona sul do estado, e suprirá as principais cidades desta região. Competirá à Comissão Estadual de Energia Elétrica a operação da referida central e construção das linhas de transmissão, subestações e redes de distribuição. A eletrificação ferroviária será financiada pelo governo federal e operada pela Viação Férrea do Rio Grande do Sul.
A região denominada central abrange cerca de 19 municípios, predominando neles a agricultura, e, em especial, a lavoura rizícola de alta capitalização, que se desenvolveu, principalmente, pela facilidade de obtenção de água dos rios Jacuí, Camaquã e seus afluentes e também da Lagoa dos Patos. Existem nestas zonas cerca de 850 bombas de irrigação, movidas a óleo cru e à lenha, de manutenção dispendiosa. A eletrificação desta região possibilitará a instalação de bombas elétricas, o que barateará a cultura do arroz, permitindo também, o aproveitamento de áreas maiores. O total de produção de arroz no ano de 1949, foi de 315.000 toneladas, num valor aproximado de 430 milhões de cruzeiros. Além da produção rizícola, existem ainda apreciáveis plantações de trigo e linho, aliando-se, ao desenvolvimento agrícola, a exploração pecuária em grande escala.
Pelotas, a segunda cidade do estado em população, figura como principal centro da chamada Região Central. Seus habitantes se elevam a 80.000 e suas características urbanas são as de uma cidade moderna e progressista. É servida de energia elétrica pela Light and Power Sindicate, tendo a Comissão em caráter de emergência, instalado um grupo diesel de 1.200 HP, que servirá a cidade até a conclusão das obras definitivas que serão por ela construídas.
Pelotas é o maior centro fabril da região, com 735 estabelecimentos, ocupando cerca de 9.000 operários, num valor anual de produção de 720 milhões de cruzeiros.
8ª parte:
Rio Grande, único porto marítimo no estado, desempenha importante papel na economia do Rio Grande do Sul, como ponto de escoamento de parte da produção gaúcha. A cidade tem uma população de 60.000 habitantes.
Destaca-se também Rio Grande como centro industrial, possuindo vários frigoríficos instalados, uma refinaria de petróleo e uma série de outras indústrias, perfazendo um total de 508 estabelecimentos, ocupando cerca de 8.000 operários. O valor desta produção industrial alcança a 680 milhões de cruzeiros.
Para a eletrificação desta região, a Comissão construirá uma usina hidroelétrica no Rio Camaquã, com a potência de 62.000 HP. A barragem, com um comprimento de 170 metros e 60 de altura, formará uma bacia de acumulação de três bilhões de metros cúbicos de água.
A potência instalada no Rio Grande do Sul, em serviço de utilidade pública, é de 80.000 kilowatts/hora, com uma produção anual de 250 milhões de kilowatts/hora, correspondentes a uma potência instalada de 20 watts por habitante. Esta situação que tolhia o desenvolvimento do estado, está sendo removida com o aproveitamento dos potenciais hidro e termoelétricos, de acordo com o Plano de Eletrificação. A potência da primeira etapa é de 39.420 kilowatts, que somados aos da segunda etapa, 119.200 perfazem o total de 158.620, que corresponde a um acréscimo de 12 watts por pessoa.
Tem-se verificado nos últimos anos no Rio Grande do Sul, acentuado progresso em todos os setores de atividades. A energia elétrica, racionalmente distribuída, contribuirá para que este progresso cada vez mais se acentue e que o Rio Grande cada vez mais se projete no panorama nacional.
O que quer que sejam amanhã estas crianças que hoje frequentam as escolas, elas hão de receber os benefícios inestimáveis da eletricidade que o Rio Grande do Sul vem desenvolvendo através de um grande plano. Se engenheiros, viverão numa terra de mais recursos para os altos empreendimentos materiais; se educadores, encontrarão populações de mais elevados níveis econômicos e culturais; se operários, terão um parque industrial moderno para aí aplicarem suas tendências e aperfeiçoarem a sua especialidade; se estadistas, governarão um povo mais sadio, mais rico e mais feliz.
Os povos são grandes ou pequenos, econômicos e socialmente considerados, segundo dispõem de grandes ou pequenos potenciais elétricos utilizados. Multiplicar a produção de kilowatts/hora equivale a multiplicar a própria pátria, fazendo-a mais forte, mais rica, mais produtiva e mais feliz.
FIM
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Ficha técnica
IDENTIDADES
1ª parte: Ernesto Dornelles (general, segundo mandato governador RS entre 31 jan 1951 e 25 mar 1955, co-ligação PTB/PSP, eleito em 3 out 1950), Noé de Freitas (engenheiro chefe da Comissão Estadual de Energia Elétrica), Mario Lannes da Cunha (assistente administrativo), Dietrich Kulmann (assistente técnico).
Narração: Guilherme Sibemberg.
DIREÇÃO
Direção (não creditados): Fleury Bianchi, Derly J. Martinez, provavelmente.
PRODUÇÃO
Produção: Italo Majeroni Leopoldis.
FOTOGRAFIA
Operação de câmera: Fleury Bianchi, Derly J. Martinez.
MÚSICAS
Músicas (não creditadas):
Overture por Benvenuto Celine
Petruchka
Peer Gynt
FINALIZAÇÃO
Som: Erni Peixoto.
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
Gravação do som: Leopoldis-Som.
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
Companhia produtora: Leopoldis-Som Produtora Cinematográfica Brasileira (Porto Alegre).
Cliente: Comissão Estadual de Energia Elétrica.
FILMAGENS
Brasil / RS, em Porto Alegre; São Jerônimo; Rio Jacuí; Usina do Passo do Inferno no município de São Francisco de Paula; Barragem da Toca no Rio Santa Cruz; São Francisco de Paula; Taquara; Canela; Caxias do Sul; São Leopoldo; Novo Hamburgo; Usina do Herval; Barragem de Bom Jesus; Usina dos Touros; Rio Saltinho no município de Vacaria; Cascata dos Micos; Vacaria; Antônio Prado; Veranópolis; Nova Prata; Barragem do Salto; Erechim; Marcelino Ramos; Rio Capingui; Passo Fundo;
ASPECTOS TÉCNICOS
Duração: 80 min
Metragem: 2.200 metros
Número de rolos: 8 rolos
Som:
Imagem: pb
Proporção de tela:
Formato de captação: 35 mm
Formatos de exibição: 35 mm
OBSERVAÇÕES
CI: // Plano de Eletrificação do Rio Grande do Sul // Comissão Estadual de Energia Elétrica // Documentário n.2 editado em 1951 // Cinegrafia: Fleury Bianchi, Derly Martinez // Locução: G. Sibemberg. Som: Erní Peixoto // Gravação: Leopoldis-Som //
Segunda parte: 9 min, 261 metros; quarta parte: 10 min, 287 metros.
Títulos alternativos: Plano de Eletrificação do Estado n.2