Homenageados

 

Paulo Amorim
Tupanciretã, RS, Brasil, 21 de março de 1930.
Porto Alegre, RS, Brasil, 12 de janeiro de 1986.

Jornalista e advogado, Joaquim Paulo de Almeida Amorim trabalhou nos jornais Zero Hora e Correio do Povo, onde permaneceu até o fim de sua carreira. Em 1964, passou a dirigir a Divisão de Cultura da hoje extinta Secretaria de Educação e Cultura (SEC) do Rio Grande do Sul. Foi o primeiro subsecretário de Cultura do Estado, entre 1975 e 1979, respondendo pelo Departamento de Assuntos Culturais da SEC. De 1983 a 1986, exerce pela segunda vez o cargo de subsecretário de Cultura. A reconstrução do Theatro São Pedro foi encaminhada durante sua gestão, assim como a criação do Museu Antropológico e a abertura do Salão Mourisco da Biblioteca Pública do Estado para concertos e recitais. Paulo Amorim também criou uma coordenadoria específica para o Patrimônio Histórico e Cultural do Estado e promoveu espetáculos abertos ao público, por meio de projetos como Música ao Meio-Dia, Música nos Bairros e O Choro é Livre. Em 1986, recebeu da Câmara Municipal o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Homenageado postumamente em 11 de abril de 1986 com uma placa de bronze no saguão do Palácio dos Festivais "pelo incentivo ao Festival de Gramado".

                                     


Eduardo Hirtz
Duisburg, Nordrhein-Westfalen, Deutschland [Alemanha], 7 de abril de 1878.
Porto Alegre, RS, Brasil, 23 de fevereiro de 1951.

                                                           
Francisco Hirtz e Eduardo Hirtz da firma Hirtz & Irmão, casa fundada em 1897 em Porto Alegre, especializada em litografia. Esta foi a principal atividade da família. Mantiveram estabelecimentos no Centro às ruas Andrade Neves (desde 1905 ou antes até 1919), São Raphael (1911-1919) e Conceição (1919-1930), e no bairro Floresta à Rua Almirante Barroso (1931-1936).

                                          

Eduardo envolve-se com distribuição e exibição de filmes quando torna-se sócio do Recreio Ideal entre agosto de 1908 e outubro de 1910. Depois faz parte da construção de três salas: Coliseu (1910), Theatro Apollo (1914) e Theatro Thalia (1917), sendo esta última um projeto só seu.
Ele filma títulos como Recepção ao senador Pinheiro Machado (1909), Procissão dos Navegantes (1909) ou Festa das Árvores no Menino Deus (em Porto Alegre) (1909).
Eduardo Hirtz é o produtor e diretor de O Ranchinho do sertão (1909), considerado o primeiro filme de ficção do Rio Grande do Sul. O curta, com o célebre Carlos Cavaco, baseado no poema "Aquele ranchinho" ou "Ranchinho de palha", de Lobo da Costa, é exibido no Recreio Ideal em 27 e 28 de março de 1909, sábado e domingo, o que determinou a escolha do Dia do Cinema Gaúcho.
Todo o restante de sua produção é de atualidades ou institucionais.
Dois filmes estão preservados:
Cerimônias e festa da igreja em S. Maria – Estado R. G. do S. (1910) [filmagens em 5 dez 1909] [fragmento]
Passeio da S. Recreio Juvenil em 8 de dezembro 1912 Porto Alegre (1912)

Os fragmentos de Cerimônias são dos mais antigos preservados do cinema brasileiro.

                                                 

  

  
"sagração da nova matriz (...) teve lugar no domingo [5 de dezembro de 1909, em Santa Maria] começando a cerimônia às 8 horas da manhã". (A Tribuna, Santa Maria, 8 dez 1909). Hirtz registra a saída de dom Claudio José Gonçalves Ponce de Leão (bispo de São Pedro do Rio Grande, apontado em 26 jun 1890, depois 1º arcebispo da arquidiocese de Porto Alegre, apontado em 15 ago 1910, até sua renúncia em 9 jan 1912); atrás dele, à direita, está dom Caetano Pagliuca.
Fotografia fotogramas título: G. Póvoas. Fotogramas: Arquivo Leopoldis-Som-Museu do Trabalho-RBS TV + Cinemateca Brasileira.


Norberto Lubisco
Porto Alegre, RS, Brasil, 18 de fevereiro de 1947.
Porto Alegre, RS, Brasil, 2 de agosto de 1993.

O diretor de fotografia Norberto Lubisco tem a sua marca na produção cinematográfica gaúcha durante quatro décadas. Seu primeiro trabalho é com o diretor Antonio Carlos Textor com quem vai firmar uma longeva parceria somando pelo menos 14 curtas. Analisar a obra de Textor é perceber também o olhar de Lubisco na escolha de enquadramentos, posição da câmera, iluminação. Desta geração ele ainda trabalha muito com Alpheu Ney Godinho e Sérgio Silva. É Sérgio o responsável pela sua única incursão no longa-metragem, com Heimweh / Nostalgia (Sérgio Silva, Tuio Becker, 1990).
Nos anos 1980 é abraçado pelos principais nomes do super-8 que revolucionavam o cinema gaúcho: Nelson Nadotti, Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil – com quem filma três curtas.
Outros diretores também queriam por perto o seu grande conhecimento técnico e cultural de cinema: Fernando Mantelli, Beto Rodrigues e Renato Falcão. Este último promove o encontro com outro mestre da luz – Iberê Camargo – em Presságio (1993). "Poucas vezes, como neste curta, o clima crepuscular e noturno de Porto Alegre foi fotografado com tanta maestria, ressaltando a adequação do cenário arquitetônico do passado com o contexto dramático de uma história ancorada no presente", escreveu Tuio Becker (Zero Hora, Porto Alegre, 4 set 1993).
Embora conste em diversas fontes que Lubisco foi premiado com melhor fotografia por Urbano no Festival de Gramado de 1983, esta informação não procede. O filme de Textor é premiado como melhor curta gaúcho e recebe uma menção especial para o ator David Camargo.
Duas vezes ganha como melhor fotografia o Prêmio Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul da Mostra Gaúcha que acontece no Festival de Cinema de Gramado: em 1985 por Carrossel, Madame Cartô e Ano novo, vida nova; e postumamente em 1993 por Presságio. Norberto Lubisco faleceu poucos dias antes do início daquele festival, aos 46 anos.

Filmografia – direção de fotografia

1966: A Última estrela (Antonio Carlos Textor, 16 mm, 10 min, pb)
1966: O Gesto essencial (Antonio Carlos Textor, 16 mm, 12 min, pb)
1967: Uma Sensação de frio surpreendente (Antonio Carlos Textor, 16 mm, 8 min, pb)
1968: O Mosca (Nelson Canabarro, 16 mm, curta, pb)
1968: Os Bondes (Luiz Carlos Pighini, 8 mm, curta)
1968?: A Conquista de um espaço (Luiz Maciorowski, curta)
1969: Hoje, o susto eletrônico (Alpheu Godinho, 16 mm, 2 min, pb)
1969: Bom dia, você está mudando (Antonio Carlos Textor, 16 mm, 2 min, pb)

1970: A Cidade e o tempo (Antonio Carlos Textor, 35 mm, 10 min, cor)
1970?: Scorpio (Sérgio Silva, 16 mm, 30 min, pb)
1970?: Teoria um (Sérgio Silva, 16 mm, 5 min, cor)
1972: Não tem sentido (Alpheu Godinho, 16 mm, 10 min, pb)
1973: Cirurgia restauradora de mamas (Alpheu Godinho, 16 mm, curta, cor)
1974: A Colonização alemã no Rio Grande do Sul (Antonio Carlos Textor, 35 mm, 27 min, cor)
1975: A Senhora do rio (Antonio Carlos Textor, 35 mm, 10 min, cor)
1975: As Colônias italianas do Rio Grande do Sul (Antonio Carlos Textor, 35 mm, 22 min, cor)
1976-1977: Estudos rio-grandenses [35/35]. BR, doc, série. [16 mm] Exibição: TVE RS.
1979: Bento, farrapo, farroupilha (Rubens Bender, 35 mm, 10 min, pb)

1982: No amor (Nelson Nadotti, 35 mm, 11 min, pb)
1983: Interlúdio (Carlos Gerbase, Giba Assis Brasil, 35 mm, 8 min, pb)
1983: Urbano (Antonio Carlos Textor, 35 mm, 7 min, pb-cor)
1984: Grafite (Antonio Carlos Textor, 35 mm, 8 min, cor)
1985: Madame Cartô (Nelson Nadotti, 35 mm, 12 min, pb) [codireção de fotografia: Helio Alvarez]
1985: Ano novo, vida nova (Alpheu Godinho, 35 mm, 15 min, cor)
1985: Carrossel (Antonio Carlos Textor, 35 mm, 9 min, cor) [também montagem com Textor]
1988: Crônica de um rio (Antonio Carlos Textor, 35 mm, 10 min, cor)
1989: Um Distante tempo de amar (Antonio Carlos Textor, Marco Antônio Freitas, 35 mm, 10 min, cor)

1990: Festa de casamento (Sérgio Silva, 35 mm, 12 min, cor)
1990: Heimweh / Nostalgia (Sérgio Silva, Tuio Becker, 16 mm, 91 min, cor)
1991: Cine revista (Antonio Carlos Textor, 35 mm, 5 min, cor)
1992: As Flores do mal (Fernando Mantelli, 16 mm, 12 min, cor)
1992: Amigo Lupi (Beto Rodrigues, 16 mm, 17 min, cor)
1993: Presságio (Renato Falcão, 35 mm, 14 min, cor)
1993: O Zeppelin passou por aqui (1934-Allegro Vivace) (Sérgio Silva, 35 mm, 18 min, cor)

BIBLIOGRAFIA
CAVACO, Carlos. Caminhos do meu destino (memórias). Rio de Janeiro-São Paulo: Livraria Freitas Bastos S. A., 1960. 118p. il. Trecho "Festival do cinema" (p.56-59), sobre a participação do autor em O Ranchinho do sertão.
CAGGIANI, Ivo. Carlos Cavaco – A vida quixotesca do tribuno popular de Porto Alegre. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1986. 187p. il. Capítulo "O iniciador do cinema brasileiro", p.57-61, sobre participação de Carlos Cavaco no filme O Ranchinho do sertão, de Eduardo Hirtz. O autor fala em Ranchinho de palha, que é o nome do livro de Lobo da Costa, em que o filme foi baseado. Fotos de E. Hirtz e do Estabelecimento Graphico, dos irmãos Hirtz.
PFEIL, Antonio Jesus. Eduardo Hirtz: um pioneiro do cinema gaúcho. Correio do Povo, Porto Alegre, 10 mar 1974.
PFEIL, Antonio Jesus. Eduardo Hirtz, o pioneiro. Filme Cultura, Rio de Janeiro, mar 1974, p.30-32, ano VIII, n.25.
PFEIL, Antonio Jesus. As últimas imagens de Eduardo Hirtz. Correio do Povo, Porto Alegre, 16 jul 1983, Letras & Livros, p.11.
PFEIL, Antonio Jesus. Alemães e colônias alemãs no cinema gaúcho. IN: FISCHER, Luís Augusto; GERTZ, René E. (coord). Nós, os teutos-gaúchos. Porto Alegre: Ed. da Universidade-UFRGS, 1996, p.116-125.
PÓVOAS, Glênio. Histórias do cinema gaúcho: propostas de indexação 1904-1954. Porto Alegre: PUCRS, 2005, tese de doutorado.
DUTRA, Tatiana Py. Um tesouro cinematográfico – Mais antigo filme gaúcho, rodado em Santa Maria, foi achado em Porto Alegre. Diário de Santa Maria, Santa Maria, 9 abr 2008, ano 6, n.1.808, Diário 2, p.3.
PÓVOAS, Glênio. Registros de uma relíquia – Imagens em movimento mais antigas do Estado foram filmadas em Santa Maria há quase cem anos. Diário de Santa Maria, Santa Maria, 12 abr 2008, Mix, p.14-15.
PÓVOAS, Glênio. A descoberta das mais antigas imagens gaúchas em movimento. CineSemana, Porto Alegre, 25 abr 2008, p.2, ano 2, n.26.
PFEIL, Antonio Jesus. Ranchinho do sertão: uma data significativa. Vox XXI, Porto Alegre, abr 2012, p.43-47, ano 2, n.17.
CHAVES, Ricardo; ROSA, Renato (colaboração). Almanaque Gaúcho: O iniciador destemeroso, Hirtz. Zero Hora, Porto Alegre, 8 abr 2013, p.30. Fotos: Acervo Rejane Hirtz Trein.
CHAVES, Ricardo; TREIN, Rejane Hirtz (colaboração). Almanaque Gaúcho: O cinema era o espetáculo. Zero Hora, Porto Alegre, 10 jun 2013, p.38. Fotos: Acervo Rejane Hirtz Trein.
TRUSZ, Alice Dubina. A produção cinematográfica no Rio Grande do Sul (1896-1915). In: RAMOS, Fernão Pessoa; SCHVARZMAN, Sheila (org). Nova história do cinema brasileiro: volume 1. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018, p.52-89.

BECKER, Tuio. Zero Hora, Porto Alegre, 4 set 1993.
SILVA NETO, Antonio Leão da. Dicionário de fotógrafos do cinema brasileiro. São Paulo: Imprensa Oficial, 2010. 156p. (Coleção Aplauso Especial) [verbete Lubisco, p.88.]

Pesquisa e textos sobre Hirtz e Lubisco por Glênio Póvoas.